Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira.
A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical.
Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia.
Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
Bodo de São Sebastião ou de São Vicente? Paposseco e/ou filhós e tremoços?
Para proteger das tempestades (paposseco), dos gafanhotos ou das pestes (filhós)?
O palestrante, Florentino Beirão, enquadrou o nosso bodo nos bodos desta região, havendo-os do ciclo do Natal, como o nosso, da Páscoa e das colheitas do estio, como em Alcains.
O ponto de partida foi "A Festa das Papas de Alcains", um livro do Florentino, editado há alguns anos.
A palestra foi organizada pelo Movimento Monárquico Português, com a colaboração da nossa Junta.
Havia quase ninguém, por muitas razões, sendo a minha culpa o não ter publicitado aqui o evento. Mas recebi o convite há já algumas semanas e, embora tenha programado a minha presença, esqueci-me de o anunciar aqui. É imperdoável, mas não há nada a fazer, a cabeça não deu para mais.
Valha-nos o próximo domingo, pois a comissão da festa do São Sebastião promete festa rija!
Temos acima o registo de casamento de José Antunes e Maria Gonçalves, no ano de 1754. Ela era filha de Manuel Rodrigues e Luzia Gonçalves, moradores no Casal de Duarte da Fraga. Trabalharia para o Duarte da Fraga (antepassado dos Jerónimo) e por isso vivia no seu casal.
A segunda imagem é um pormenor da primeira, na qual está ampliado o nome do casal: Casal de Duarte da Fraga.
Para entender melhor esta questão, aconselho a reler a publicação Jerónimo. Basta escrever Jerónimo na janela do canto superior esquerdo. É a 3.ª publicação que aparece (salvo erro).
Não encontrei a música sugerida pela Libânia (Santa Barborinha Bendita), mas esta é igualmente bela, vem das nossas raízes e também pede proteção contra as trovoadas.
Pertence ao album Cenários, dos Realejo. É um tema tradicional da Beira Baixa.
(…)
Pensamento dá-me uma dica; neste momento nada me ocorre…
Vai
ao teu arquivo fotográfico e fala sobre as imagens de azulejo que decoram
muitas casas da tua terra.
-
Deste-me uma ideia genial, vai-me dar algum trabalho vasculhar, mas penso que
irá valer a pena.
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Essas representações são painéis de religiosidade e devoção popular e servem,
julgo eu, para protecção da família que habita a casa. Se no painel está uma
imagem de São José, com certeza quem o mandou colocar chamava-se José: pode ser
Pedro, João, António…
Sendo
assim; começo pelo São Jorge. Segundo reza a tradição, São Jorge foi um soldado
romano que viveu no tempo do imperador Dioclesiano, também foi padre; o que lhe
valeu o martírio. Estamos habituados a vê-lo montado num cavalo, espada em
riste matando o dragão que simboliza satanás; desde o tempo do nosso rei D.
João I que é o patrono do exército português, também é dos escoteiros, quem introduziu
o culto foram os soldados ingleses. Os primeiros reis de Portugal quando
andavam em guerra, gritavam: Santiaaago… o problema era quando os exércitos de
Castela e Portugal se defrontavam, os dois a pedirem a protecção ao santo, já
viram a confusão, devia apanhar cada afronta!
-
Diria: a minha sede está na Galiza, mas o portuga também é filho de Deus. Não
queria estar na pele dele. Os nossos reis resolveram a situação adoptando o São
Jorge, desta maneira Santiago deixou de ter problemas de consciência…
-
Adiante; era tanta a fé no São Jorge que o santo condestável dizia que a
batalha de Aljubarrota foi ganha graças a ele. Por influência inglesa ou pela
fé, o rei D. João I substituiu Santiago pelo São Jorge.
-
Terminaste?
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Acho que escrevi o essencial.
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Volta ao teu arquivo e descobre mais um painel de azulejos, conta também a
história resumida da imagem.
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Numa casa ao lado encontra-se um painel que representa São João Baptista.
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Pensamento; repara na beleza, um São Joãozinho muito ternurento tendo por
companhia um lindo e manso cordeiro, conta um pouco da história deste santo.
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Passou uma grande parte da sua vida no deserto, alimentava-se de gafanhotos e
mel silvestre, era um asceta. Um dia resolveu aparecer e começou a pregar,
tinha muitos seguidores e baptizava no rio Jordão. Certo dia, estava
baptizando, ao longe avista uma
pessoa, era Jesus.
Quando se aproximou disse-lhe: João baptiza-me… Senhor, eu
não sou digno de desatar as tuas sandálias.
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Baptiza-me.
-
Eu te baptizo…
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O rei Herodes mais tarde mandou-o degolar. É o São João das fogueiras, dos
folguedos.
-
Os lares querem-se abençoados, guardados, protegidos; dificilmente entra o
maligno nesta habitação.
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O Menino não tem medo de nada, está protegido pelos braços fortes do pai.
Cresce em sabedoria e força.
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Jesus, dá-me a serra para cortar esta tábua; pega na vassoura e varre a
oficina.
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Jesus, anda para a praça brincar à espada lua.
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Agora não; estou ajudar o meu pai.
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Jesus: diga mãezinha;- vai à fonte buscar um jarro de água para fazer a ceia
-
Assim que acabar de varrer a oficina do pai, vou logo.
-
Não te demores; passa pela loja e compra um litro de petróleo.
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Ó pai, deixa-me aplainar esta tábua! Para que queres tu aplainar a tábua! Para
fazer um banquinho.
-
Essa não, pega antes esta. A plaina corre ligeira, tornando lisa a madeira,
Jesus transpira, martela e o banco começa a tomar forma.
José,
Maria e Jesus; família modelo. Tinha 33 anos quando o crucificaram numa cruz.
-
António santo, de Jesus querido, valha-nos sempre o vosso
patrocínio:-cantava-mos na sua capela durante a trezena. Santo casamenteiro,
português, tinha um carinho muito grande para com o Menino, ainda hoje lhe
confiam os animais para que os guarde e proteja.
-
Que achas da ideia?
-
Genial, não sei que seria de mim sem a tua ajuda. Também não é necessário
exagerar. É verdade; se não fosses tu abrires as portas à minha memória…
-
Não precisa de apresentação; o nosso São Vicente foi um mártir. Temos o
privilégio de guardarmos na igreja paroquial um pedaço do seu queixo oferecido
por D. Afonso Henriques.
Homem
rude, forte, valente. Segue-me, a partir de agora vou fazer-te pescador de
homens. Desde já te aviso, antes que o galo cante três vezes tu vais negar-me.
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Eu mestre, nunca.
-
Nunca diga nunca.
-
Perdoa-me Senhor.
-
Simão, és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, o que ligares na
terra será ligado no céu, o que desligares na terra será desligado no céu.
Terra de Santa Maria, Senhora da Conceição nossa padroeira e
rainha, mãe carinhosa, bondosa, salvé santa mãe de Deus, avé ó cheia de graça o
Senhor é contigo, bendito o fruto do teu ventre…
A treze de Maio, na Cova da Iria… Não há português no mundo
que não conheça a história da Senhora de Fátima. Não tenhais medo, eu sou a
Senhora do Rosário. Vocemecês não a viram? É uma Senhora muito bonita, mais
brilhante que o sol, o seu brilho não nos ofusca, seu sorriso é doce, sua voz
meiga…
Ó anjo da minha guarda, ó meu doce companhia, guarda minha
alma noite e dia… é uma oração do meu tempo de criança, que minha mãe me ensinou.
Todos temos um ser celestial que o Pai nos cedeu para nos guiar, ajudar,
orientar e guardar, não o vemos, mas ele acompanha-nos. É ou não é verdade
Pensamento! Podes crer.
Faz parte da Constituição Francesa e Americana
já dos finais do séc. xviii, como um dos direitos do ser humano, a procura da
felicidade.
Antes como hoje, todos a procuramos e poucos a
encontram, porque a procuramos fora, quando ela está dentro de nós.
A felicidade exterior é como o horizonte por
cima do Ingarnal. Se nos dermos ao trabalho de lá subir, (um sítio maravilhoso,
que recomendo) verificamos que se desloca invariavelmente para a Serra do
Muradal, um bocado mais a baixo.
O meu pai contou-me que, quando era criança,
julgava que o mundo acabava ali (no horizonte) e que ficou deslumbrado quando,
ainda gaiato, foi ao Zêzere apanhar umas pedras para afiar o podão, os machados
e as facas. Ao atravessar a serrania, viu que outras serras lhe apareciam, umas
atrás das outras.
A vida é assim…uma tentativa constante de
ultrapassarmos o nosso Ingarnal, no sentido do Cabo das Tormentas, (para os
infelizes que não conhecem o Ingarnal), mas sempre na expectativa que se
converta para cada um de nós no Cabo da Boa Esperança.
F. B.
O Francisco Barroso tem a enorme capacidade de dizer tudo sobre determinado assunto, em poucas palavras. Neste caso, foi sobre a felicidade. O texto acima foi enviado em forma de comentário à história da Libânia, mas eu passei-o para aqui, com medo que alguém o perdesse, o que seria uma pena, sobretudo para esse alguém.
A paisagem mostra o Ingarnal, aldeia e cume.
José Teodoro Prata
É verdade! Às vezes também fico
desconsertada pela forma simples, e aparentemente fácil, como o Francisco
define e fala das coisas mais complexas. Oxalá todos conseguíssemos viver a
vida assim!
Deixo esta fotografia de uma das
últimas luas cheias de 2015, como paga da do Ingarnal. É para todos, mas
principalmente para o Francisco, já que, penso, tem ao fundo a sua Serra. É o
meu presente de Natal!