Luiza de Mena era solteira, vivia na Vila e sempre
trabalhou como tecedeira. Faleceu no dia 15 de Abril de 1781 e deixou
testamento, copiado para o livro de registo dos óbitos, pelo Cura Domingos
Gaspar. Foi sepultada em cova da Fábrica da Igreja Matriz.
«Primeiramente
disse que queria que o seu corpo fosse amortalhado em um hábito feito da sua
saia preta e que seu corpo fosse sepultado na Igreja Matriz desta vila donde
era freguesa e que por sua alma se lhe dissessem quarenta missas de esmola de
cem réis cada uma, que pela sua mãe se dissessem dez missas, pela de sua avó
Maria Nunes uma missa, pela de seu tio Antonio da Costa uma missa, pela de seus
avós uma missa, a Santa Francisca uma missa, a Santa Gertrudes uma missa, ao
Senhor Santo Cristo do Calvário uma missa, a São José uma missa, a Nossa
Senhora do Rosário uma missa, ao anjo da Guarda uma missa, pelos irmãos da
Misericórdia outra missa, pelas penitências mal cumpridas outra missa, pelos
irmãos que faltasse com as rezas outra missa, a Santo António outra missa,
todas de esmola de cem réis.
A
Luiza, filha de Manoel Jorge desta vila, deixa uma camisa de linho nova; a quem
lhe assistiu na doença da morte outra camisa de linho nova de linho, uma
enxerga e dois lençóis grosseiros, um travesseiro de estopinha com sua fronha e
um cobertor de pano amarelo; a seu primo Joaõ Correa, mil e duzentos réis; a
Anna, filha de Manoel Leitaõ barbeiro, o seu capote de dorguete, à mulher de
Joze Rodrigues Marques o moço, uma saca de camelão para que o dito Joze Roiz
seja seu testamenteiro.
Declarou
que as casas em que assistia eram suas e que do produto delas se lhe fizesse
meio ofício e satisfizessem bem as esmolas das missas que ficam declaradas.
A
Vitoria Maria, mulher de Antonio Caetano da Costa, lhe deixa o seu tear e dois
pentes, um de vinte e cinco, outro de quarenta e dois, pagando a metade do
tear, para o que será avaliado; ao Reverendo Padre Francisco Duarte lhe deixa
uma colcha de linha branca, com obrigação de lhe dizer vinte e duas missas por
sua alma, além das deitadas em seu testamento; a sua madrinha Maria de Carvalho
lhe deixa o seu tacho e caldeira, com obrigação de lhe mandar dizer quatro
missas; a Joana Jozefa, criada do Capitão-Mor Francisco Caldeira, deixa uma arca
com sua fechadura; a sua afilhada Luiza, filha de Manoel Jorge, o seu tabuleiro
e masseira. E na aprovação deste seu testamento disse lhe dissessem as três
missas do Natal em louvor do Menino de Deus; e ao Doutor António Mesquita de
Carvalho, o seu leito, pelo trabalho de lhe fazer o seu testamento; e de tudo
quanto tem, disse, depois de seu bem de alma e missas satisfeitas, o deixava a
seu primo Joam Correa, a quem instituiu por seu universal herdeiro.»
(S. Vicente da Beira,
Registos Paroquiais - Óbitos, microfilme 145)
Pessoas referidas:
Luiza
de Mena, solteira e tecedeira
Maria Nunes, avó de Luiza de Mena e já falecida
Antonio da Costa, tio de Luiza de Mena e já falecido
Joaõ Correa, primo de Luiza de Mena e porteiro da Câmara (fazia os
anúncios)
Luiza, afilhada de Luiza de Mena e filha de Manoel Jorge
Anna, filha de Manoel Leitaõ, barbeiro
Joze Rodrigues Marques o moço, o testamenteiro
Vitoria Maria, mulher de Antonio Nunes da Costa
Padre Francisco Duarte
Maria de Carvalho, madrinha de Luiza de Mena
Joana Jozefa, criada do Capitão-Mor Francisco Caldeira
Doutor Antonio Mesquita de Carvalho, tabelião
O Cura Domingos Gaspar, natural do Louriçal do Campo e cura na Igreja Matriz
Bens que possuía:
1 casa
1 tabuleiro e 1 masseira
1 tacho e 1 caldeira
1 arca com fechadura
1 tear com 2 pentes, um de vinte e cinco e outro de quarenta e dois
1 saca de camelão
1 colcha de linha
branca,
2 camisas de linho novas
1 capote de dorguete
1 leito, 1 enxerga, 2 lençóis
grosseiros
1 travesseiro de estopinha com fronha
1 cobertor de pano amarelo
dinheiro: 9$300 réis = 6$100
réis para missas + 1$200 réis para o primo João Correia
José Teodoro Prata