A romaria da Senhora da Orada
Este local mítico e
sagrado, principalmente para nós vicentinos, é um espaço de que todos nós temos
uma história para contar.
Recuo 60 anos atrás e
revejo-me, juntamente com os meus irmãos já nascidos, atrás da minha mãe e do
meu pai, ela com o cabaz à cabeça e ele com o garrafão na mão. Vimos caminhando
pelo Cimo de Vila, passando pelo Ribeiro Dom Bento, em direção à Senhora da
Orada. Revejo a alegria de outras famílias que encontramos pelo caminho, com a
filharada atrás, rumando todos no mesmo sentido.
Mas antes, na véspera,
estou a rever a minha mãe na preparação da merenda: fritar o frango (ainda hoje
sinto esse cheiro), os bolos de bacalhau e os ovos verdes; na parte da doçaria,
fazer os esquecidos, os bolos de azeite e pão-leve; no dia a seguir, de manhã
cedo, fazer o arroz-doce e meter tudo no cabaz. O meu pai pega no garrafão de
vinho e cá vimos nós todos contentes em direção à ermida.
À chegada, vamos à
procura de um lugar onde todos, os de casa, os meus avós, os meus tios do Casal
e primos, confraternizamos alegremente.
Com o tempo, tudo mudou
e ainda bem. Hoje vimos de carro e foram feitas instalações modernas, sendo o
principal mentor o Zé Pasteleiro, que pelo seu empenho e interesse de
renovação lhe deixo aqui o meu elogio. Tem-nos oferecido no sábado, véspera da
romaria, uma noite agradável, com música acompanhada do frango assado
(infelizmente este ano substituído pela jardineira) e outras iguarias.
João Maria dos Santos