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quarta-feira, 22 de maio de 2024

Conta-me histórias, 3

 A romaria da Senhora da Orada

Este local mítico e sagrado, principalmente para nós vicentinos, é um espaço de que todos nós temos uma história para contar.

Recuo 60 anos atrás e revejo-me, juntamente com os meus irmãos já nascidos, atrás da minha mãe e do meu pai, ela com o cabaz à cabeça e ele com o garrafão na mão. Vimos caminhando pelo Cimo de Vila, passando pelo Ribeiro Dom Bento, em direção à Senhora da Orada. Revejo a alegria de outras famílias que encontramos pelo caminho, com a filharada atrás, rumando todos no mesmo sentido.

Mas antes, na véspera, estou a rever a minha mãe na preparação da merenda: fritar o frango (ainda hoje sinto esse cheiro), os bolos de bacalhau e os ovos verdes; na parte da doçaria, fazer os esquecidos, os bolos de azeite e pão-leve; no dia a seguir, de manhã cedo, fazer o arroz-doce e meter tudo no cabaz. O meu pai pega no garrafão de vinho e cá vimos nós todos contentes em direção à ermida.

À chegada, vamos à procura de um lugar onde todos, os de casa, os meus avós, os meus tios do Casal e primos, confraternizamos alegremente.

Com o tempo, tudo mudou e ainda bem. Hoje vimos de carro e foram feitas instalações modernas, sendo o principal mentor o Zé Pasteleiro, que pelo seu empenho e interesse de renovação lhe deixo aqui o meu elogio. Tem-nos oferecido no sábado, véspera da romaria, uma noite agradável, com música acompanhada do frango assado (infelizmente este ano substituído pela jardineira) e outras iguarias.

João Maria dos Santos

domingo, 22 de maio de 2011

Na romaria da Orada


A ermida, com a casa do ermitão mais acima.


A Senhora engalanou-se para a sua festa.


Matando a sede, numa pausa da dança.


As cantadeiras do rancho, em plena função.


Ainda há Nossas Senhoras de açúcar!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Nossa Senhora da Orada

A romaria é já no próximo fim de semana. Há que combinar a merenda e treinar as cantigas!

Nossa Senhora d´Orada
P´ra lá vou eu agora
Meu coração cada dia
Minha alma a toda a hora

Nossa Senhora d´Orada
O Vosso sino não soa.
Mandai vir um depressa
Da cidade de Lisboa.

Nossa Senhora d´Orada
Vossa capela cheira
Cheira a cravo, cheira a rosa
Cheira a flor de laranjeira

Nossa Senhora d´Orada
Quem vos varreu a capela
Foram as moças de São Vicente
Com um ramo de marcela

Nossa Senhora d´Orada
Quem vos varreu o terreiro
Foram as moças de São Vicente
Com um ramo de loureiro

Nossa Senhora d´Orada,
Que vive ao pé da serra
É a estrela mais brilhante
Que temos na nossa terra.

Nossa Senhora d´Orada,
Vinde abaixo à ribeira
A ver a mocidade
De São Vicente da Beira.

Nossa Senhora d´Orada,
Tem uma ´strela na testa
Que lhe puseram os pastores
No dia da sua festa.

Nossa Senhora d´Orada,
Tem uma estrela no manto
Que lha puseram os pastores
No dia do Espírito Santo

Nossa Senhora d´Orada
Meu coração lá me fica
Preso ao Vosso altar
Com vara e meia de fita.

Nossa Senhora d´Orada,
O Vosso terreiro é chão.
Este ano está de relva
Mas para o ano dará pão.

Nossa Senhora d´Orada
Vossa água tem virtude.
Com ela tantos doentes
Recuperam a saúde!

Nossa Senhora d´Orada
Tem um sino no telhado,
Para chamar os pastores
Que andam na serra com o gado.

Nossa Senhora d´Orada
Meu coração lá me fica
Preso ao Vosso altar
Com vara e meia de fita.

Nossa Senhora d´Orada
As costas Vos vou virando,
Minha boca se vai rindo
E os olhos cá vão chorando.

Recolha de João Caldeira dos Reis Couto, José Teodoro Prata e Maria Isabel dos Santos Teodoro.


Eu e a minha irmã Eulália, com o cabaz da merenda, nos Carqueijais, a caminho da Senhora da Orada, em 1976.