José Marques Neto
José Marques Neto nasceu em São
Vicente da Beira, no dia 14 de agosto de 1892. Era filho de António Marques e
Maria Neta, proprietários.
Assentou praça no dia 12 de julho
de 1912 e foi incorporado no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, em 14
de janeiro de 1913. De acordo com a sua folha de matrícula, sabia ler e
escrever corretamente na altura da incorporação e tinha a profissão de
ferrador. Completou a recruta em 3 de abril e regressou a São Vicente da Beira.
Foi mobilizado para a guerra e apresentou-se
novamente, em 5 de maio de 1916, para integrar o CEP. Embarcou para França no
dia 20 de janeiro de 1917. Fazia parte do Comboio Automóvel, 3.ª Secção, do
Regimento de Infantaria 21, com o posto de soldado, com número 143 e a placa de
identidade n.º 19703 (alterada posteriormente para 20483). Foi colocado no 1.º
Grupo Automóvel com as funções de motorista.
Do seu boletim individual consta o
seguinte:
a) Castigado pelo comandante
da companhia, com 5 dias de prisão disciplinar, em julho de 1917, por ter
discutido com um camarada, tendo-o insultado com palavras obscenas e atirado
com um martelo que ia atingindo um militar do mesmo escalão;
b) Seguiu em diligência para
a direção do comboio, em 7 de agosto de 1917;
c) Colocado no 1.º Grupo
Automóvel (1.º escalão), em 2 de abril de 1918, onde ficou com o número 212;
d) Regressou a Portugal, no dia dois de maio de
1918.
Passou à reserva ativa no dia 11
de abril de 1928 e à reserva territorial em 31 de dezembro de 1933.
Família:
Após ter regressado à terra, José
Marques casou com Maria do Nascimento Ferreira, também natural de São Vicente
da Beira, no dia 15 de setembro de 1920, e tiveram dois filhos:
1.
José Maria Marques Neto que casou com Maria Rosa Sousa e tiveram 1
filha;
2.
António Marques que casou com Maria Alice Lourenço e tiveram 2 filhas.
Antes de partir para França, José
Marques tinha a profissão de ferreiro. Terá depois trabalhado também como
carpinteiro e agricultor, inicialmente na Casa Visconde de Tinalhas e depois nas
terras que foi adquirindo e herdou dos pais. Foi produtor e negociante de azeite
e, durante algum tempo, empreiteiro de obras públicas. Em sociedade com o irmão
António Neto, terá sido responsável pela construção do troço da Estrada Nova, entre
a Oriana e o Bairro de São Francisco.
Foi mesário da Santa Casa da
Misericórdia de São Vicente, exercendo os cargos de secretário e tesoureiro em
vários mandatos.
Após a morte da esposa, em 1973, José Marques ainda permaneceu alguns anos em São Vicente, mas, já mais idoso, foi morar para o Fundão, onde viveu com a família do filho António. Foi lá que faleceu no dia 9 de maio de 1994. Tinha quase 102 anos.
(Pesquisa feita com a colaboração
da neta Filomena Maria Marques)
Maria Libânia Ferreira
Do livro: Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra