quarta-feira, 22 de maio de 2024

Conta-me histórias, 3

 A romaria da Senhora da Orada

Este local mítico e sagrado, principalmente para nós vicentinos, é um espaço de que todos nós temos uma história para contar.

Recuo 60 anos atrás e revejo-me, juntamente com os meus irmãos já nascidos, atrás da minha mãe e do meu pai, ela com o cabaz à cabeça e ele com o garrafão na mão. Vimos caminhando pelo Cimo de Vila, passando pelo Ribeiro Dom Bento, em direção à Senhora da Orada. Revejo a alegria de outras famílias que encontramos pelo caminho, com a filharada atrás, rumando todos no mesmo sentido.

Mas antes, na véspera, estou a rever a minha mãe na preparação da merenda: fritar o frango (ainda hoje sinto esse cheiro), os bolos de bacalhau e os ovos verdes; na parte da doçaria, fazer os esquecidos, os bolos de azeite e pão-leve; no dia a seguir, de manhã cedo, fazer o arroz-doce e meter tudo no cabaz. O meu pai pega no garrafão de vinho e cá vimos nós todos contentes em direção à ermida.

À chegada, vamos à procura de um lugar onde todos, os de casa, os meus avós, os meus tios do Casal e primos, confraternizamos alegremente.

Com o tempo, tudo mudou e ainda bem. Hoje vimos de carro e foram feitas instalações modernas, sendo o principal mentor o Zé Pasteleiro, que pelo seu empenho e interesse de renovação lhe deixo aqui o meu elogio. Tem-nos oferecido no sábado, véspera da romaria, uma noite agradável, com música acompanhada do frango assado (infelizmente este ano substituído pela jardineira) e outras iguarias.

João Maria dos Santos

2 comentários:

M. L. Ferreira disse...

A história que muitos temos para contar sobre a romaria à Senhora da Orada é igual à que o João Maria aqui nos deixa. A fotografia também. E é isso que traz alguma nostalgia e muita saudade.

José Teodoro Prata disse...

Tenho uma foto parecida, todos teremos. A participação do João Maria nesta 3.ª tertúlia foi uma boa surpresa!