sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Franciscanismo na Beira Interior

Participámos nos Encontros organizados pela Misericórdia da Covilhã, a 3 e 4 de outubro
Estiveram presentes as nossas Santa Casa da Misericórdia e Ordem Franciscana Secular.
O José Teodoro e o José Manuel botaram faladura.
Acho que honrámos a nossa terra.


O convento das religiosas franciscanas.


 As cerimónias penitenciais da Semana Santa, iniciadas pelas irmãs do convento.


 A crença no Santo Cristo trazida por Teodósia da Paixão do convento da Nave, Sabugal.


A Ordem Franciscana Secular, criada por uma missão franciscana, em 1744.

Sinopse da nossa intervenção:
A ordem franciscana chegou institucionalmente a São Vicente da Beira na segunda metade do século XVI, através da fundação de um convento feminino. No entanto, o espírito franciscano já estava presente desde pelo menos o século XIV, quer pela existência de uma capela devotada a Santo António, na entrada noroeste da Vila, quer pela albergaria do Espírito Santo, que praticava o ideal da fraternidade, difundido em Portugal pela rainha Santa Isabel, adepta dos franciscanos espirituais.
Pensamos que esta albergaria do Espírito Santo foi a antepassada da irmandade da Misericórdia, fundada em São Vicente também na segunda metade do século XVI. E foi depois o convento franciscano que moldou geneticamente a Misericórdia: por um lado, continuou a obra assistencial que vinha de trás e por outro bebeu das religiosas do convento a devoção pelo Santo Cristo e a religiosidade penitencial da Semana Santa.
Em 1744, uma missão pregada pelos franciscanos de Brancanes deu origem à Fraternidade da Ordem Terceira, que ficou sediada na capela que fora de Santo António, então devotada a São Francisco. Esta fraternidade continua a organizar a festa anual a Santo António e a Procissão dos Terceiros.

José Teodoro Prata

4 comentários:

José Barroso disse...

Nunca percebi muito bem ali aquilo ... O edifício da casa do José Lourenço (que tem a data de 1888), confunde-se com o edifício do antigo convento franciscano de que resta apenas o portal. Devem ter comprado todo o complexo (cerca e edifício) e reconstruiram, naquela data, fazendo a casa de habitação. Até porque as ordens religiosas tinham sido extintas em 1834. E, vai daí, deixaram o portal a servir de abegoaria e depósito de palha. Eu acho que ainda tenho ideia de ver entrar e sair de lá uma junta de bois... De maneiras que é assim...
Por isso é que gostava que se fizesse uma intervenção arqueológica... Mas isto sou eu a magicar coisas...
Abraços.
JB

Anônimo disse...

Estes colóquios em boa hora organizados pela Misericórdia da Covilhã sobre o "Franciscanismo na Beira Interior", penso que que encaixam perfeitamente no momento actual da sociedade que nos é dada viver
Tempo de consumismo, tempo de materialismo, tal qual como no século XIII
S. Francisco, tinha queda para os negócios, nada lhe faltava; um dia, depois de assistir à missa da manhã na pequena igreja da Porciúncula, na prática a certa altura o sacerdote disse estas palavras que o impressionaram muito
"Não leveis nem oiro, nem prata, nem dinheiro algum nos vossos bolsos para a viagem; nem duas túnicas, nem calçado, nem bastão" -Caminhos de Francisco Nº21
Ficou de tal maneira impressionado com esta passagem da Sagrada Escritura, deixou os bens materiais, a riqueza e a partir desse momento enveredou definitivamente pelo caminho da pobreza.
Falta-nos realmente a coragem fraterna da partilha dos bens terrenos...
-A Idanha aos poucos e poucos foi tornando-se conhecida a nível nacional e até internacional graças à divulgação das suas tradições que teimam em conservar e recordar aos turistas que visitam as terras raianas
Belmonte orgulha-se do seu passado histórico, através de escavações arqueológicas encontraram objectos interessantes. Como de disse o professor José Teodoro do qual concordo inteiramente, essas vilas ainda possuem câmara.
O convento Franciscano onde está instalada a reitoria da Universidade da Beira Interior, foi todo ele restaurado e preservado; que beleza, que beleza. E nós!
Não é só a cerca do convento que devia ser estudada, as Vinhas guardam com certeza muitos objectos, mas são propriedades particulares
Temos obrigação de divulgar o que existiu, o que existe, para que se preserve e não se destrua, para que se divulgue o que ainda resta que é muito e se continue a lutar para que a nossa vila volte a ter a importância que teve outrora
Com a instalação das imagens sacras num lugar condigno o futuro museu de S. Vicente certamente passará a fazer parte dos roteiros turísticos da Beira interior
-Senhora da Orada; Semana Santa;"martírios, ladainha, encomendação das almas, Cristo pregado no original calvário, a beleza do nosso esquife, Senhor Santo Cristo"...valores que devemos mostrar e corajosamente anunciar
Temos que saber estar no lugar certo e na hora exacta, para que o leite não se derrame
O Fernando, apesar de estar armado com um cajado não evitou que este se derramasse, estava no local errado
J.M.S

José Barroso disse...

Concordo com tudo o que diz o JMS.
Mas quanto à questão da redistribuição da riqueza... Isso, nessa matéria, o bicho humano é terrível... Todos acham essa ideia uma ideia ótima...! Até certo ponto, apoio os Estado modernos que, apesar de tudo, lutam por dar uma vida minimamente digna às pessoas mais carenciadas. E digo "até certo ponto", porque existem muitos chicos espertos a enganar o sistema. A discutir...
Relativamente à chamada interioridade é outro dos temas que nos levaria aqui a discutir até vir a mulher da fava rica! Creio que num comentário, a Libânia falava em "aldeias museu"... Há dias, perante o meu argumento de que Castelo Branco está muito melhor que Santarém, alguém me diza: "Sim, isso é verdade, mas Santarém está muito perto de Lisboa e essa é toda a sua grande vantagem!".
É o tal fenómeno da tendência para a conurbação (junção de cidades a outras cidades para formar hiper-centros urbanos). Não tenhamos dúvidas: é mundial! Aí, sim, nada feito!
Mas não era o que eu queria para a nossa terra. Longe disso! Eu, mais modestamente, apenas queria que nós tivéssemos sido capazes de criar uma economia, com postos de trabalho suficientes, que fossem capazes de absorver as novas gerações. E, quiçá, podermos, um dia, pensar em restaurar o concelho. Até porque acredito que uma das grandes questões das comunidades do interior é a dilaceração das famílias. O que significa o desenraizamento violento das pessoas das suas origens! Estou certo que a grande maioria - apenas a grande maioria - quereria ficar nas suas terras, mesmo tendo uma vida económica um pouco menos boa. Não ter qualquer tipo de vida é que não pode ser! E é isso que as obriga a sair!
É claro que devemos mostrar o que temos: a cultura, as memórias, as tradições... Isso é bom. Apenas digo que não chega.
Abraços.
JB

Jaime da Gama disse...

A Nave, Concelho do Sabugal é uma povoação muito antiga. Em a 1477 existia ali um convento de freiras, instalado. Acabou por causa das guerras com Castela, indo as freiras para Almeida, onde fundaram outro Mosteiro, (Convento de Freiras Terceiras de São Francisco), Também conhecido como antigo Convento de Nossa Senhora do Loreto, dedicada a esta Senhora, este edifício também serviu de quartel e hospital militar e actualmente serve de Igreja Matriz.
Era da invocação de Nossa Senhora do Souto. Foi fundado por três Irmãs, da família dos Falcões de Pinhel, chamadas Grácia da Coroa, Ana da Conceição e Branca da Assunção, às quais se associaram outras mais. Do convento que elas fundaram em Almeida saíram as fundadoras dos mosteiros de S. Vicente da Beira e da Madre de Deus de Aveiro. Em São Vicente da Beira uma obra de grande importância em 1554 foi a fundação do Convento de S. Francisco, pela Madre Superiora,Dona Teodósia da Paixão, natural da Vila, no reinado de D. Catarina, na menoridade de D. Sebastião. Neste mosteiro era venerada a imagem da Senhora do Loreto, das irmãs Clarissas. A fundadora veio a falecer, em 1577, tendo sido sepultada na igreja do mosteiro, junto ao altar-mor.
Resumindo um pouco o percurso desta Senhora, natural da Vila de São Vicente, casada e que após falecer o marido dedicou-se à vida de acolher os mais nessecitados tendo passado pelo convento da Nave, Sabugal e claro também deve ter tido a sua colaboração da fundação do Convento de Almeida, acabou por regressar a São Vicente e fundar o Convento. O Sino do convento foi oferecido pela Rainha D. Catarina.