terça-feira, 31 de julho de 2012

National Geographic

A Revista NATIONAL GEOGRAPHIC PORTUGAL, Agosto de 2012, traz um longo artigo sobre o GEOPARK NATURTEJO, com Mapa Suplemento sobre o mesmo tema.
São Vicente colocou-se/está à margem deste grande projeto patrocionado pela UNESCO, apesar de na nossa freguesia se situar parte de um dos 16 geomonumentos do GEOPARK, as Morfologias Graníticas da Gardunha. Mesmo assim, é sempre bom um acontecimento destes.
As fotos da reportagem são do nosso conterrâneo Pedro Martins, cujos pais são originários do Vale de Figueiras.


Soube recentemente que, na noite de São João, a Associação Solstício (Soalheira) organizou uma caminhada noturna entre o Casal da Serra e o Castelo Velho.
O velho castro foi palco de um concerto musical, dando mais magia ao momento do nascer do sol.

domingo, 29 de julho de 2012

O nosso falar: arrufar

Todos os dicionários, on-line ou em papel, por mim consultados, apresentam arrufar como uma pequena zanga entre pessoas, um amuo, uma irritação.
Mas nós não usamos a palavra com esse sentido. Quem arrufa é o leite, fervido depois de ordenhado das tetas das vacas e das cabras, para matar as bactérias. Ferve-se o leite, mas espera-se pelo início da fervura, pois aumenta tão rapidamente de volume que sairá toda da vasilha se não baixarmos imediatamente o fogo. Arrufa.
Também se aplica para a sopa e outras cozeduras, mas o termo está em desuso, por menor prática da arte culinária e pela utlização de nova maquinaria (consumo de leite empacotado, utilização do microondas...).
Ficou famosa a atitude do nosso Fernando, deixado pela mãe a guardar o leite que cozia no fogão. Quando a mãe voltou, encontrou-o sentado à porta de cacete na mão, garantindo que o leite não fugira por ali. Não saíra pela porta, mas já transbordara pelos bordos do fervedor, arrufara.

Mas existe uma relação entre os arrufos das pessoas e o arrufo do leite: ambos fervem em pouca água, ultrapassam os limites, transbordam.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Sei um ninho



Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
a voar .

Miguel Torga


Achei um ninho com três ovos verdes pintalgados de preto.
Uma semana depois já tinha três passarinhos cobertos de penugem.
Voltei lá ontem, armado em fotógrafo, mas eles tinham partido. É esse o encanto da natureza: funciona à margem da vontade dos homens. (Espero que não tenham sido comidos pela cobra que há tempos deixei seguir em paz, na esperança de que comesse os ratos que, no verão, roem a casca das raízes das árvores, secando-as)
No mesmo dia em que achei o ninho, a natureza brindou-me ainda com um outro encontro maravilhoso. Ao passar de carro no entroncamento da estrada de alcatrão com a estrada romana, junto à Fábrica, avistei ao longe uma fila estranha e abrandei até quase parar. Era uma perdiz com a sua ninhada de 8 perdigotos, um ao lado da mãe e os restantes em fila indiana atrás dela. Atravessaram a estrada em paz e depois subiram para o pinhal.
Há dias assim, plenos de vida harmoniosa!



quarta-feira, 11 de julho de 2012

A avó Rita

Francisco Barroso

A minha avó Rita foi a maior avó do mundo. Na verdade, todas as avós, quando gostamos delas a sério são as maiores avós do mundo. Mas a minha avó, a Ti Rita, principalmente para o pessoal do Cimo de Vila, que com ela privou mais de perto e foi cúmplice das suas famosas arruadas, pelo S. João ou pelo Carnaval concordarão comigo: era um ser excepcional.

Aqueles que foram marcados pela história ganharam com isso a imortalidade, mas os que não o foram só morrem verdadeiramente quando caem no esquecimento total da memória dos que ficaram. Por isso, decidi hoje prolongar um pouco mais a sua vida, lembrando-a e dando-a aqui a conhecer aos mais novos.

A minha avó era uma mulher radiante. Irradiava alegria e contagiava os outros com ela. Não tinha razões visíveis para isso, mas o seu coração era transbordante. Órfã aos sete anos. Casada ainda nova com o Ti Augusto (manha), que era um bom homem, muito trabalhador, mas pouco dado a folguedos e que, apesar de aparentar uma fé inabalável, andava sempre: ai que eu morro, ai que eu morro.

Era o raio da hérnia a dar-lhe guerra e a imagem que nos ficou foi a de um homem sofredor agarrado ao seu bordão, que era a bengala dos homens simples do campo, atrás da burrita a caminho dos Aldeões.

 No entanto, na rudeza que era a vida dos pobres a trabalhar nos campos, horas sem fim, dia após dia, até lhe restarem apenas algumas forças, nunca a avó Rita se entregava a desânimos ou tristezas.

É nos tempos doces de primavera, no tempo das ginjas, por alturas do S. João, que mais me acode à memória, alta e magrinha. Já perto dos 70, ainda metia os pés a caminho da Serra muito antes do sol aparecer a oriente, para ir apanhar as ginjas que do cimo do Pelourinho deitaria à rabatinha na noite de S. João, depois de saltar as fogueiras na sua arruada pela Vila tocando o adufe, cercada de jovens e adultos todos euforicamente a cantar.

Pelo Carnaval, outra altura de folguedos, disfarçava-se de Entrudo. Vestia um dos seus saiotes à burra, montava-se nela e lá ia a dar uma volta pela Vila com a trupe atrás, em grande algazarra. E pelas festas de Verão não faltava nunca no arraial, pois que não lhe perdoariam a desfeita.

Como é que ela conseguia honrar sempre os seus compromissos nestes festejos, com o Augusto que não alinhava em nada destas paródias? Com arte e com manha ou não fora esta a alcunha da família, pois quem não tem arte nem manha, morre no ar como uma aranha, alegam os manhas em sua defesa.

O que acontecia, na verdade, é que nesses dias ela estragava o seu homem com mimos. Fazia-lhe um bom jantar, servia-lhe mais uns copitos que o habitual e depois de confortado o corpo dizia-lhe: anda Augusto, vamos mas é para a cama que amanhã é preciso levantar cedo. O meu avô, com a barriguinha cheia de batatas (era doido por batatas) e duma talhadinha de chouriça, farinheira ou toucinho entremeado, lá ia todo contente atrás dela. Lá fora, a expectativa aumentava, quando sentiam que a luz se apagara e não se ouvia qualquer ruído vindo de dentro. Será que o Ti Augusto vai adormecer depressa?

Mas a verdade não foi nunca desvendada. Não se sabe se por obra dos copitos a mais ou por obra de uns beijinhos mais carinhosos, a realidade é que o processo se mostrou sempre infalível.

 E a alegria que surgia nos rostos ansiosos que a esperavam em silêncio à porta, quando ela assomava à janela e lhes dizia baixinho: já ressona. E em menos de cinco minutos lá vinha vestida a preceito com o adufe na mão. A paródia ia começar. Já havia mestra.

A Ti Rita era muito vaidosa e tinha sempre uns vestidos muito alegres (a condizer com ela), de tecidos que por vezes as amigas de Lisboa lhe levavam, para lhe agradecer os mimos de umas frutas, um litro de azeite ou até de uma morcela de cozer, quando lá iam passar as férias de verão.

E assim se criou um ícon da tradição popular, sem castings, sem formação, só com a alegria do seu coração e a sua enorme capacidade de a partilhar.

O meu avô, não creio que não tivesse vindo a saber destas actuações deveras famosas. Como homem sábio que era, deve ter achado o que o Passos Coelho achou da miraculosa licenciatura do dr. Relvas: um não assunto.

Digam lá sinceramente, a minha avó Rita não era um espectáculo? Espero que ela fique contente com as memórias que nos deixou, quando souber desta crónica lá no Céu.

Adeus Avó Rita.

Do teu neto Francisco Barroso que também dá por Chico manha


A avó Rita com a sua bisneta Margarida





sábado, 7 de julho de 2012

O sal da terra

Chama-se Bruno Miguel André, é professor de educação física e trabalhou na Escola de São Vicente da Beira, durante o ano letivo que agora termina. Neste momento, talvez já esteja no desemprego.

Classe de Ginástica de Manutenção, em atuação na cerimónia de abertura da 3.ª Feira de Gastronomia e Artesanato

Além de ter mantido uma classe de Ginástica de Manutenção, com pessoas dos 20 aos 70, em horário pós-laboral, teve um papel especialmente positivo na Escola, pois foi autor de um projeto que deu mais sentido à vida dos nossos adolescentes.
Quem anda nestas coisas da educação sabe que o insucesso escolar tem como principal causa o desinteresse dos alunos e não as dificuldades de aprendizagem, como seria lógico.
No final do 1.º período, apenas 37% dos alunos dos 2.º e 3.ºciclos obtiveram sucesso. Então o professor Bruno André apresentou à escola o projeto CRISE DE NEGAS. O prémio para os alunos sem negativas era uma ida à praia de Quiaios (Figueira da Foz), durante 3 dias, totalmente grátis. No final do ano letivo, o sucesso foi de 60%.
O professor Bruno foi incansável na angariação de apoios aqui e em Quiaios e o projeto concretizou-se, nos dias 27 a 29 de junho. Imagino o que terá significado para os nossos adolescentes!



Os nossos adolescentes, em Quiaios

Há pessoas que fazem a diferença. Deixam a sua marca por onde passam e o mundo fica melhor cada dia que vivem. Jovens como o Bruno André são o sal da nossa terra.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Universidade Sénior

A USALBI (Universidade Sénior Albicastrense) fechou este ano letivo com um convívio em São Vicente, no passado dia 14 de Junho. Estiveram presentes centenas de pessoas.


À chegada, convergiram para a Praça, onde alunos e professores da Escola apresentaram uma reconstituição histórica.



 Seguiu-se a atuação o coro (orquestra?) da USALBI. Depois visitaram a sede da filarmónica e os nossos museus.



 O almoço foi servido na Senhora da Orada, pelo restaurante "A Mila", com a ajuda dos Sapadores Florestais da Partida e pessoal da Junta de Freguesia.



A animação da tarde esteve a cargo dos alunos da Escola.


"Que belo dia aqui passámos!"
"Soube a pútegas, compadre!"