Mostrando postagens com marcador robles monteiro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador robles monteiro. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Vicentinos ilustres

 Felisberto Coelho Teles Jordão Robles Monteiro

VIDA E OBRA

- Nasceu em São Vicente da Beira, em 1888, sendo batizado com o nome de Felisberto.

- Era filho de Felisberto Coelho Teles Jordão Monteiro, secretário da Administração do Concelho e natural de São Pedro, Vila Real, e de Mariana Augusta Ribeiro Robles, natural de S. Vicente da Beira.

- Estudou no Seminário da Guarda, de onde saiu aconselhado pelo bispo a trocar o altar pelo palco.

- Frequentou o Curso Superior de Letras, como aluno voluntário.

- Casou, em 1920, com Amélia Schmidt Lafourcade Rey Colaço. O casal teve uma filha, também atriz: Mariana Dolores Rey Colaço Robles Monteiro (1922-2010).

- Fundou, com a esposa, a companhia “Rey Colaço-Robles Monteiro”, sediada no Teatro Nacional D. Maria II. Ela era uma atriz de exceção e ainda escolhia o reportório da companhia, distribuía as peças e montava os espetáculos; ele era ator, marcava as peças no palco, ensaiava e fazia o trabalho técnico e administrativo. Foi a companhia de teatro mais duradoura da Europa, 53 anos.

- Faleceu em Lisboa, no ano de 1958.

Rua Nicolau Veloso, onde se situa a casa da família Robles




Casamento de Robles Monteiro com Amélia Rey Colaço

José Teodoro Prata

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Felisberto Coelho Telles Jordão Monteiro



Felisberto Coelho Telles Jordão Monteiro não nasceu em São Vicente, mas terá vindo viver para cá ainda jovem, dizem que para substituir o pai, que tinha adoecido, no cargo de Secretário da Administração do Concelho (coisas das monarquias, que teimam em persistir na atualidade…).



Tinha vinte e um anos quando se casou com Mariana Augusta Ribeiro Robles, um pouco mais velha que ele, filha de Maria Rita Paulina e José Ribeiro Robles. Como os pais casaram algum tempo após o nascimento da filha, Mariana aparece como filha natural em todos os registos paroquiais. Curiosamente, apenas no registo de óbito é referido o nome do pai.
O casal teve muitos filhos, como era habitual naqueles tempos:
1.    Maria da Glória Robles Monteiro (1873) que casou com Manuel de Brito Coelho de Faria, Amanuense da Administração do Concelho de Castelo Branco. Também tiveram muitos filhos, alguns dos quais morreram ainda crianças;
2.    Maria Albertina Robles Monteiro (1875) que foi professora e morreu solteira. Dizem que tirou o curso por vontade do pai, que não se conformava por, em São Vicente, haver tanta gente analfabeta. A escola era numa sala da casa da família, na rua Nicolau Veloso. Contam que Maria Albertina era muito religiosa e que, sempre que o relógio dava as horas, mandava levantar os alunos e rezavam: Bendita seja a hora, bendito seja o dia, bendita seja a pureza da Virgem Maria. Tanto este relógio como a palmatória, que seria usada com alguma frequência, ainda estão guardados como verdadeiras relíquias;
3.    Felisberto Robles Monteiro (1878) que faleceu com pouco mais de um ano (um dado curioso é que a madrinha da criança foi a irmã Maria da Glória que, na altura, tinha cinco anos de idade);  
4.    Ângela Robles Monteiro (1880) que foi freira Doroteia e faleceu em Nápoles;
5.    Maria Amália Robles Monteiro (1883) que casou com José Gomes Barroso e também tiveram muitos filhos, entre eles um que foi padre: o Padre Albertino;
6.    Maria Guilhermina Robles Monteiro (1883), gémea com Maria Amália, que morreu quase à nascença;
7.    Hermínia Robles Monteiro (1885) que morreu solteira;
8.    Felisberto Robles Monteiro (1888) que estudou no seminário e no Colégio de S. Fiel, e fez depois o Curso Superior de Letras. Foi ator e encenador, e casou com Amélia Rey Colaço, também atriz. O casamento não terá sido do agrado dos pais, devido à profissão da noiva, e levou tempo até que fosse aceite pela família.

Para além de Secretário da Administração do Concelho, Felisberto Jordão Monteiro terá sido também Provedor da Misericórdia de São Vicente da Beira, onde ainda se encontra uma reprodução do retrato que encima este artigo.
Seria uma pessoa de bem, honesto e zelador dos interesses do concelho. Uma das bisnetas partilhou comigo algumas das histórias que, sobre ele, ainda se contam na família:
Um dia vinha a descer as escadas do edifício da Câmara, elegantemente vestido, cartola na cabeça, bengala pendurada no braço, quando se depara com outro funcionário que andaria a meter dinheiros públicos ao bolso. Ao cruzar-se com ele, pára, olha-o de frente, ergue a bengala no ar e berra-lhe: «gatuno, azeiteiro, ladrão desta Câmara, desapareça-me da frente ou vai já pelas escada abaixo!». Não se sabe como é que a coisa acabou…
Diz que outra vez, já noite, terá recebido uma notícia que o deixou desassossegado. Tão desassossegado que, apesar da escuridão e do frio da noite, aparelhou o cavalo, vestiu o capote e disse para a mulher que tinha que ir a São Fiel. A mulher, preocupada, ainda tentou convencê-lo de que fosse apenas de manhã cedo, mas ele não lhe deu ouvidos. Só lhes restou ficarem todas, a mulher e as filhas (o filho seria ainda criança), a espreitar por uma janela, cheias de medo, a vê-lo desaparecer ao fim da rua, na escuridão. Não se conhecem ao certo os motivos desta viagem noturna tão urgente, mas constou-se que levaria uma bandeira inglesa que hasteou no Colégio para evitar a sua ocupação, não se sabe por que forças…
Felisberto faleceu ainda novo, em 1901; tinha 50 anos de idade. Apesar dos muitos filhos que teve, não lhe restam muitos descendentes porque a maior parte dos filhos e netos não casaram ou não tiveram descendência. A casa onde viveu ainda se mantém na família e guarda muitas das memórias de várias gerações.

M. L. Ferreira

domingo, 21 de maio de 2017

Béjar

Na passada quinta-feira, fui de visita de estudo a Espanha. A manhã foi passada em Moraleja, num intercâmbio escolar, e depois rumámos a Salamanca. Logo a seguir a Plasencia, surgiu-me aquela que eu conhecia apenas dos registos paroquiais: Béjar. Ao contar a história da vinda dos antepassados do Robles Monteiro para a Covilhã, esqueci-me de fotografar, mas esta é a paisagem vista da autoestrada.



O percurso aqui marcado passa na fronteira de Marvão (Galegos), mas nós (SVB) atravessaríamos nas Termas de Monfortinho e dali diretos a Plasencia. É perto.
Béjar é uma cidade de montanha. Ainda havia neve, não tanta como na foto. A abundância de água e de gado ovino fizeram surgir uma forte indústria de lanifícios, daí a contratação do João António Robles (roble é carvalho, em castelhano) para vir ensinar os operários portugueses, no tempo do Marquês de Pombal.
O meu colega, professor de Espanhol, contou-me que ali se situa a praça de touros mais antiga de Espanha, ainda de planta retangular. A meia encosta, existe uma aldeia de montanha com uma arquitetura tradicional, muito bonita (vê-se da autoestrada). Anualmente, realiza-se em Béjar um importante festival de blues.


Este registo refere o batismo de Josefa, nascida a 28.10.1812, filha de Bernardo Ribeiro Robles, da Covilhã, e Antónia Raimunda Ribeira, de São Vicente da Beira, neta paterna de João António Robles e Belchior Gomes, naturais de Béjar, Espanha, e neta materna de José Custódio Ribeiro, de SVB, e Maria Hipólita Cassiana, de Zalamea, Espanha.
Acima referi que este Robles e a sua esposa eram os antepassados do Robles Monteiro. Mas sê-lo-ão também de pessoas ainda a viver em São Vicente.

José Teodoro Prata

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Robles Monteiro - Raízes

Os pais de Robles Monteiro casaram, em São Vicente da Beira, no dia 30 de Setembro de 1872.
Ele, Felisberto Coelho Falcão Telles Jordão Monteiro, de 21 anos, solteiro, secretário da Administração do Concelho, morador em São Vicente da Beira, mas natural de São Pedro de Vila Real, era filho de Manuel Joaquim Duarte Monteiro, natural do Telhado, concelho do Fundão, e de Donna Joaquina Amelia de Oliveira Telles Jordão, natural da Guarda.
Ela, Marianna Augusta Ribeiro Robles, de 26 anos, solteira, natural de São Vicente da Beira e aqui moradora, era filha natural(mãe solteira e pai incógnito) de Maria Paulina.
As testemunhas (actuais padrinhos) foram o Excelentíssimo Thomás de Aquino Coutinho Barriga(o visconde de Tinalhas), casado, proprietário, morador em Tinalhas e, possivelmente, Presidente da Câmara Municipal de São Vicente da Beira, cargo que exerceu durante anos, e o Ilustríssimo Joaõ dos Santos Vás Rapozo, casado, proprietário, morador em São Vicente da Beira e, possivelmente, Administrador do Concelho, cargo que desempenhou durante anos.
Fez o registo o Vigário Domingos de Mattos.
(Ler em baixo, no original. Clicar nas imagens, para ver melhor.)



Tiveram um menino, 16 anos depois, já a mãe contava 42 anos, a quem puseram o nome de Felisberto, como o pai. Em adulto, viria a chamar-se Felisberto Manuel Teles Jordão Robles Monteiro.
Nasceu às dez horas da noite do dia 9 de Setembro de 1888 e foi batizado, no dia 29 do mesmo mês.
Foram padrinhos o Excelentíssimo Doutor Antonio Duarte da Fonseca Fabião, casado, proprietário, e sua mulher, a Excelentíssima Donna Maria Amalia Cunha Freire Pignatelly, proprietária, moradores em São Vicente da Beira.
O batismo e respetivo registo foram feitos pelo mesmo Vigário Domingos de Matos.
(Ler em baixo, no original. Clicar nas imagens, para ver melhor.)



Nota:
De toda esta informação, fica-nos uma incógnita: De quem é que a mãe de Robles Monteiro herdou os apelidos Ribeiro Robles, se não se lhe conhecia o pai e a sua mãe só se chamava Maria Paulina? É que, sendo já adulta, devia ser referida pelos apelidos e não o ser significa que não os tinha, tendo sido possivelmente exposta, na altura do nascimento. Mas é apenas uma hipótese. Na época, em São Vicente da Beira, havia pessoas com os apelidos Ribeiro e Robles.

sábado, 23 de outubro de 2010

Robles Monteiro


Felisberto Manuel Teles Jordão Robles Monteiro nasceu, em São Vicente da Beira, no dia 9 de Setembro de 1888, e faleceu, em Lisboa, a 28 de Novembro de 1958.
Estudou no Seminário da Guarda e depois, como voluntário, no Curso Superior de Letras, em Lisboa.
Robles Monteirop casou com Amélia Schmidt Lafourcade Rey Colaço (1898-1990), em Dezembro de 1920.


Foto do casamento de Robles Monteiro e Amélia Rey Colaço
(do blogue: http://diasquevoam.blogspot.com/2010_04_01_archive.html)


Em 1983, José Miguel Teodoro entrevistou Amélia Rey Colaço, que falou do marido nestes termos:
«Devo dizer que ele foi um companheiro admirável. Até gosto muito que me dêem esta oportunidade de poder dizer aquilo que já tenho dito em várias entrevistas, mas nunca me canso de o recordar: ele foi um marido, um pai e mais tarde um avô excepcional, a pensar sempre nos outros. Ele foi a grande trave da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro.»


A Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro foi a mais duradoura companhia de teatro da Europa.


Clicando em cima da imagem, consegue-se ler o texto do folheto.

Nota:
As informações foram recolhidas do jornal VICENTINO, fundado e dirigido por José Miguel Teodoro, propriedade do Sport Club de S. Vicente da Beira.
Os dados biográficos sobre Robles Monteiro foram retirados do n.º 1, de Agosto de 1983, e a entrevista a Amélia Rey Colaço vem no n.º 2, de Outubro de 1983.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Gente Nossa

Mariana Dolores Rey Colaço Robles Monteiro faleceu, anteontem, em Lisboa, e foi hoje a sepultar. Contava 78 anos e era filha de Amélia Rey Colaço e do vicentino Robles Monteiro.


A notícia que se segue é do site do jornal PÚBLICO:

Cerca de 200 pessoas, entre elas a ministra da Cultura e Maria Barroso, ex-primeira dama e madrinha de palco de Mariana Rey Monteiro, estiveram presentes no emocionado adeus à actriz.

Ela era a voz…

O que teria sido a carreira de Mariana Rey Monteiro se não fosse "a filha de Amélia Rey Colaço"? E teria ela uma carreira teatral se não fosse a herdeira do mais famoso casal do teatro português do século XX - Rey Colaço-Robles Monteiro -, actores e empresários do D. Maria II desde 1929?

Toda a gente começa por falar da grande senhora - na vida e no teatro - que foi Mariana Rey Monteiro. Um dos primeiros a lembrá-lo foi o seu amigo e colega de muitos palcos Ruy de Carvalho, que lamentou a perda de "uma grande actriz". José Carlos Alvarez, director do Museu Nacional do Teatro, classificou-a como "uma figura notável, que deixa um rasto muito forte no teatro português".

Mas, afinal, por que se destacava Mariana Rey Monteiro? Urbano Tavares Rodrigues diz que, para além de uma grande actriz, "Mariana era uma criatura maravilhosa, delicada, gentilíssima".
Já sobre a sua dimensão artística, Fernando Midões, um histórico da crítica de teatro em Portugal (Diário de Notícias e Diário Popular), que acompanhou praticamente toda a sua carreira, diz simplesmente que Mariana Rey Monteiro "juntava intuição, inteligência e perfeição na arte de representar - não se ficava pelo texto, aprofundava o subtexto das peças".

É esta inteligência, aliada a uma grande sensibilidade, que o dramaturgo Luís Francisco Rebello, também seu amigo pessoal, faz questão de realçar na carreira desta "herdeira de um nome e tradição ilustres" que, pelo seu trabalho, se transformou numa "referência importante do teatro português que antecedeu a revolução de 1974".

"Ela tinha aquela voz única, quebrada, timbrada e com uns graves muito bonitos. Quando a ouvíamos, era a voz do Teatro Nacional", disse o actor, encenador e fundador do Teatro da Cornucópia. Luís Miguel Cintra, também fundador da companhia, é outro admirador da actriz com quem contracenou no filme de Paulo Rocha O Desejado, ou as Montanhas da Lua, de 1987: "Ela era uma referência viva da qualidade que havia na Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro."

O encenador dos Artistas Unidos regressa à questão da herança: "Deve ter sido difícil para a Mariana ser filha de uma mulher tão rara e poderosa como o foi Amélia Rey Colaço." Eugénia Vasques, recorda "aquele olhar triste, magoado, que parecia ter uma raiva escondida e que marca todo o seu trajecto como actriz", e nota também que a carreira da actriz foi feita durante grande parte do tempo na sombra da mãe. "Foi sempre o braço-direito da mãe, até ao fim, e isso vê-se nos papéis que representa", explica ao P2. "Mariana secundava a mãe e o seu génio - a palavra é tremenda, mas justa. Até à morte do pai, em 1958, Mariana serviu os pais. E depois a mãe passou a ser o centro de tudo o que ela fazia no teatro, tinha-lhe uma dedicação imensa."

Mariana Rey Monteiro comentou esta questão na entrevista que deu a Adelino Gomes, a pretexto do seu 80.º aniversário, admitindo que esse "peso familiar" fez sempre parte da sua vida. "Numas partes, ajudou. Mas tive sempre a preocupação instintiva de corresponder às exigências. Era um incentivo, uma chicotada que me fazia andar."


Do site do jornal Público: http://www.publico.pt/Cultura/mariana-rey-monteiro-ela-era-a-voz-do-teatro-nacional_1462285
(Texto adaptado e com cortes)