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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Os Sanvincentinos na Grande Guerra

 José Domingos

José Domingos nasceu na Partida, a 18 de Março de 1893. Era filho de António Domingos e Joaquina Freire.

Assentou praça no dia 9 de Julho de 1913, como recrutado, pertencente ao contingente de 1913, a cargo do concelho de Castelo Branco. Foi incorporado no Regimento de Artilharia de Montanha, no dia 13 de janeiro de 1914. De acordo com a sua folha de matrícula, sabia ler, escrever e contar, e tinha a profissão de jornaleiro.

Terminou a instrução da recruta em 4 de julho de 1914, e regressou à sua terra. Foi novamente mobilizado em Agosto desse ano, e destacado para a província de Angola, para onde embarcou em 11 de setembro, integrando a 1ª Expedição enviada para aquela província ultramarina. Chegou a Moçâmedes no dia 1 de Outubro de 1914.

De acordo com a sua caderneta militar, tomou parte na ação do dia 18 de Dezembro de 1914 contra os alemães, fazendo parte das tropas que ocuparam o vau de Calueque. Pertencia ao destacamento do Humbe, onde entrou em 7 de julho de 1915. Fez parte do destacamento de reconquista e ocupação do Cuamato, de 12 a 27 de Agosto, e participou no combata de Chana da Mula, em 24 do mesmo mês, dia em que, com o mesmo destacamento do Cuamato, se reuniu às forças do destacamento de conquista do Cuanham de Mongua. Fez também parte do estacamento da Ngiva, de 4 de setembro de 1915. Regressou à Metrópole, no dia 16 de Novembro de 1915, e desembarcou em Lisboa, a 4 de Dezembro.

Licenciado em 15 de Março de 1916, foi promovido a 1.º Cabo em 9 de Abril. Apresentou-se novamente em 27 de Abril e foi destacado para fazer parte das tropas da 3.ª Expedição enviada para Moçambique. Seguiu viagem no dia 24 de Junho de 1916 e desembarcou no porto de Palma, a 24 de julho. Terá participado nos combates levados a cabo para conquistar o território na margem norte do rio Rovuma, nos quais muitos militares perderam a vida. Felizmente não fez parte desse número e regressou à Metrópole, em 31 de Março de 1918.

Passou ao Batalhão n.º 1 da Guarda-Fiscal, como soldado de Infantaria, em 25 de Outubro de 1918, e novamente ao Regimento de Artilharia de Montanha em 25 de outubro de 1921. Licenciado em 28 de outubro, fixou residência na freguesia dos Olivais, em Lisboa, onde terá feito formação numa área relacionada com o seu percurso profissional futuro.

Em Janeiro de 1922, José Domingos regressou a Moçambique e foi colocado na Companhia do Niassa, no norte de Moçambique (o seu primo Albano Frade, que na altura se encontrava em Lourenço Marques, refere-se a ele, em notas biográficas que deixou, dizendo que José Domingos tinha passado por aquela cidade, em maio de 1922, a caminho do Niassa). Mais tarde exerceu o cargo de Chefe de Posto, na região de Porto Amélia.

Passou à Companhia de Trem Hipomóvel, em 2 de Setembro de 1930, e à reserva territorial, em 31 de Dezembro de 1934.

Condecorações:

·        Medalha das Operações no Sul de Angola 1914-1915;

·        Medalha da Vitória.

Família:

José Domingos voltou à Metrópole uns anos depois e casou com Maria Ana Lourenço, natural dos Pereiros, no dia 21 de Fevereiro de 1927. Era uma rapariga muito bonita, uns anos mais nova que o noivo, e que gostava muito da sua terra. Terá sido por isso que, tendo acompanhado o marido de regresso a Moçambique, e apesar da viagem de núpcias que ele lhe proporcionou através do Canal do Suez, com escalas e passeios pelas várias cidades por onde passaram, nomeadamente Veneza, nunca se adaptou à vida em África, nem superou as saudades da terra. Regressou pouco tempo depois, já grávida da primeira filha, que nasceu em dezembro de 1927.

José Domingos permaneceu em Moçambique por mais alguns anos, nesta altura já como Chefe de Posto da Administração Civil, na região de Porto Amélia. Apesar de alguma insistência por parte da esposa, para que regressasse à terra, só voltou quando a filha estava quase a completar a instrução primária e Maria Ana lhe terá dito que ia pô-la a aprender costura. Foi esta notícia que fez com que José Domingos regressasse mais depressa, porque não estava de acordo com a esposa quanto ao futuro da menina e queria que ela prosseguisse os estudos. Tiveram depois mais uma filha.

As duas filhas de José Domingos e Maria Ana foram:

1.    Aurora de Jesus Domingos Lourenço que casou com Alexandre Domingos Lourenço, do Ninho do Açor, e tiveram 3 filhos;

2.    Emília da Conceição Domingos que casou com Manuel Canário e tiveram 2 filhos.


Embora não tivesse sido muito do agrado de José Domingos, que pretendia mudar-se para uma localidade maior, o casal manteve a residência nos Pereiros, onde construíram uma das maiores casas da terra e se estabeleceram com uma mercearia e uma taberna. Adquiriram também bastantes terrenos de cultivo (alguns já tinham sido comprados por Maria Ana com o dinheiro que o marido lhe enviava de Moçambique) e tinham a sua própria junta de bois com ganhão e um grande rebanho com pastor. Na terra há ainda quem se lembre de o ver a visitar as propriedades montado no seu cavalo, coisa pouco habitual naquela altura.

Talvez por ter estado em África, era um homem de horizontes largos. Gostava de viajar e fez parte da comitiva que acompanhou o Governador de Porto Amélia por vários países vizinhos de Moçambique. Também fez questão que as filhas estudassem, e ambas concluíram o antigo Curso Geral do Liceu (a mais nova formou-se em Assistente Social).

Passados muitos anos, o casal vendeu a casa e o comércio nos Pereiros e mudou a residência para Castelo Branco onde viveu alguns anos. Já no fim da vida, Maria Ana adoeceu e mudaram-se para o Ninho do Açor, para junto da filha mais velha, e foi aí que faleceram os dois.

As netas lembram-se dele, sentado num banco no quintal, a ler o jornal. Quando uma notícia lhe despertava mais a atenção, chamava a filha e punha-se a ler em voz alta. Acontecia isto sempre que via qualquer notícia sobre África, da qual guardou saudades para sempre. 

Maria Ana Lourenço faleceu no dia 13 de abril de 1977. José Domingos teve uma vida mais longa: faleceu no dia 10 de outubro de 1979. Tinha 86 anos de idade. Está sepultado no cemitério do Ninho do Açor.

(Pesquisa feita com a colaboração das netas Maria Cristina Lourenço e Maria Teresa Lourenço)

Maria Libânia Ferreira

Do livro: Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra

domingo, 18 de julho de 2021

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

 Hermenegildo Marques

Hermenegildo Marques nasceu em São Vicente da Beira, no dia 25 de dezembro de 1895. Era filho de Manuel Marques, Guarda-Fiscal, natural do Sobral do Campo, e de Ana Martins.

Hermenegildo e esposa, à esquerda, com o filho ao centro

Assentou praça no dia 9 de julho de 1914, em Castelo Branco, e foi incorporado no Regimento de Artilharia de Montanha, em 13 de janeiro de 1915. De acordo com a sua folha de matrícula, sabia ler e escrever mal e tinha a profissão de sapateiro. Foi vacinado.

Ficou pronto da instrução da recruta no dia 24 de maio de 1915 e foi licenciado em 26 do mesmo mês, indo domiciliar-se em Aranhas, Penamacor. Passado pouco tempo, foi novamente mobilizado e fez parte do contingente de reforço às tropas que se encontravam em Moçambique. Embarcou no dia 7 de outubro de 1915, integrando a 2.ª Expedição enviada para o norte daquela província ultramarina.

Tal como os seus companheiros de expedição, também terá ficado retido durante alguns meses em Porto Amélia, em muito más condições de higiene, alimentação e outras, e só em 1916 partiu para a zona de guerra, na fronteira com os territórios alemães.

Regressou à Metrópole a 28 de setembro de 1916, vindo residir para São Vicente da Beira. Passou ao 2.º escalão do Exército e ao 7.º Grupo de Bateria de Reserva, em 31 de dezembro de 1924, e ao Depósito de Licenciados do Regimento de Artilharia n.º 4, em agosto de 1926. Em setembro de 1930, passou à Companhia de Trem Hipomóvel e, em 31 de Dezembro de 1935, passou à reserva, por ter completado 45 anos de idade.

Condecorações:

  • Medalha comemorativa das campanhas em Moçambique;
  • Medalha da Vitória.

Família:

Hermenegildo Marques casou em São Vicente da Beira, com Maria da Ressurreição dos Santos, no dia 9 de abril de 1918, e foi aqui que lhes nasceram os 3 filhos que tiveram:

  1. João dos Santos Marques, que casou com Guilhermina(?) e tiveram 4 filhos;
  2. António Marques (06/10/19120), que casou com Ana de Jesus e tiveram 2 filhas;
  3. Maria da Luz Marques, que casou com Mário Pedro e tiveram 4 filhos. 

Casal Hermenegildo com familiares

Josefa, sogra de Hermenegildo, natural dos Pereiros

Casal Hermenegildo e sogra (à esquerda) com familiares

Casal da Fraga, 1955

Hermenegildo (em pé) com familiares à porta de Sebastião Jerónimo, no Casal da Fraga

Hermenegildo com a esposa junto da casa da sogra, no Casal da Fraga

Em 1927 o casal domiciliou-se em Lisboa, na rua Cidade de Cardiff, mas regressou a São Vicente da Beira, em Outubro de 1934. Foram depois viver para a Covilhã, onde Hermenegildo teve uma oficina de sapateiro. Contam que era um grande artista e tudo o que fazia (sapatos, carteiras e outros objetos) eram autênticas obras de arte. Trabalhou nessa profissão até ao fim da vida.

Dizem também que era uma pessoa muito alegre e um bom tocador de guitarra. Juntamente com o seu amigo José Cipriano (José da Silva Lobo), um grande cantador de fado, e outros rapazes da idade deles, faziam grandes farras percorrendo as ruas da Vila a tocar e a cantar, parando apenas à porta das tabernas para molhar a garganta e afinar a voz.

Hermenegildo faleceu ainda novo, na freguesia de Santa Maria Maior, Covilhã, no dia 20 de maio de 1959. Tinha 63 anos.

(Pesquisa feita com a colaboração do neto Carlos Marques Pedro)


Maria Libânia Ferreira

Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Os nomes das nossas ruas

Terras de heróis anónimos. Quase sempre homens e mulheres de unhas encardidas e mãos calejadas assim que começavam a ser gente. Uma vida a trabalhar de sol a sol para tirar da terra o sustento dos muitos filhos que Deus lhes dava e tantas vezes lhes levava, mal eram postos no mundo ou no correr da infância, mortos de fome. A melhor fatia do que produziam mal dava para pagarem as rendas àqueles que, por uma ordem social e moral velha, que ninguém contestava, se diziam donos delas. Não ficaram para a História imortalizados no nome de uma rua ou de uma praça. É natural, não haveria ruas nem praças que chegassem para escrever os nomes de tanta gente.

Mas deixaram pegadas por todo o lado que são testemunhos da sua passagem por estas terras. Não precisamos de estender muito o olhar para descobrirmos a herança generosa que nos legaram. É por isso que, com frequência, sinto que os nomes das ruas e lugares das várias povoações da nossa freguesia, não sendo de gente ilustre, são memoriais ao trabalho heroico dos nossos antepassados, incluindo os nossos pais e avós, os que nos estão mais próximos.

Certamente porque a História e a Geografia, mas sobretudo o modo de vida, as necessidades, as ambições e as crenças são comuns, os nomes das ruas, repetem-se ou assemelham-se muitas vezes nas várias aldeias da Freguesia: Rua da Eira, Rua da Fonte, Rua do Forno, Rua do Lagar, Rua da Barroca, Ruas dos Olivais, Rua da Igreja… Constatei isso ao percorrê-las:

 

Casal da Serra

«A aldeia era uma rua inclinada de poente para nascente. Semelhava uma cobra rabiscada por mão de criança. Dela se separam algumas ruelas. Em maior número para norte. Para Sul apenas duas, porque o declive era abismal…» (Albano de Matos, em “A casa Grande”).

Esta rua chama-se agora Rua da Fonte. Registos antigos dizem que já se chamou Rua do Forno, por referência a um forno, propriedade da Casa Grande, gente rica, dona de quase todas as terras ali à roda. O forno era particular, mas, em alguns dias, estava ao serviço da população.

Dela, sobem agora a Rua do Forno, a Rua da Capela, a Rua da Barreira, a Rua da Barragem e a Rua do Lagar.

De todas, a Rua da Lagariça, também para norte, é a que melhor testemunha a presença humana, desde há muito tempo, naquele lugar. As lagariças eram pequenos lagares escavados na rocha, onde se espremiam as uvas e fazia o vinho de forma bastante simples. Terão existido muitas na região da Beira Baixa. Algumas desapareceram, mas as que restam são consideradas pontos de interesse para os locais onde se situam. A do Casal da Serra foi coberta por uma camada de cimento…

Para Sul, correm a Rua da Ribeira, a Rua da Graça e a Rua Da Eira.

Neste conjunto de casas, a construção mais pequena, ao centro, terá sido a primeira habitação da família Simão Candeias. Foi ali que, mais tarde, funcionou também a primeira escola do Casal da Serra.

 

A eira que dá nome à rua ainda existe, à direita das casas, e está capaz de receber uma malha. Assim haja trigo, centeio e cevada, e braços fortes para levantar o mangual.  

 

Paradanta


A origem do nome da povoação - pedra de anta, de acordo com informação do José Teodoro - sugere que o lugar será habitado desde há muito. Pouco mais que a Rua Principal, empoleirada na crista de uma elevação que corre no vale, de norte para sul. Meio escondida, surpreende quem por lá passa.

Nasceram-lhe outras duas, pequeninas, quase ao fundo: a Rua da Tapada, para oeste, e a Rua da Fonte, para leste. 

Até há relativamente poucos anos era esta fonte que abastecia a povoação. A água é tão boa, que mesmo quem já não mora na terra ainda lá vai bebê-la e levá-la para casa. O local, junto duma cascata na ribeira, vale uma visita, pela frescura da água e pela beleza e tranquilidade do lugar.

 

Vale de Figueiras

 

Conta-se que o primeiro habitante do Vale de Figueiras veio desterrado de longe por ter matado um pinto de uma mulher rica e avarenta. Já lá irão muitos anos, mas há quem afirme que ainda existem vestígios da casa onde viveu, perto da ribeira. Verdade ou não, as ruínas de algumas habitações e a arquitetura de outras que ainda se aguentam de pé, falam bem da antiguidade do Lugar. Infelizmente falam também do despovoamento.

 

  A justificar o nome da povoação estará o facto de ter nascido no vale da ribeira, num local onde cresceriam algumas figueiras. Trepou depois, encosta acima, como um presépio nos postais de natal; primeiro numa das margens, depois ao longo da outra (talvez nas duas ao mesmo tempo…).

Para além da Rua da Escola, a Rua da Capela, a Rua do Terreiro e a Rua da Ponte, passamos também pela Rua da Várzea, a Rua da Barroca e a Rua do Forno. Esta, que sobe a pique desde a ribeira até ao cimo do povo, já se chamou Rua da Eira, por, quase lá no topo, ter existido uma eira comunitária. O local está agora calcetado.

 

Pereiros

 

É também uma Rua Central, a mais antiga, por onde passavam os moradores do Mourelo ou do Violeiro quando vinham tratar das vidas a São Vicente. Corre o povo quase de Norte para Sul e nela nascem outras mais pequenas para ambos os lados: a Rua da Ribeira, a Rua do Forno, a Rua das Lameiras, a Rua do Barro, a Rua da Laje… todas a provocar a imaginação e a pedir que se contem as histórias de quem por lá andou.

De todas as ruas e recantos dos Pereiros o que mais me encantou foi o Pátio das Cancelas. Não encontrei quem me desse a razão deste nome, mas não custa imaginar que, em tempos passados, fechariam as entradas da povoação com cancelas para protegerem o gado que dormia nas lojas e currais, junto das casas, dos ataques dos lobos esfomeados. Era assim em muitas aldeias isoladas.

 

Foi numa destas casas, agora só paredes que mal se aguentam de pé, que funcionou a escola até aos anos 60 do século passado. Dizem que era uma sala acanhada, cheia de crianças sempre ansiosas pelo toque da campainha. Que animação a daquele Pátio na hora do recreio!

Esta casa, quase de brinquedo, é um exemplo de como se podem aproveitar estas construções antigas para passar uns dias a descansar. Evita-se a derrocada e as terras ficam mais lindas.

(Continua)

M. L. Ferreira 

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Voltando aos oragos


Há tempos, a propósito de um artigo do J.M.S., alguém sugeriu que se referissem os oragos das nossas anexas. Pareceu-me haver alguma ironia ou lamento por se falar pouco dessas terras, mas acho que ninguém, melhor que os que lá vivem, para responderem ao desafio e darem conta do que se passa por lá.
Fiquei à espera que alguém desse notícias, mas como ninguém avançou, aqui vai o que consegui saber, provavelmente com algumas imprecisões, mas é de boa vontade. Começando pela que nos fica mais perto:

Pereiros – O orago dos Pereiros é São Lourenço e a festa realiza-se no dia 10 de agosto ou no fim de semana anterior ou no seguinte (este ano parece que é no fim de semana de 11 e 12), por isso, por vezes, coincide com as Festas de Verão da Vila ou com as da Partida.
«Pelo São Lourenço vai à vinha e enche o lenço…» diz-se por lá;

Igreja dos Pereiros com um painel de São Lourenço na fachada principal

Partida – Para além do Santiago, que partilham com o Violeiro, o Vale de Figueiras e o Mourelo, cuja festa mais rija é no 1.º de Maio, a Partida festejam também o dia de São Sebastião, em janeiro, e a Nossa Senhora da Assunção e Santo António, no dia 15 de agosto;
Santiago, em dia de festa, na capela do Cabecinho

Vale de Figueiras – A festa no Vale de Figueiras é em honra do Anjo da Guarda. Antigamente faziam-na em outubro, mas há muito que passou para agosto, no fim de semana a seguir à festa da Partida (parece que atualmente já há alguma dificuldade em encontrar mordomos…);   

Casal da Serra – O orago do Casal da Serra é o Santo António e a festa realiza-se no dia 16 de agosto ou no fim de semana seguinte. Tem sido uma das maiores, mas já dizem que talvez não se realize este ano. Pode ser que não seja verdade…;

Violeiro  A festa no Violeiro é em honra da Nossa Senhora do Bom Sucesso e realiza-se no 2.º fim de semana de agosto. Na procissão sai também a Nossa Senhora de Fátima e os restantes santos da capela. Em janeiro comemoram o dia de S. Vicente;

Mourelo – O padroeiro do Mourelo é Santo António e a festa realizava-se no 1.º fim de semana de agosto, mas há alguns anos que deixou de se fazer…

Imagem de Santo António na fachada da capela do Mourelo. Interessantíssima, pela simplicidade

Tripeiro – A festa no Tripeiro é em honra da Nossa Senhora dos Remédios e, por enquanto, continua a realizar-se no 2.º fim de semana de setembro;

Altar da capela do Tripeiro. A cicerone, orgulhosa da sua capelinha, foi a D. Emília

Quando as gentes do Vale de Figueira passavam por lá, cumprimentavam assim a Senhora:

Ó Senhora dos Remédios,
O vosso altar tem fitas,
O nosso Anjo da Guarda
Manda-vos muitas visitas.

Paradanta – A padroeira da Paradanta é a Senhora dos Aflitos, mas, por falta de festeiros, a festa deixou de se realizar há alguns anos… 

Fachada da capela da Paradanta com um painel da Senhora dos Aflitos

Ainda não percebi bem se o Casal da Fraga também conta como anexa, mas, pelo sim pelo não, não quero deixar para trás a nossa Santa Bárbara, cuja festa se realiza no 3.º fim de semana depois da Páscoa.

Imagem de Santa Bárbara na capela do Casal da Fraga

As festas nos vários lugares coincidiam sempre com o dia do calendário do respetivo santo, mas nas últimas décadas, por causa dos emigrantes, a tendência foi passarem quase todas para o mês de agosto, embora em alguns lugares se diga missa e faça uma procissão no dia que é dado. 
Interessante é vermos que em bastantes terras da freguesia se festeja o Santo António, e, mesmo que não seja o orago, lá está também no altar e sai nas procissões. É de facto um dos principais Santos da Igreja, venerado em todo o mundo católico. Sinto-me honrada quando o encontro fora de Portugal, mas é um pouco frustrante quando, nas legendas, vejo chamarem-lhe sempre Santo António de Pádua.
Há tempos, numa passagem por Madrid, encontrei esta imagem. Acho-a extraordinária, pela alegria que transmite, mas sobretudo porque, finalmente, se desvenda o mistério do sexo dos anjos…

Imagem de Santo António na igreja de São Jerónimo, em Madrid

Nota: Estas informações foram-me dadas por várias pessoas, mas pode haver algumas imprecisões e dados a acrescentar, porque não pude ir a todo o lado e algumas fotografias já foram tiradas há algum tempo.

M. L. Ferreira