Eis-nos mais uma vez com os minerais dos Paulinos, pai e filho. E temos de voltar muitas vezes, pois a sua grandeza é equivalente ao esquecimento a que estão votados, na linha. aliás, das declarações do João Paulino no final desta notícia do jornal Reconquista da semana passada.
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
terça-feira, 7 de setembro de 2021
Os minerais dos Paulinos
sexta-feira, 3 de setembro de 2021
Gestão da Gardunha
Andei por fora e por isso só agora li o artigo do João Carvalhinho sobre a serra da Gardunha publicado no jornal Reconquista de 12 de agosto.
Em 2017, na sequência do grande incêndio que devastou a nossa serra, acreditei piamente nas autoridades que prometiam reflorestar a Gardunha com árvores autóctenes e criar um banco de sementes para esse fim. Por isso entreguei na nossa junta de freguesia sacos com cerca de meia dúzia de quilos de bolotas de sobreiro e carvalho. Logo na altura tive a sensação de que estava a fazer figura de parvo, mas mantive a minha atitude, por uma questão de cidadania. Afinal foi mesmo inútil o tempo que passei pelas bermas de ruas e estradas a apanhar bolotas.
Sei agora, pelo artigo do João Carvalhinho, que podia ter sido diferente. Lamentável! Em jeito de reflexão Swot, deixo a ideia/reivindicação aos candidatos a cargos autárquicos nas próximas eleições.
José Teodoro Prata
quinta-feira, 29 de julho de 2021
Testamentos
Fazer testamento dos bens que se possuíam era uma prática comum já em várias civilizações antigas. Tinham como função principal expressar as últimas vontade do testador e, de certa forma, também a intenção de perpetuar a memória do falecido e a gratidão dos que eram beneficiados. Por vezes revelavam também a intenção de continuar a exercer algum poder e controlo social para além da morte.
Em Portugal há referência a este documento desde quase a sua origem, nomeadamente nas indicações que os forais já davam sobre a forma como os bens da família podiam passar para o cônjuge ou para os descendentes, a equidade na partilha, a herança de dívidas, a validade do documento, etc. Mas terá sido pelas Ordenações Afonsinas, no século XV, que, de forma mais clara, ficaram estabelecidas as leis que regulamentavam esta matéria.
Pela grande influência da Igreja na vida das pessoas, orientando-as na prática das virtudes terrenas com vista a alcançarem as graças divinas, os testamentos, para além da indicação sobre a partilha dos bens materiais da família, refletiam também o medo e a preocupação com a vida para além da morte. Será devido a estas preocupações que, ao percorrermos os registos de óbito do século XVIII, disponíveis nos Registos Paroquiais, encontramos a transcrição de muitos testamentos, o que parece paradoxal, sabendo que a maior parte da população, por ser pobre, não tinha bens para legar aos descendentes ou outros familiares (em muitas das situações em que o falecido não tinha feito testamento ou codicilo, um espécie de testamento mais simples, o pároco dizia que era “por ser pobre”, o que, naquele tempo, significaria que não tinha quaisquer meios de sobrevivência; nestes casos a missa e o funeral eram feitos gratuitamente, por amor de Deus).
Para assegurar o perdão dos pecados cometidos e, muitas vezes, legitimar a aquisição e usufruto dos bens materiais durante a vida, uma parte muito significativa das disposições dos testamentos era dedicada a enumerar as missas, esmolas e outras obras de caridade a serem feitas após a morte do testador. Começavam quase todos da mesma maneira: a escolha da mortalha, o local da sepultura, quem iria acompanhar o funeral, as missas pela própria alma e pelas dos familiares (em alguns casos chegavam a ser às centenas), as esmolas aos pobres, à Igreja e às ordens religiosas, etc. Só depois de todas estas vontades bem descriminadas, surgiam as disposições relativas aos bens materiais: nomeação dos herdeiros e repartição da herança, e, se fosse o caso, pagamento de dívidas feitas em vida pelo autor do testamento.
No caso de pessoas com poucas posses, o testamento limitava-se quase sempre a referir o local da sepultura, as missas pela alma do próprio e outros familiares mais próximos, e a indicar alguns familiares a quem eram deixadas as roupas de uso pessoal ou de casa (quase sempre já usadas), alguns “trastes” de mobiliário e animais domésticos.
Este testamento de Maria de Lemos Franca, falecida em 28 de fevereiro de 1766, é um bom exemplo do que eram as últimas vontades e a mentalidade de uma pessoa daquela época:
Deixo o essencial, mas ampliando o documento, consegue ler-se quase tudo.
Começa por dizer que quer que o seu corpo seja envolto no hábito de São Francisco e sepultado na igreja matriz, junto do altar de Nossa Senhora do Rosário; pede depois que seja acompanhada pelas Irmandades de que é irmã e que lhe seja feito um Ofício de nove (?) e que a ele assistam os padres que seus herdeiros determinarem (controlo da vida dos filhos depois da sua morte); que se lhe digam uma missas ao Anjo da Guarda, uma a Nossa Senhora da Piedade, uma a Santa Catarina, uma a São Francisco e Santo António, uma a São Vicente e uma a São José; que sejam ditas duas missas pelas penitências mal cumpridas, três pela sua alma, três pela alma de seu marido, três pela de seus pais e uma pela de sua tia; todas as missas seriam mandadas dizer por seus testamenteiros pela esmola de cem reis.
Depois destas disposições de carater mais espiritual, nomeia os seus herdeiros forçados (?), filhos legítimos tidos do casamento com Manuel de Andrade: Vicente José de Azevedo, Maria Joaquina de Andrade e Martinho de Andrade constituindo-os seus herdeiros universais e pedindo que sejam seus testamenteiros. Seguem-se depois as suas vontades quanto à divisão dos bens pelos filhos. É interessante a referência aos Canavéis de Cima e a umas casas que seriam de seus tios Simões e confinavam com as de sua filha Joaquina.
Outra referência interessante neste testamento é a que faz a uma rapariga chamada Manuela Maria, que teria na altura cerca de vinte anos e era pobre. Diz que é filha de Manuel de Andrade (seu marido?), e que vivia em sua casa desde os oito anos de idade, servindo-a a ela e a seus filhos sem nunca lhe ter sido retribuído o trabalho senão com algumas vestiduras. Pede que lhe sejam dados dezanove mil e duzentos reis e alguma roupa de cama e de vestir pelo muito trabalho que tem tido naquela casa e é bem merecida. Tudo isto por descargo de consciência, como diz.
Por último, declara que tem algumas dívidas que os filhos também conhecem e que, por terem sido feitas pelo casal, pede que sejam pagas com o dinheiro da herança.
Por este exemplo, que é relativamente simples comparado com outros que podemos encontrar nos Registos Paroquiais, conseguimos, entre outras coisas, perceber a importância dos testamentos para a compreensão das mentalidades e da vida social e económica de determinada época. Dão-nos também conta da demografia, das relações familiares próximas e de parentesco mais alargado ou de vizinhança. Dão ainda informação sobre as instituições religiosas existentes em cada localidade e do poder que exerciam sobre as pessoas, mesmo as mais ricas e informadas.
M. L. Ferreira
terça-feira, 27 de julho de 2021
Swot - Arte sacra
Este texto é um dos comentários à publicação anterior, mas é demasiado importante para ficar lá "escondido", sobretudo por conter elementos novos.
Este era o ponto da minha projectada segunda entrega no âmbito desta discussão.
Assino por baixo do nosso património religioso
como um dos pontos fortes de SVB.
Começando
pelo acervo da arte sacra: recuperá-lo, sim senhor; instalá-lo, sim senhora.
Acrescento: estudá-lo, conhecê-lo, passos necessários para o expor e o
divulgar. O mais fácil (apesar das dificuldades inerentes) nestas coisas é
instalar - o busílis está no que se faz com o acervo, no mínimo manter abertas
as ditas instalações e visitável o acervo. Um caminho pode ser contratar alguém
- pode ser feito através de uma bolsa, contratualizada e calendarizada - que
faça esse trabalho.
Em
segundo lugar, o restante património religioso católico - quem me antecedeu
neste tema já escreveu o que basta, para já.
Terceiro:
o património religioso de SVB não se esgota na dimensão católica. Um projecto
deste tipo, a meu ver, deverá integrar o nosso passado judeu e o nosso passado
da sua "liquidação". Com linhas diferentes, mas complementares:
1-conhecer esse passado (as pessoas, sua origem e vida em SVB, as práticas
religiosas, e o seu devir enquanto comunidade, integrada ou separada, o que
tiver sido); 2-integrar esse conhecimento numa geografia exterior a SVB, que
abrange designadamente, mas não só, Idanha-a-Nova, de onde vieram para SVB
muitos dos "judeus de SVB". 3-integração de SVB na rede nacional das
judiarias e tirar partido (cultural, económico, etc.) dessa ligação.
Pontos
fracos - se tem de ser: potencial deste projecto para ser identificado e
assumido pela comunidade, os seus elementos mais activos e por quem tem (algum)
poder como um dos 3 grandes desafios para os próximos, digamos, 5 anos.
José Miguel Teodoro
sábado, 24 de julho de 2021
Mais Swot
A nossa arte sacra
Este assunto é para mim uma dor d´alma, como se costuma dizer. Neste caso, o positivo e o negativo são tão fortes que se equilibram, desequilibrando-me.
Pontos
fortes:
- A nossa arte sacra vai da pintura à escultura (estatuária e
relevo em pedra e metal) e da arte fixa à móvel.
- É rica e diversa, incidindo sobretudo no período manuelino-renascentista.
- A Santa Casa está a trabalhar num projeto de recuperação da
Igreja da Misericórdia, nomeadamente da estrutura do teto e da sua pintura.
- Recentemente, parte da nossa arte sacra foi recuperada com
vista à organização de um museu de arte sacra.
- Está projetado um museu de arte sacra em São Vicente da Beira.
- É possível fazer um roteiro turístico com a nossa arte
sacra.
- O museu de arte sacra e a nossa rota turística garantiriam
pelo menos a contratação de uma pessoa, o que significa a fixação/permanência
de uma família em São Vicente; ainda a vinda de forasteiros e o serviço de
refeições, já sem falar da hipótese de realização de residências artísticas.
Pontos fracos:
- Tal como noutros assuntos, poucos são os vicentinos a
valorizar esta nossa riqueza, em parte porque muito poucos a conhecem
verdadeiramente e por isso ignoram o seu potencial.
- Continua a desfazer-se em pó o retábulo da Igreja de São
Francisco do antigo convento das religiosas franciscanas atualmente na capela
da Senhora da Orada (felizmente, a Partida já recuperou o seu retábulo
franciscano, originário de um convento do Fundão).
- O projeto de um museu de arte sacra conheceu tantas vicissitudes
que já podemos duvidar da sua concretização: escolha de um edifício (casa
Hipólito Raposo, à Fonte Velha) sob o qual corre uma nascente de água no
inverno; reconstrução do edifício sem a necessária impermeabilização do pátio e
das valetas exteriores, assim como a não inclusão das janelas na recuperação, não
tendo sido reparadas atempadamente as falhas e por isso estando perdida quase
toda a recuperação feita; mudança do responsável do projeto, após um ou dois
anos de trabalho; fraquíssimo empenho da Câmara Municipal e das instituições de
São Vicente na sua concretização.
José Teodoro Prata
quarta-feira, 21 de julho de 2021
Vamos discutindo o preço insuportável dos combustíveis enquanto podemos
Esta coisa das alterações climáticas tem muito que se lhe diga. Deixo-vos com este artigo, tirado do blog Estátua de Sal, que mostra a complexidade desta problemática.
(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 19/07/2021)
O debate estrutural não é como manter
preços dos combustíveis baixos. Não acontecerá. As pessoas têm de ser capazes
de pagar as suas deslocações, mas as soluções de longo prazo terão de vir de
transportes públicos gratuitos e de qualidade; políticas públicas de habitação
agressivas; um investimento sem precedentes na ferrovia; e uma revolução
económica inevitável que distribua riqueza em vez de a concentrar. Se estes
debates forem perdidos, os negacionistas das alterações climáticas terão outros
para oferecer.
Um estudo da “Nature” da semana passada concluiu que a
região sudeste da Amazónia está, pela primeira vez, a emitir mais dióxido de
carbono do que aquele que é capaz de absorver. Esta alteração dramática para o
planeta deve-se a uma maior variabilidade do clima e à morte precoce
árvores. A deflorestação só abreviou o processo. Entrámos naquela fase em que
as alterações climáticas aceleram os próprios fatores de alterações climáticas,
numa espiral infernal que rapidamente se tornará imparável.
Já não é preciso fazer um esboço dos
efeitos desta espiral. Podemos vê-las na televisão, com temperaturas recorde
nos EUA e no Canadá ou enchentes assustadoras na Alemanha. Podemos senti-las
nas nossas vidas, ano após ano, cada vez mais assustadoras. A catástrofe
climática anunciada já é de tal forma evidente nas nossas vidas que muitos
deveriam ir apagar muitas piadinhas que escreveram sempre que fazia mais frio.
Também na semana passada, Bruxelas aprovou a meta de reduzir em 55% as
emissões de CO2 até 2030. A meta, que parece quase impossível de atingir, está
longe de ser ambiciosa. As associações ambientalistas afirmam que esta meta é ineficaz e não se baseia
na ciência. Que seria necessária uma redução de pelo menos 65%. Seja como for,
a Comissão também propõe banir a construção de novos carros a gasolina e
gasóleo até 2035. Dito assim, muitos acreditarão que basta trocar de carro e
tudo pode seguir como antes. Não pode, como percebemos sempre que discutimos as
alternativas energéticas para mantermos a vida que temos. Descobrimos sempre que
é insustentável se não mudarmos algumas coisas essenciais no nosso modo de
vida. E tratam-se de escolhas coletivas e não, como gostam os que preferem
abandonar a política para falar de ambiente, opções privadas com efeitos quase
irrelevantes e acessíveis a muito poucos.
Enquanto estes debates se fazem, há dia
a dia das pessoas. Os preços dos combustíveis atingem níveis insuportáveis. Não
apenas em Portugal, mas em Portugal tem outro impacto nas despesas dos
cidadãos. É absurdo dar lições ambientalistas a quem não sabe como pagar as
suas deslocações diárias. Mas, mesmo que o cartel dos retalhistas seja vencido
e que se baixem os impostos sobre os combustíveis, não é provável, com o
caminho que o mundo leva, que os preços venham a baixar nos próximos anos. Nem
podem. O debate politicamente sério não é esse. Nem seguramente como reduzir as
ciclovias para não atrapalhar o trânsito. Dizer isto não é dizer que nos
estamos nas tintas para os problemas quotidianos das pessoas. É que as soluções
a longo prazo para esse quotidiano terão de vir de outro lado e não podem ser
exclusivamente fiscais.
Os ecoliberais, grupo ideológico que
crescerá à medida que a catástrofe se torne mais óbvia e o mercado se tenha de
adaptar a ela, virão defender a seleção natural nesta nova era. Como em tudo, o
mercado resolverá e as vítimas do costume serão danos colaterais. Os que “não
se sabem adaptar”. Este discurso apenas levará o povo para as fileiras dos que
lhe ofereçam a resposta fácil: não é preciso fazer nada porque o problema não existe.
E é por isso que o debate ambiental, que tem sido enganadoramente técnico e por
isso enganadoramente consensual, terá de ser apropriado pela política. Terá,
horror dos horrores, de se ideologizar. As alterações climáticas não são
ideológicas. Reagir a elas é apenas uma questão de sobrevivência. Mas a forma
como isso será feito, quem fica pelo caminho e em que sociedade viremos é
política.
O debate estrutural não é como manter
preços de combustíveis baixos. Não acontecerá. É como ter transportes públicos
urbanos e suburbanos gratuitos e de qualidade. Tão essencial para cada um e
para todos, se queremos tirar quase todos os carros da rua, como a saúde e a
educação. É como ter políticas públicas de habitação agressivas – também
viradas para a classe média, mesmo que isso leve a ondas virais populistas de
indignação dos que acham que o Estado Social deve ser voltar a ser um Estado
assistencialista – que travem o êxodo para as periferias. É sobre um
investimento sem precedentes na ferrovia e na alta velocidade, de que estamos
deligados e por isso dependentes do avião. É, por fim, como conseguir que a
revolução económica que inevitavelmente acontecerá crie mais emprego do que
aqueles que destruirá e distribua riqueza em vez de a concentrar.
Se todos estes debates forem perdidos, os negacionistas – os teóricos, que recusam a realidade, e os práticos, que a aceitam, mas comportam-se como se ela não existisse – terão outro discurso para oferecer. Serão eles que levarão a melhor. Os nossos netos, os seus filhos e os netos deles não deixarão de nos tratar como a mais criminosa de todas as gerações. Com toda a razão.
José Teodoro Prata
domingo, 18 de julho de 2021
Os Sanvicentinos na Grande Guerra
Hermenegildo Marques
Hermenegildo
Marques nasceu em São Vicente da Beira, no dia 25 de dezembro de 1895. Era filho
de Manuel Marques, Guarda-Fiscal, natural do Sobral do Campo, e de Ana Martins.
Assentou
praça no dia 9 de julho de 1914, em Castelo Branco, e foi incorporado no
Regimento de Artilharia de Montanha, em 13 de janeiro de 1915. De acordo com a
sua folha de matrícula, sabia ler e escrever mal e tinha a profissão de
sapateiro. Foi vacinado.
Ficou
pronto da instrução da recruta no dia 24 de maio de 1915 e foi licenciado em 26
do mesmo mês, indo domiciliar-se em Aranhas, Penamacor. Passado pouco tempo,
foi novamente mobilizado e fez parte do contingente de reforço às tropas que se
encontravam em Moçambique. Embarcou no dia 7 de outubro de 1915, integrando a 2.ª
Expedição enviada para o norte daquela província ultramarina.
Tal
como os seus companheiros de expedição, também terá ficado retido durante
alguns meses em Porto Amélia, em muito más condições de higiene, alimentação e
outras, e só em 1916 partiu para a zona de guerra, na fronteira com os
territórios alemães.
Regressou
à Metrópole a 28 de setembro de 1916, vindo residir para São Vicente da Beira. Passou
ao 2.º escalão do Exército e ao 7.º Grupo de Bateria de Reserva, em 31 de dezembro
de 1924, e ao Depósito de Licenciados do Regimento de Artilharia n.º 4, em agosto
de 1926. Em setembro de 1930, passou à Companhia de Trem Hipomóvel e, em 31 de
Dezembro de 1935, passou à reserva, por ter completado 45 anos de idade.
Condecorações:
- Medalha comemorativa das campanhas
em Moçambique;
- Medalha da Vitória.
Família:
Hermenegildo
Marques casou em São Vicente da Beira, com Maria da Ressurreição dos Santos, no
dia 9 de abril de 1918, e foi aqui que lhes nasceram os 3 filhos que tiveram:
- João dos Santos Marques, que casou
com Guilhermina(?) e tiveram 4 filhos;
- António Marques (06/10/19120), que
casou com Ana de Jesus e tiveram 2 filhas;
- Maria da Luz Marques, que casou com
Mário Pedro e tiveram 4 filhos.
Em
1927 o casal domiciliou-se em Lisboa, na rua Cidade de Cardiff, mas regressou a
São Vicente da Beira, em Outubro de 1934. Foram depois viver para a Covilhã,
onde Hermenegildo teve uma oficina de sapateiro. Contam que era um grande
artista e tudo o que fazia (sapatos,
carteiras e outros objetos) eram autênticas obras de arte. Trabalhou nessa
profissão até ao fim da vida.
Dizem
também que era uma pessoa muito alegre e um bom tocador de guitarra. Juntamente
com o seu amigo José Cipriano (José da Silva Lobo), um grande cantador de fado,
e outros rapazes da idade deles, faziam grandes farras percorrendo as ruas da
Vila a tocar e a cantar, parando apenas à porta das tabernas para molhar a
garganta e afinar a voz.
Hermenegildo faleceu ainda novo, na freguesia de Santa Maria Maior, Covilhã, no dia 20 de maio de 1959. Tinha 63 anos.
(Pesquisa feita com a colaboração do neto Carlos Marques Pedro)
Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"