sábado, 24 de julho de 2021

Mais Swot

 A nossa arte sacra

Este assunto é para mim uma dor d´alma, como se costuma dizer. Neste caso, o positivo e o negativo são tão fortes que se equilibram, desequilibrando-me.

Pontos fortes:

- A nossa arte sacra vai da pintura à escultura (estatuária e relevo em pedra e metal) e da arte fixa à móvel.

- É rica e diversa, incidindo sobretudo no período manuelino-renascentista.

- A Santa Casa está a trabalhar num projeto de recuperação da Igreja da Misericórdia, nomeadamente da estrutura do teto e da sua pintura.

- Recentemente, parte da nossa arte sacra foi recuperada com vista à organização de um museu de arte sacra.  

- Está projetado um museu de arte sacra em São Vicente da Beira.

- É possível fazer um roteiro turístico com a nossa arte sacra.

- O museu de arte sacra e a nossa rota turística garantiriam pelo menos a contratação de uma pessoa, o que significa a fixação/permanência de uma família em São Vicente; ainda a vinda de forasteiros e o serviço de refeições, já sem falar da hipótese de realização de residências artísticas.

 

Pontos fracos:

- Tal como noutros assuntos, poucos são os vicentinos a valorizar esta nossa riqueza, em parte porque muito poucos a conhecem verdadeiramente e por isso ignoram o seu potencial.

- Continua a desfazer-se em pó o retábulo da Igreja de São Francisco do antigo convento das religiosas franciscanas atualmente na capela da Senhora da Orada (felizmente, a Partida já recuperou o seu retábulo franciscano, originário de um convento do Fundão).

- O projeto de um museu de arte sacra conheceu tantas vicissitudes que já podemos duvidar da sua concretização: escolha de um edifício (casa Hipólito Raposo, à Fonte Velha) sob o qual corre uma nascente de água no inverno; reconstrução do edifício sem a necessária impermeabilização do pátio e das valetas exteriores, assim como a não inclusão das janelas na recuperação, não tendo sido reparadas atempadamente as falhas e por isso estando perdida quase toda a recuperação feita; mudança do responsável do projeto, após um ou dois anos de trabalho; fraquíssimo empenho da Câmara Municipal e das instituições de São Vicente na sua concretização.

 

José Teodoro Prata

5 comentários:

José Barroso disse...

Aquilo que melhor sei dizer sobre o assunto, é o que referes quanto ao projecto da recuperação do acervo da arte sacra da Misericórdia. De facto, foram nomeadas pela Mesa três pessoas com vista a fazer uma candidatura aos "Fundos D. Leonor" para tentar recuperar o património e isolar o telhado (da Misericórdia) da humidade. Essas pessoas foram o João Maria, o Zé Manel e eu próprio. Como eles os dois saíram, fiquei eu, agora com o Adelino e o Tó Ribeiro. Estamos a trabalhar com dois técnicos restauradores para fazer a candidatura aos ditos fundos. Mas, uma candidatura, é apenas uma candidatura! Vamos ver se conseguimos chegar a algum lado. Quanto a protocolos entre as várias entidades para abrir o museu da Fonte Velha e que obras para lá vão, é outro processo, o qual penso que não está ainda delineado.
Abraços, hã!
JB

M. L. Ferreira disse...

Sou uma das pessoas que conhece mal o património de arte sacra da nossa terra, mas, daquilo que conheço, principalmente o da Misericórdia e da Ordem Terceira, imagino que, devidamente organizado, não nos envergonharia nada comparado com o acervo de outros museus do mesmo género que já visitei noutras localidades de maior dimensão.
Mas também temo que muito dificilmente venhamos a ter o nosso museu, apesar do grande investimento que foi feito, principalmente na recuperação da casa do Hipólito Raposo (obras mal feitas, pelos vistos). Tenho-me cruzado algumas vezes com a pessoa que, aparentemente, poderia dar alguma informação sobre o assunto. Sempre que o “apanho a jeito” questiono-o sobre o andamento do processo; a resposta é sempre a mesma: não sabe…
Talvez de menor dimensão, mas igualmente importante, é pena que não se tenha ainda conseguido instalar o material do GEGA e agora também o que o João Paulino conseguiu recolher, em instalações que o dignificassem e permitissem ser visto por quem pretendesse.
É por estas por outras que estamos a ficar cada vez mais pequeninos.

José Teodoro Prata disse...

Zé Barroso: a casa Hipólito Raposo foi recuperada e estava pronta (?) para receber a arte e abrir ao público. Mas como a reconstrução foi mal feita e os problemas surgidos nunca foram resolvidos, só pode funcionar com nova reconstrução.

José Teodoro Prata disse...

A requalificação da casa Hipólito Raposo é um bom exemplo do que as Câmaras não devem fazer nas freguesias: fazer obras sem sequer consultar as juntas de freguesia e outras instituições locais sobre os projetos.

Anônimo disse...

Este era o ponto da minha projectada segunda entrega no âmbito desta discussão.
Assino por baixo do nosso património religioso como um dos pontos fortes de SVB.
Começando pelo acervo da arte sacra: recuperá-lo, sim senhor; instalá-lo, sim senhora. Acrescento: estudá-lo, conhecê-lo, passos necessários para o expor e o divulgar. O mais fácil (apesar das dificuldades inerentes) nestas coisas é instalar - o busílis está no que se faz com o acervo, no mínimo manter abertas as ditas instalações e visitável o acervo. Um caminho pode ser contratar alguém - pode ser feito através de uma bolsa, contratualizada e calendarizada - que faça esse trabalho.
Em segundo lugar, o restante património religioso católico - quem me antecedeu neste tema já escreveu o que basta, para já.
Terceiro: o património religioso de SVB não se esgota na dimensão católica. Um projecto deste tipo, a meu ver, deverá integrar o nosso passado judeu e o nosso passado da sua "liquidação". Com linhas diferentes, mas complementares: 1-conhecer esse passado (as pessoas, sua origem e vida em SVB, as práticas religiosas, e o seu devir enquanto comunidade, integrada ou separada, o que tiver sido); 2-integrar esse conhecimento numa geografia exterior a SVB, que abrange designadamente, mas não só, Idanha-a-Nova, de onde vieram para SVB muitos dos "judeus de SVB". 3-integração de SVB na rede nacional das judiarias e tirar partido (cultural, económico, etc.) dessa ligação.
Pontos fracos - se tem de ser: potencial deste projecto para ser identificado e assumido pela comunidade, os seus elementos mais activos e por quem tem (algum) poder como um dos 3 grandes desafios para os próximos, digamos, 5 anos.
Cumprimentos.
José Miguel Teodoro, do Casal