Ana Jerónimo
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
As águas da Gardunha
Na
minha rua (as) viviam muitas famílias. Parregas, Zé alfaiate, Manuel patrão,
Maiaca, Reinocos, Patanuchos, ti Maria
Joaquina, Guiões, nós os Moscas…
As mulheres de saias compridas,
lenço na cabeça, xaile e avental iam à fonte, à ribeira lavar a roupa, cozer o
pão nos fornos comunitários…
As ruas nunca estavam sozinhas. No
tempo da escola a praça fervilhava de catraios, nas férias, nomeadamente as
grandes, manhã cedo, antes de o sol nascer, não tínhamos outro remédio senão
levantarmo-nos, na rua já se ouvia falaçar. Beber o café, pegar numa saca de
serapilheira. O Vale Covo ficava longe, era preciso encher a saca com pinhas,
outros arranjavam um molho de tanganhos, um cesto de tocos, lenha miúda.
Por vezes, principalmente no tempo
de verão, a malta ia para a Canada onde havia uma peguia maior que o poço do
Pelome e mais funda; assim que chegávamos, entrávamos na água era uma alegria.
O dia passava depressa, a saca das
pinhas por vezes vinha meia, o tempo era escasso para nadar. Como ficava mais
longe, a Canada não era tão frequentada como o poço do Pelome. Chegávamos a
casa cheios de fome, ceávamos de duas maneiras: sopa de landum, trabalhava a
correia; depois da gritaria, comia-se a sopa de feijão manteiga.
As
sovas só doíam na hora, no dia seguinte tudo recomeçava…
Os automóveis naquela época eram
escassos; contavam-se pelos dedos das duas mãos e ainda cresciam dedos. Em
1966, faz este ano meio século, começaram a chegar pessoas à vila que se iam
instalando como podiam. Casas, partes de casas acolheram dezenas de famílias. A
vila fervilhava de gente, parecia uma pequena cidade.
No Casal do Pisco,máquinas rasgavam
terras, transportavam pedras, no poço da Canada abriam-se grandes caboucos
enchiam-nos de grossas pedras, cimento para as consolidar.
Aos
poucos o paredão de terra ia subindo cada vez mais. A empresa Terbal era a
responsável por todo aquele movimento, uma grande barragem estava a ser
construída.
O custo do empreendimento foi
adjudicado por 29.971.012$10. O paredão tem cerca de 16 metros de altura e a
sua capacidade máxima é de 1.400.000 m3 de água. Esta barragem foi
comparticipada em 71% pelo governo, o restante valor ficou a cargo da câmara
que teve de fazer um empréstimo. Com o crescimento demográfico na cidade de
Castelo Branco a água da barragem do Casal da Serra, Penedo Redondo ou Sales
Viana, já não chegava.
Em 1890, a autarquia fora autorizada
a fazer um empréstimo de 150.000.000 réis para diversos melhoramentos e o
abastecimento de água era prioritário. O presidente da câmara estava mandatado para
negociar nascentes em Castelo Novo. A opção foi o aproveitamento de nascentes de
água a partir do rio Ocresa no Casal da Serra. Afixaram-se editais convidando
os proprietários que quisessem vender os seus mananciais e, no mês de Novembro,
a câmara recebeu três propostas.
Passado um ano, o presidente entrou
em negociações com o senhor Manuel Lucas e sua mulher Maria Patrocínio
proprietários, moradores no Casal da Serra concelho de São Vicente da Beira
afim de adquirir para a câmara as águas que estes possuíam nos prédios
contíguos designados Corticeiras e Eirinhas, situados no limite de Louriçal do
Campo. O preço acordado foi de três contos, a pagar em duas prestações de um
conto e quinhentos mil réis. A escritura foi feita no dia 4 de Janeiro de 1892.
A cidade crescia, a necessidade de
água aumentava. No ano 1934, a câmara aprovou o concurso para que se construa
uma barragem no rio Ocresa. A albufeira foi adjudicada por 472.000$00. No mês
de outubro do ano seguinte as obras estavam terminadas e a cidade voltou a ter
água suficiente para suprir as necessidades da população.
O tempo passou, o precioso líquido voltou
a não chegar. A cidade crescia. Chegámos ao ano 1966 e, na ribeira de São
Vicente nasceu uma nova albufeira. No dia 24 de Dezembro de 1967 foi feita a
ligação à rede de Alcains, ficando somente a fornecer água aos marcos
fontanários. No dia 26 de Outubro de 1968 foi finalmente feita a ligação aos
depósitos do Lirião.
O presidente do conselho senhor professor
Marcelo Caetano deslocou-se a São Vicente da Beira, onde inaugurou diversos
melhoramentos, incluindo a barragem do Pisco. O ministro
das obras públicas era o senhor engenheiro Arantes de Oliveira. António
Liberato Oliveira, presidente da câmara municipal.
Pesquisa:
A História e a Água no Concelho de
Castelo Branco.
J.M.S
domingo, 1 de janeiro de 2017
8.º Aniversário
Hoje é dia de aniversário Dos Enxidros. Há 8 anos que esta aventura começou.
O ano que agora termina foi especial por duas razões:
1. O blogue deu origem a um livro com algumas das suas histórias (Dos Enxidros aos casais: histórias e gentes de São Vicente da Beira). Livro que preserva parte das nossas memórias coletivas e permitiu uma dinamização cultural na nossa região, através das 10 sessões de apresentação por nós realizadas. Por outro lado, deu uma ajuda às finanças do nosso Lar da Santa Casa da Misericórdia, pois os autores e a Câmara concordaram em oferecer o produto da venda dos livros a esta instituição.
2. O ano de 2015 ficou marcado por uma crise de crescimento do blogue, em que nos questionámos sobre a forma de o tornar mais próximo das pessoas, nomeadamente criando novas formas de interatividade com os colaboradores e leitores. Frequentei um curso que, entre outros assuntos, abordava os blogues. Concluí que as possíveis novidades pouco valor acrescentariam ao blogue e por isso, pela minha parte, como gestor do blogue, fiquei mais tranquilo face às minhas limitações na área da informática.
Nos últimos meses, a Maria Libânia Ferreira e o José Manuel dos Santos têm sido os pilares do blogue, através de uma colaboração assídua.
Quanto aos leitores, o seu número aumentou desde a publicação do livro, mas não para os valores astronómicos que a estatística regista: passou de cerca de 100 visitas diárias para 300 e 400! É que o grosso das visitas tem origem em informáticos das grandes potências (EUA e Rússia, às vezes China) que "varrem" tudo o que se publica online.
Se estou satisfeito? Não. A criação de hábitos de consumo de cultura é muito morosa no tempo e nós, como comunidade, ainda temos muito caminho para andar. Basta olhar para os amplos espaços vazios da Igreja, em tarde de representação teatral de um auto de natal, pelo nosso rancho.
Um bom ano de 2017!
José Teodoro Prata
sábado, 31 de dezembro de 2016
S. Vicente (da Beira)
O livro acima apresentado é uma boa síntese do que se conhece sobre esta região, na época medieval.
Está à venda na Biblioteca Municipal de Castelo Branco.
Sobre o topónimo São Vicente da Beira, traz a seguinte nota:
Note-se que a vila até finais do século XIII foi
sempre designada apenas por “S. Vicente”. Na carta de foro do herdamento de Rio
de Moinhos, datada de Avis a 14 de Setembro do ano de 1291, surge como “S.
Vicente de bejra do Caia”, referindo-se certamente à Gardunha, “a serra do
Ocaya” ou a uma ribeira assim designada. Cf. AN/TT, Convento de S. Bento de
Avis, Mç. 5, n.º 544. Só no primeiro quartel do século XIV aparece com o
seu nome composto – S. Vicente da Beira – agora provavelmente em relação à
província da Beira, mantendo-se as duas designações durante o século XIV, de
acordo com a documentação compulsada proveniente do Convento de S. Bento de
Avis, referente a esta vila.
José Teodoro Prata
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
Fontes: os Calmão
No dia 20 de fevereiro de 1735, casaram Manoel Gomes Calmão e Francisca Nunes.
Ela de São Vicente da Beira e ele de Castelo Branco.
Sabendo que depois desta data sempre houve pessoas de apelido Calmão em São Vicente,
este Manuel poderá ter sido o primeiro Calmão.
José Teodoro Prata
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
Fontes: casamento no Violeiro
Eis o casamentro de Theodoro Faustino Dias, de Tinalhas, com Maria Cabral de Pinna, do Violeiro, dois dos jovens mais importantes da região. O seu bisneto seria o 1.º visconde de Tinalhas.
A noiva teve no seu casamento os tios padres Manoel Cabral de Pinna e Estevaõ Alvares de Pinna, irmãos da sua mãe Brites Cabral de Pinna, todos da Quinta da Canharda, Fornos de Algodres.
José Teodoro Prata
Marcadores:
cabral de pina,
teodoro faustino dias,
tinalhas,
violeiro
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
Fontes: Rua Nicolau Veloso
A chamada rua que vai da praça para a devesa tomou depois o nome de um homem que vivia nela: Niculao Vellozo de Carvalho e Tavora, natural de São Vicente da Beira.
Ele surge neste registo do casamento de sua filha Archangela da Cunha, realizado a 21 de fevereiro de 1733.
José Teodoro Prata
Ele surge neste registo do casamento de sua filha Archangela da Cunha, realizado a 21 de fevereiro de 1733.
José Teodoro Prata
Assinar:
Postagens (Atom)