terça-feira, 27 de julho de 2021

Swot - Arte sacra

 Este texto é um dos comentários à publicação anterior, mas é demasiado importante para ficar lá "escondido", sobretudo por conter elementos novos.

Este era o ponto da minha projectada segunda entrega no âmbito desta discussão.

Assino por baixo do nosso património religioso como um dos pontos fortes de SVB.

Começando pelo acervo da arte sacra: recuperá-lo, sim senhor; instalá-lo, sim senhora. Acrescento: estudá-lo, conhecê-lo, passos necessários para o expor e o divulgar. O mais fácil (apesar das dificuldades inerentes) nestas coisas é instalar - o busílis está no que se faz com o acervo, no mínimo manter abertas as ditas instalações e visitável o acervo. Um caminho pode ser contratar alguém - pode ser feito através de uma bolsa, contratualizada e calendarizada - que faça esse trabalho.

Em segundo lugar, o restante património religioso católico - quem me antecedeu neste tema já escreveu o que basta, para já.

Terceiro: o património religioso de SVB não se esgota na dimensão católica. Um projecto deste tipo, a meu ver, deverá integrar o nosso passado judeu e o nosso passado da sua "liquidação". Com linhas diferentes, mas complementares: 1-conhecer esse passado (as pessoas, sua origem e vida em SVB, as práticas religiosas, e o seu devir enquanto comunidade, integrada ou separada, o que tiver sido); 2-integrar esse conhecimento numa geografia exterior a SVB, que abrange designadamente, mas não só, Idanha-a-Nova, de onde vieram para SVB muitos dos "judeus de SVB". 3-integração de SVB na rede nacional das judiarias e tirar partido (cultural, económico, etc.) dessa ligação.

Pontos fracos - se tem de ser: potencial deste projecto para ser identificado e assumido pela comunidade, os seus elementos mais activos e por quem tem (algum) poder como um dos 3 grandes desafios para os próximos, digamos, 5 anos.

José Miguel Teodoro

3 comentários:

José Teodoro Prata disse...

Esta problemática dos cristãos-novos é muito pertinente. O futuro museu prevê um espaço de exposições temporárias que poderá ser aproveitado para mostrar imagens e localização dos nossos cruciformes gravados nos portados. Será um ponto de partida (o espaço interior da casa é diminuto para tanta arte sacra), que terá de ser acompanhado pelo tal levantamento (bem mais difícil) dos nossos cristãos-novos. Sem isso, não conseguiremos a integração na rede de judiarias.

José Barroso disse...

Seria uma boa política essa da 'descoberta' dos nossos cristãos-novos. Sempre gostei de História, mas não estou desperto para algumas coisas e não me estou a lembrar de nenhuma porta com a cruz e se calhar já passei por algumas. Mas deve haver outros sinais culturais da presença de judeus. E isso deve ser excitante porque põe à prova a arte da dissimulação dos judeus em face da perseguição dos esbirros da Inquisição. Basta lembrar o caso das alheiras! Isso será tanto mais difícil quanto se desconhecem os referidos sinais das comunidades judias.
Abraços, hã!
JB

M. L. Ferreira disse...

No livro “Inquisição e Independência- um Motim no Fundão ” de Maria Antonieta Garcia, encontramos a referência a uma cristã-nova, natural de Alpedrinha, casada com Francisco Nunes Ribeiro, natural de São Vicente da Beira. Só terão tido uma filha nascida em 1761.
Se não me enganei muito na pesquisa, Francisco Nunes era filho de João Nunes Lopes, de SVB, e de Brites Maria, de Monforte, e neto de Francisco Lopes e Constança Nunes, ambos de SVB. Seriam todos cristãos-novos?
Num artigo de Joaquim Candeias da Silva, na monografia da Póvoa de Rio de Moinhos, também diz que foram processados 12 indivíduos naturais ou residentes em SVB por suspeita de judaísmo. Onde é que se poderão encontrar estas pessoas?
Na Internet encontrei um artigo que refere algumas marcas que podem ser de cristãos-novos residentes em SVB: Rua Velha - nº 16; Rua da Costa – nº 20; Rua Manuel Simões – nº 25; Rua Manuel Lopes – nº 8; Rua da Cruz – nº 10 (casa da roda). Mas, segundo o mesmo Joaquim Candeias da Silva, estas marcas em forma de cruz podem não corresponder necessariamente à presença de cristãos-novos nessas casas. Havia cristãos-velhos que também os gravavam para afirmar a sua fé.
Pelos vistos há muito trabalho a fazer…