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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Projecto NINHO



É um projecto de Miguel Carvalhinho, um músico desta nossa Beira, a residir no Ninho do Açor.
O CD já está à venda e o espectáculo é amanhã, 23 de Janeiro, às 21.30h, no Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco.
Os músicos que produziram o CD e vão estar em palco são da Escola Superior de Artes de Castelo Branco.

O Jornal do Fundão (07/01/2010) entrevistou Miguel Carvalhinho:

«Como a nossa linha de investigação prevê a comparação e a interacção entre os povos, perceber o que se passou em termos de música ao longo dos tempos, decidimos trabalhar em oito povoações da Gardunha, para tentar saber até que ponto existem músicas comuns ou não. Trabalhei assim em Alpedrinha, Soalheira, Castelo Novo, Casal da Serra, Louriçal do Campo, São Vicente da Beira, Souto da Casa e Alcongosta.»
E continua:
«Sabe-se que existiam músicas para determinados tipos de funções… cantava-se até para matar a fome. Por exemplo, músicas que tenham a ver com a Nossa Senhora da Serra ou das Necessidades ou da Orada, têm muito a ver com um cântico que se canta em todo o lado que é o Cântico da Aleluia, no sábado que antecede o domingo de Páscoa. Tinha acabado a penitência e o jejum.»

Os interessados em adquirir o CD (10 euros) devem fazê-lo através do endereço de correio electrónico: migcarva@gmail.com.

Ouçam o 1.º tema ("Viradinho ao Norte"), no Reconquista de hoje (22/01/2010) ou em www.myspace.com/ninhomusica

Ainda não conheço a versão da Senhora da Orada, das Necessidades ou da Serra que vem no CD, mas tem razão Miguel Carvalhinho.
Tentem cantar o poema que se segue, com a música de José Afonso, Oh! Que calma vai caindo, recolhida em Malpica do Tejo e publicada no album Contos Velhos, Rumos Novos, de 1969.
É a mesma música, cantada em duas povoações que distam entre si cerca de 60 quilómetros, com letras diferentes:

Ó que calma vai caindo
Ai, para quem anda no campo
Meu amor que por lá andas
Ai, enconsta-te o lírio branco

Abaixa-te ó serra alta
Ai, que eu quero ver a Lardosa
Quero ver o meu amor
Ai, que anda na folha da rosa

Abaixa-te o serra alta
Ai, que eu quero ver o Fundão
Quero ver o meu amor
Ai, que anda na ceifa do pão

ó Idanha, ó Idanha
Ó Idanha roubadora
Se tu nunca fosses Idanha
Ai, nunca o meu amor lá fora


Era um canto de trabalho, das mulheres que andavam na sacha do milho ou na ceifa do pão. Ainda se cantava nos campos da nossa terra, nos anos 70.
Recolha de Maria Isabel dos Santos Teodoro, trabalho manuscrito, Escola Secundária de Alcains, 1985