No 2.º Congresso Internacional de Arqueologia da Região de
Castelo Branco, cujas atas foram publicadas pela Sociedade dos Amigos do Museu
Francisco Tavares Proença Júnior, Mariana Almeida e o jovem arqueólogo
albicastrense Edgar Fernandes apresentaram um estudo sobre a cerâmica romana de
terra sigillata encontrada no monte
de São Martinho, junto a Castelo Branco, e guardada no museu.
A chamada cerâmica de terra
sigillata é constituída por peças de loiça fina destinadas ao consumo de
comida e bebidas.
No monte de São Martinho foram encontradas peças provenientes
dos centros produtores de cerâmica sigillata do norte de Espanha e da
Andaluzia, do centro e sul de França, do centro e norte de Itália e ainda da
Tunísia. Em termos temporais, esta cerâmica data dos séculos 1.º, 2.º e 3.º
depois de Cristo.
Os comerciantes romanos traziam esta cerâmica fina aos
habitantes do monte de São Martinho por via fluvial, subindo o rio Tejo até Casal
da Várzea (em Alvega, Abrantes) e depois por estrada até aqui. Esta estrada
atravessava depois a Gardunha e na Cova da Beira, próximo de Belmonte,
entroncava na grande via Mérida – Idanha – Viseu; era por ela que desciam as
mercadorias vindas do norte de Espanha e de França. Os comerciantes vindos da
Andaluzia subiam de Mérida até Idanha-a-Velha e daqui continuavam por uma via
secundária até ao monte de São Martinho.
José Teodoro Prata
Um comentário:
Uma das partes dos museus que mais me desperta a curiosidade, é a dedicada à cerâmica. E, talvez pela importância que ela teve desde há muitos séculos, e pelo que nos revela da vida das pessoas em cada época, é uma boa forma de nos contarem a evolução da Humanidade.
Já há muito tempo que não visito o Museu Tavares Proença, mas estive há dias em Caria e visitei um museu que está instalado na antiga residência de férias do bispo da Guarda (acho que é assim...) onde têm uma mostra bastante interessante de cerâmica, provavelmente do tempo da que é aqui referida.
Caria, ao longo do tempo, deve ter tido uma importância comparável à de São Vicente. Atualmente também se queixam da falta de gente e de as casas, mesmo as "grandes casas", estarem ao abandono. Mas fiquei impressionada com a valorização que, mesmo assim, fazem do património e das memórias. Para além deste museu, visitei também o Museu Etnográfico e a Casa da Roda. Porque é que nós nos deixamos ficar para trás?
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