Mostrando postagens com marcador joaquim inácio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador joaquim inácio. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 30 de junho de 2022

Os Sanvincentinos na Grande Guerra

 Joaquim Inácio 

 

Joaquim Inácio nasceu em São Vicente da Beira, no dia 14 de setembro de 1895. Era filho de Joaquim Inácio, jornaleiro, e Mariana dos Santos.

Fazendo parte do CEP, embarcou para França no dia 21 de janeiro de 1917, integrando a 1.ª Companhia do 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, como soldado com o n.º 467 e a placa de identidade n.º 48920.

Do seu Boletim Individual constam as seguintes ocorrências:

a)    Baixa ao hospital a 14 de Julho de 1917; alta em 24 do mesmo mês.

b)    Punido em sete de agosto de 1917, com dois dias de detenção, por se ter ausentado da instrução, no dia 6 de agosto, sem autorização.

c)    Punido com dez dias de detenção, por ter faltado sem motivo justificado às refeições de 12 de janeiro de 1919, apresentando-se algumas horas depois.

d)    Baixa ao hospital no dia 18 de fevereiro de 1919 e alta em 28 do mesmo mês.

e)    Embarcou de regresso a Portugal, no dia 6 de março de 1919, a bordo do vapor inglês Helenus.




Condecorações: Não foi possível consultar a folha de matrícula de Joaquim Inácio, nem no Arquivo Geral do Exército nem no Arquivo Histórico da G.N.R., pelo que não tivemos acesso a esta informação.

Joaquim Inácio casou em Lisboa com Gracinda Gomes, de Couto do Mosteiro, Santa Comba Dão, no dia 19 de Novembro de 1921. Sabe-se que tiveram filhos, mas já ninguém recorda os seus nomes.

Depois de regressar de França, ingressou na GNR e esteve colocado em vários quartéis de Lisboa. Um deles terá sido o do Carmo, onde, dizem, alguns conterrâneos o procuravam para lhe dar um abraço ou pedir ajuda quando precisavam.

Conta o senhor José da Silva (Zé Marau) que um dia, ainda rapaz novo, foi a Lisboa e passou pelo Palácio de São Bento onde vivia o Salazar. Devem tê-lo confundido com outra pessoa, porque mal parou para olhar para aqueles jardins tão bonitos, veio um polícia que o agarrou e levou preso para o quartel do Carmo. Quando lá chegaram, encarou logo com o conterrâneo que, depois de um grande abraço, pegou nele e foram os dois beber um copo numa taberna que havia ali ao pé.

Joaquim Inácio voltava à terra sempre que podia, e as Festas de Verão e a Senhora da Orada não se faziam sem ele. Parece que a mulher e as filhas poucas vezes o acompanhavam, mas a guitarra trazia-a sempre consigo. Era uma alegria quando se juntava com os amigos e corriam as ruas da Vila a tocar e a cantar. Só paravam à porta das tabernas, para molhar a garganta. E na Senhora da Orada, depois de comerem a merenda, punha a família toda a dançar.



Os irmãos tinham um grande orgulho nele e disputavam entre si quem é que lhe dava de comer e de dormir, sempre que vinha à terra. Apesar de serem todos muito pobres, esmeravam-se nos mimos, cedendo-lhe a enxerga mais macia e pondo-lhe na mesa o que de melhor tinham em casa. Conta-se que um ano coube a um dos irmãos mais pobres recebê-lo. Como não tinham roupa de cama à altura do que pensavam que ele merecia, foram pedir a outra das irmãs os lençóis do casamento para lhe fazerem a cama. Dizem que ficou tão bonita que até parecia um altar!

Joaquim Inácio faleceu no dia 19 de Maio de 1961. Tinha 65 anos. Dizem que nesse ano ninguém da família foi à Senhora da Orada…


Maria Libânia Ferreira

Do livro: Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra