José Simão
José Simão nasceu no Casal da Fraga, a 17 de maio
de 1893. Era filho de Joaquim Simão, jornaleiro, natural da freguesia de S. Vicente
da Beira, e de Felícia Maria, doméstica, natural de Rochas de Cima.
Assentou praça no dia 9 de julho de 1913, como
recrutado, e foi incorporado no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21 em
13 de janeiro de 1914, como atirador de 1.ª classe.
Pronto da instrução da recruta em 30 de abril,
foi licenciado em 1 de maio, regressando a São Vicente da Beira.
Apresentou-se novamente em 5 de maio de 1916 e,
fazendo parte do CEP, embarcou para França em 21 de janeiro de 1917, integrando
a 6.ª Companhia do 2.º batalhão do 2º Regimento de Infantaria 21, no posto de
soldado com o n.º 92 e a chapa de identidade n.º 44924.
Da sua folha de matrícula e boletim individual
do CEP consta o seguinte:
a)
Punido
em maio de 1916, pelo Comandante da Companhia, com 2 faxinas, por estar sentado
na cama durante o dia e não se ter levantado prontamente à voz de sentido dada
quando o comandante entrou na caserna;
b)
Punido
em 20/08/1917, pelo Comandante da Companhia, porque, quando se fez a distribuição
do vinho à Companhia, disse para alguns dos seus camaradas que os rancheiros
não lhes davam a ração que era dado e eram todos uns ladrões;
c)
Punido
em 16/03/1918, pelo Comandante da Companhia, com 10 dias de detenção, por
faltar aos trabalhos de S. Naast, no dia 13;
d)
Punido
em 02/05/1918, pelo Comandante da Companhia, com 4 dias de detenção, por ter
faltado aos trabalhos, em 28 de abril;
e)
Punido
em 17 /9/1918, com 12 dias de detençã,o por ter feito uso dum passe
regulamentar fora da data, que lhe tinha sido concedido em vez de o ter
entregado, saindo da sua área de estacionamento sem autorização;
f)
Aumentado
ao efetivo do Depósito Disciplinar 1, em 26 de setembro de1918, onde ficou com
o n.º 718, porque, de acordo com a folha de matrícula "encontrando-se com prevenção de marcha para
um novo acampamento mais avançado em relação à frente do inimigo,
insubordinou-se, recusando a desarmar as barracas e a entrar na formatura,
ameaçando matar com granadas de mão e a tiros de metralhadora todo aquele que
tal fizesse, como também se recusando a entrar em ordem às intimações que lhe
foram feitas pelos seus superiores";
g)
Marchou
em diligência do Depósito Disciplinar 1 para o Tribunal de Guerra, a fim de ali
ficar à disposição daquele tribunal, em 22/02/1919;
h)
Em
16 de março de 1919, foi condenado pelo Supremo Tribunal de Guerra, na pena de
7 anos de presídio militar e mais na pena acessória de igual tempo de
deportação militar ou, em alternativa, na pena de dez anos de deportação
militar;
i)
Repatriado
para Portugal, no dia 05/06/1919, com o Serviço de Adidos, na condição de
condenado;
j)
Passou
ao presídio militar de Santarém, em 28 de junho, a fim de cumprir a pena a que
tinha sido condenado;
k)
Amnistiado
pela Lei n.º 1198 de 2 de setembro de 1921, foi solto por ordem da Secretaria
da Guerra e passou ao Regimento de Infantaria 21, em 26 de Setembro de 1921.
Foi licenciado em janeiro de 1922 e domiciliou-se em São Vicente da Beira.
Passou ao Regimento de Infantaria de Reserva 21,
em 31 de dezembro de 1923, e ao Regimento de Infantaria 11, em 17 de julho de
1931, por ter transferido a residência para a freguesia de Bocage, em Setúbal.
Passou à reserva ativa em abril de 1928 e à
reserva territorial em Dezembro de1934. Em 31 de dezembro de 1934, foi-lhe dada
baixa por ter cumprido toda a obrigação de serviço militar.
Família:
José Simão casou com Gertrudes Rosa, na
Conservatória do Registo Civil de Setúbal, no dia 21de outubro de 1925. Sabe-se
que tiveram filhos e netos, mas não mantiveram um relacionamento de grande
proximidade com os familiares em São Vicente da Beira. Não existem, por isso,
muitas memórias deste ramo da família.
O casal terá vivido sempre na cidade de Setúbal
e foi ali que José Simão faleceu, na freguesia de Nossa Senhora da Anunciada,
no dia 19 de Fevereiro de 1975. Tinha 81 anos de idade.
Maria Libânia Ferreira
Do livro: Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra