Há muitos anos, a ribeira entre o Violeiro e Almaceda era um
meio gerador de economia e subsistência para a população. Ao longo da ribeira
havia azenhas, lagares e hortas. No entanto, com a emigração nos anos 60, foi
ficando tudo ao abandono. E mais tarde os incêndios destruíram o pouco que
ainda se mantinha, agora o que resta são as ruínas e a beleza da paisagem que
se renova sempre.
No entanto, uma filha da terra (Violeiro), Ester Grohe,
emigrante na Suíça, e o seu marido reconstruíram a azenha da família, sendo
esta a última a ter ficado inativa. Viveram muitos percalços para recuperar
tradição e o ofício do seu pai moleiro. Mas realizou o seu sonho!
E nos dias 22 e 23 de Outubro, organizou um convívio aberto a
toda a população, para mostrar todo o processo, desde a moagem dos cereais até
à cozedura do pão. Estiveram presentes os presidentes das juntas de freguesia
de Almaceda e São Vicente da Beira e ainda o presidente da Câmara de Castelo
Branco.
Era bom que houvesse mais iniciativas destas, para trazer
vida às nossas aldeias e preservar costumes e tradições.
3 comentários:
Até sinto o cheirinho do pão quente, acabadinho de sair do forno!
Parabéns ao casal que tão bem preservou o nosso património.
E obrigado à Célia Francisco, por nos dar conhecimento de tão boa iniciativa.
Já sabia pelo jornal "Reconquista" desta bela surpresa! Só temos que dar os parabéns às pessoas que reconstruiram a azenha no Violeiro, pela sensibilidade e pelo interesse no património das nossas terras. Pois isto é um exercício de reviver o passado não só da família que levou a cabo esta obra, mas de todos nós, como originários das Beiras.
Isto vem mesmo a talho de foice para referir o seguinte: muitas vezes tenho dito que é uma pena que não tenha havido em S. Vicente da Beira pessoas privadas ou públicas (ou as duas em conjugação) que tivessem tentado preservar uma azenha e um lagar de varas para a posteridade, em plena atividade funcional, com fins de lazer. Tal como foi agora feito no Violeiro! Digo-o com mágoa!
Quando eu era miúdo, tínhamos sete lagares e duas ou três azenhas a laborar em pleno nas margens da ribeira! E nenhum escapou!
A falta de salvaguarda de algum deste património de S. Vicente da Beira, é apenas mais um dos factores que talvez possa explicar muitas coisas da nossa história recente! Talvez um dia possamos debater muitas destas questões olhos nos olhos. E por aqui me fico.
Abraços.
ZB
Notável, esta ação! Até porque deve ter requerido um grande investimento monetário. Do afetivo nem se fala… Fez-me lembrar a Ribeirinha na Partida.
Mas parece que estão a ter algum retorno económico estes investimentos. Há dias estive em Martim Branco e deliciei-me com o trabalho de reabilitação de algumas casas daquela aldeia quase medieval para fins turísticos. Segundo a pessoa que gere o empreendimento e generosamente nos mostrou as casas, a ocupação, sobretudo por gente que vem de fora, tem sido quase 100% nos meses de verão.
A propósito do lamento do ZB sobre o desinteresse na preservação de alguns dos nossos lagares e azenhas, hoje, em conversa com o Chico Insa, contava-me ele que o lagar do senhor António Neto, o primeiro da nossa Ribeira, tinha um sistema hidráulico que era um dos mais modernos de toda a região. Hoje já nada existe. Que pena…
M. L. Ferreira
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