Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
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segunda-feira, 19 de novembro de 2018
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
A Praça
A Praça é o centro social, político e religioso do nosso pequeno mundo.
Há muitas fotografias tiradas na Praça, algumas já aqui publicadas.
A Luzita Candeias enviou-me uma, a preto e branco, onde está o seu avô Bernardino Candeias. Fui ao meu album e encontrei outra.
São ambas da segunda metade da década de 70 e foram tiradas quase no mesmo local, no canto da Praça, junto à sacristia da Igreja Matriz.
Há muitas fotografias tiradas na Praça, algumas já aqui publicadas.
A Luzita Candeias enviou-me uma, a preto e branco, onde está o seu avô Bernardino Candeias. Fui ao meu album e encontrei outra.
São ambas da segunda metade da década de 70 e foram tiradas quase no mesmo local, no canto da Praça, junto à sacristia da Igreja Matriz.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Tardes de Verão
São lindíssimos, os Jardins do Luxemburgo, em Paris. Mais do que o palácio, as árvores e os jardins, chamaram-me a atenção os carrocéis, os passeios de pónei, as esplanadas, o teatro de marionetes e as cadeiras espalhadas por todo o espaço, usadas livremente por quem ali vinha descansar. Um grupo de crianças utilizava-as como balizas de futebol.
Ao percorrê-los, recordei a Praça de São Vicente da Beira, nos finais dos anos setenta.
Nessa década, Portugal atingiu o maior crescimento demográfico alguma vez registado. A emigração abrandara, por força da crise mundial de 1973 e um pouco também pela crença de que a Revolução do 25 de Abril traria tempos melhores. Os soldados tinham regressado da Guerra Colonial e com eles vieram também muitos portugueses que viviam nas nossas ex-colónias africanas.
A nossa terra atingiu, então, o máximo de população que alguma vez tivera ou virá a ter, a curto e médio prazo. A Praça enchia-se de gente. Todas as tardes de domingo pareciam segunda-feira do Santo Cristo. Uns sentavam-se nos muros e outros nos bancos. Crianças corriam de um lado para o outro, andava-se de bicicleta e jovens penduravam um cesto de basquete no ramo de uma árvore e tentavam encestar.
Havia então frondosas olaias em toda a volta da Praça e era à sua sombra que os vicentinos se protegiam do sol quente. Por vezes, uma bola, uma bicicleta ou uma criança chocava com um adulto, ouvia-se um ralho, mas tudo voltava à serenidade de uma tarde estival.
Depois a sociedade tornou-se muito disciplinadora e acabaram os jogos e as bicicletas. E vieram uns jardineiros da Câmara cortar as pernadas das olaias. Deixaram só os troncos, onde, em cada Primavera, rebentavam umas tímidas folhas e flores, insuficientes para abrigar os poucos vicentinos que resistiram ao chamamento das cidades.
Já não são olaias, as árvores da nossa Praça. A sociedade continua demasiado preocupada com a segurança e rareiam ainda as pessoas.
Mas, o tempo que passou, já passou. Não vale a pena olhar para trás. A cada dia, constroem-se novos sonhos e vivem-se outros momentos, também únicos para alguém.
Fotos da Filipa Teodoro
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sexta-feira, 17 de julho de 2009
Escola Primária
A fotografia é do Pedro Gama Inácio, mas desconhece-se quem foi que fotografou todas estas crianças da Escola Primária. O pelourinho serve de palco e ao fundo vê-se o edifício da antiga Câmara, adaptado a Escola Primária. Frequentei-a entre Setembro de 1964 e Outubro/Novembro de 1967, guardo uma vaga ideia desta fotografia de grupo, mas não consigo identificar ninguém.
(Clicar na imagem para ver melhor)
Subíamos o balcão e estávamos na Escola. Éramos mais de cem, para 4 professores. Mas, coisa esquisita a Escola, tão diferente do nosso mundo de caminhos, leirões, cabras, mato, água… Coisas que não eram nossas e nem sabíamos imaginar: escrita, livros, SALAZAR, caminhos-de-ferro, cidades…
E a pedra, onde se escrevia com ponteiros? Apagávamos com um pano húmido, de cuspo às vezes, e servia de novo. E com aparos de arame rachado, molhados na tinta dos tinteiros, para a escrita no papel. Trabalho para mestres, que não eu.
E levávamos porrada. Por cada erro no ditado, uma reguada. Um problema mal, duas ou três. Em casa não queriam saber. A professora tinha sempre razão. Uma dupla temível!
O almoço era na cantina “Senhora da Orada”, obra da Igreja, situada nas traseiras da Matriz, onde hoje existe um mini-mercado. Além da comida, davam-nos uma colherada de óleo de fígado de bacalhau, no final do Outono. Um horror, atalhado a gomos de tangerina!
Mas era uma refeição certa, que nos dispensava correrias até casa, para engolir um caldo à pressa. Porque a hora do almoço era sagrada para as brincadeiras. Cada uma tinha a sua época, todas no terreiro da Praça: o pião, a mosca, o espeta, a apanhada e outras mais.
Quando o tempo ficava quente, os outros contavam as histórias dos mergulhos no Pelome. Um dia, à saída, eu e o meu primo João (João Prata Candeias) deixámo-nos tentar. Ainda passámos a Estrada Nova, mas nunca mais chegávamos e as cabras na loja, à espera…
No início da minha 4.ª classe, por volta dos santorinhos de 1967, mandaram-nos mudar para a nova escola. Já conhecia a Estrada Nova, do tempo das cerejas. Nas bordas da estrada, a intervalar com as tílias, havia cerejeiras bravas e a elas trepávamos, sumindo-nos na ramagem, com medo da Guarda. No chão, caíam cerejas para os menos afoitos.
Foi uma manhã de mudanças, um carreirinho de formigas entre a velha e a nova escola. A mim e ao meu primo João coube-nos guardar a porta da escola nova, do lado dos rapazes, a poente.
Mesas novas, direitas, a cheirar a resina, mas o campo era inclinado e a bola rebolava melhor para baixo do que para cima. A verdade desportiva, como hoje se diria, ficou comprometida. Que saudades do terreiro da Praça!
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