Demóstenes
Vou contar uma verídica
história
Que se passou na Antiguidade
Numa grande e próspera
cidade
Atenas; urbe de grande
memória
Demóstenes o filósofo,
discursava
Na grande praça central
A multidão passava e não
parava no local
O povo distraído não lhe
ligava
Atenienses; clamava
irritado
Certo dia de muito calor e
seca
Um rapaz alugou uma pileca
Para o levar a um
determinado lado
Era a hora do meio-dia
Não havia sombra para o ir
tapando
Aproveitou a sombra do
burro e ia andando
O dono não gostou do que
via
Eu aluguei meu burrinho
Não aluguei sua sombra
benfazeja
Se a quiser aproveitar
como deseja
Tem que me dar mais
dinheirinho
Não acredito no que estou
a ouvir
Diz o rapaz incrédulo e
espantado
Ao alugar o burro sua
sombra hei alugado
Depois disto contado
Demóstenes desceu do
púlpito
Perguntou o povo, de
súbito
Que aconteceu ao coitado!
Então o grande orador
Para o céu os olhos voltou
Deuses, vejam como o povo
se interessou
Por este conto balofo e
sem grande valor
Assim é no tempo actual,
de agora
Há interesse por
futilidades
E lança-se o que é bom fora
Zé da Villa
3 comentários:
Sabe-se que há imensas histórias da Grécia e Roma antigas, muitíssimo atuais!
Como parece acontecer com aquele texto que por aí circula nas redes sociais, que aponta alguns defeitos à juventude grega da época. Não importa se o problema está na juventude ou em quem escreve. O que é certo é que tal texto, que terá cerca de 2400 anos (!), parece ter sido escrito hoje!
A propósito de histórias e ditos da antiguidade, entre outras, lembrei-me de um certo Tales, filósofo de Mileto, cidade da Grécia, nascido cerca de 620 A.C.. Um dia (em pleno dia e com o sol brilhante), encontraram-no a percorrer as ruas da cidade com uma lanterna acesa. Perguntaram-lhe o que é que andava a fazer e ele respondeu: "Ando à procura de um Homem!"
Esta do Demóstenes que o Zé da Villa nos conta em verso, lembrou-me o "Big Brother" (programa de televisão). Nem mais nem menos! O "Big Brother"! É verdade! É que eu nunca vi tanta futilidade, ignorância e boçalidade!
Mas, pelos vistos, a avaliar pelo sucesso das audiências, o povo gosta!
Ontem como hoje!
Abraços.
ZB
Não seria o caso de Demóstenes, nem tão pouco o de Santo António quando, por falta de audiência, teve que ir pregar aos peixes; mas a verdade é que a maior parte das vezes os discursos (pelo menos os políticos) são tão fúteis, e estão tão distantes da realidade e das necessidades das pessoas, que a gente já passa ao lado e não quer ver nem ouvir. E isto é perigoso…
M. L. Ferreira
Essa de procurar um homem honesto de lanterna em pleno dia é também atribuída ao Diógenes figura principal do Estoicismo. Já agora gostava que me esclarecessem qual é a diferença entre "Big Brother"! E maior parte do discurso politico de hoje? Paleio, só paleio.
Estes exemplos que trazem a terreiro, só mostram o tempo que demora a evolução da nossa consciência, que segundo teorias recentes é da única responsabilidade do nosso cérebro. A genética não é para brincadeiras, está visto...
Isto está a ficar bonito. No outro dia avançamos para o fantástico mundo da imaginação. Agora estamos a querer abrir uma brecha no campo da reflexão.
É realmente uma pena não haver mais almas que entrem na praça para continuar esta nossa discussão
Já agora: alguém sabe do Ernesto? A saudades que tenho desse magano…
FB
Postar um comentário