quarta-feira, 31 de julho de 2013

Pequeno Lugar

Povo da Beira, edição 1012, ano XIX, 30 de Julho de 2013

Pequeno Lugar era apenas o título de um poema de António Salvado, albicastrense de renome internacional, mas António Fernandes Andrade, amigo e admirador do poeta, tornou-o um amplo projeto com várias vertentes: ecológica, de preservação do património construído e do património imaterial, artístico e de divulgação da obra de António Salvado.
A sede é uma casa de xisto que António Fernandes Andrade reconstruiu e onde tem vindo a implementar o seu projeto. Abrirá portas ainda este ano.

José Teodoro Prata

terça-feira, 30 de julho de 2013

Gafanhotos na Orada

Voltei hoje à Senhora da Orada e vi que, felizmente, da praga de gafanhotos que por lá andava há pouco mais de uma semana, já restam muito poucos. Não sei se é milagre da Senhora, se houve alguma intervenção química ou se é resultado do ciclo de vida normal daquela espécie. Seja como for, é uma boa notícia para todos os que queiram ir até lá nesta altura, seja para beberem aquela água bem fresquinha ou, na quarta feira, comerem os restos da festa.



M. F. Ferreira

sábado, 27 de julho de 2013

A festa da inauguração


O descerrar da placa inaugural


A benção


Os discursos


Os primeiros mergulhos


A jantarada, na Praça

Dário Inês, Inês Teodoro e Luzita Candeias

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Inauguração da piscina

É já amanhã, dia 26 de julho, sexta-feira, pelas 18 horas.
Vamos estar todos presentes!


Foto do Dário Inês

José Teodoro Prata

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A magia da cidade

Desci à cidade, por uns dias. Eu e o meu primo, com as nossas mães, ficámos numa casa a meio da Rua de Santa Maria, de uma família do Casal da Serra, conhecida das nossas mães. Vínhamos ao exame da 4.ª classe, ali bem perto, na Escola do Castelo. Primeiro foi a prova escrita. Não correu mal, embora eu desconfiasse muito da minha escrita, farto que estava de apanhar reguadas por causa dos erros.
Depois houve um ou dois dias de espera e passámos parte do tempo dentro de casa, entre o sofá e a janela rente à rua, como animais enjaulados, senhores que éramos das barreiras da Gardunha.
Numa das noites foi diferente. Havia as Festas da Cidade e fomos passear. Era de noite e parecia de dia, toda a cidade iluminada como que por magia. Passei por baixo da ponte por cima da rua, que eu desenhara na escola, para um concurso. Era tal e qual como no postal, talvez com menos vasos de flores que tanto trabalho me tinham dado a desenhar. Percorremos o Parque da Cidade, no meio de um formigueiro de pessoas felizes. Havia aparelhagem como nas nossas Festas de Verão. Também vinha música de uma varanda um pouco abaixo do castelo, toda iluminada e cheia de gente. Parecia que andava num mundo irreal, aliás já desaparecera quando por lá passei, passados uns dias, de regresso a casa.
Voltei à Escola do Castelo e a prova oral não correu nada bem. Troquei uns rios, enervei-me e já nem sabia o que dizia. No final, a Dona Natália afiançava a passagem de todos, menos a minha. Ela e a minha mãe estavam preocupadas e eu à rasca, de cabeça baixa, a riscar o chão térreo do pátio da escola com a ponta do sapato ainda com o brilho de novo. Ia voltar com uma raposa para casa e passar vergonha! Mas correu bem e todos ficámos contentes.
A meio do verão fui uma semana ao Seminário do Tortosendo, pois dera o meu nome quando o Padre Lúcio foi à minha escola e nos falou dos missionários que ensinavam a doutrina aos pretinhos de África. A minha mãe escreveu para a França e o meu pai disse que sim, porque o irmão João também lá trazia os filhos.
Éramos mais de cem, vários de São Vicente, e passámos o tempo a fazer testes com perguntas difíceis e outras fáceis, como aquela da cor do cavalo branco do Napoleão. E havia uma piscina, num buraco fundo, lugar de prazeres e medos, habituado como estava às presas do ribeiro das Lajes, onde nadava apoiado nas mãos e nas pernas que batiam na lama do fundo.
Regressámos às nossas casas e semanas depois recebi uma carta a dizer que fora aceite e me preparasse. Por isso tive de voltar a Castelo Branco. Não foi dessa vez que vim com o meu pai e fomos matar o bicho, com um branquinho, ele um copo grande e eu um copo pequeno, na taberna da Quinta Nova, ali por detrás da Sé, onde parava a camioneta. O meu pai, bom conhecedor da cidade, por ser de lá e ter feito a tropa em Cavalaria, no quartel da Devesa, conhecia o dono e garantia que tinha uma pinga boa. Mas isso foi mais tarde, daquela vez veio a minha mãe comigo.
Tirei uma fotografia num fotógrafo perto da Devesa e depois fui fazer o bilhete de identidade. A senhora mediu-me e ficou impressionada: um metro e setenta e cinco! Acho que ela colocou a régua inclinada para cima, a meu favor, porque era baixinha e mal me chegava à cabeça. O certo é que essa medida vale até hoje.
A carreira só partia às quatro horas e por isso fomos almoçar num sítio ali perto. Chamava-se Pensão Central e ficámos sentados numa mesa ao pé da janela. O que comi, não me lembro, mas bebi a coisa mais saborosa que devia existir no mundo. A garrafa era esverdeada e a bebida doce fazia bolhinhas no copo e cócegas na boca e na garganta. Sítio maravilhoso a cidade!

Nota: Esta pequena história está publicada, na Agenda Cultural do Cine-Teatro (Câmara de Castelo Branco), no número de verão, o atual. Outras duas crónicas deste blogue foram publicadas na Agenda da Gardunha 2013, da organização Solstício, com sede na Soalheira. São elas "O lobo branco" e "A fuga".

José Teodoro Prata

terça-feira, 23 de julho de 2013

Da flor ao fruto


 Flor e fruto (ouriços com castanhas) do castanheiro
José Teodoro Prata

sábado, 20 de julho de 2013

Eles andam aí!

A praga de gafanhotos de que o Dário fala já desceu a encosta da Gardunha e chegou cá abaixo.
Fui ontem à tardinha à Senhora da Orada e são já aos milhares, tanto na estrada nova, como no terreiro da capela ou no caminho velho. Mete medo! 
Não sei se existe uma solução técnica para este problema e receio estar a falar do que não sei, mas tenho dúvidas se a persistência deste problema não será mais um daqueles casos em que o poder civil e religioso se responsabilizam mutuamente pelas situações e nada se resolve. Quanto a mim, esta separação já não se justifica em muitos casos, principalmente a nível local, e pode servir apenas para desculpabilizar ambas as partes de situações que nos envergonham a todos.     
É pena que um dos locais mais bonitos e com mais memórias da nossa terra não mereça mais atenção, principalmente numa altura em que muitos de nós que cá vivemos, e também muitos emigrantes e amigos que nos visitam, aproveitamos para nos reunir e matar saudades.
M. L. Ferreira


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pardais, melros, pintassilgos...

Bem me lembro deste poema [ver comentário do Zé Barroso, na publicação anterior], já não sei se do livro de leitura da telescola, ou dos primeiros anos do liceu. Mesmo sabendo que as palavras de Olavo Bilac são uma metáfora de tantas outras prisões a que a vida nos sujeita, foi a partir dele que tive consciência do mal que fazia quando andava aos ninhos e tirava os passarinhos, ainda mal vestidos, para os meter numa gaiola. Pensava eu que estava a protegê-los, mas acabavam quase sempre por morrer…
Talvez para me penitenciar por todo o mal que fiz em criança, agora não me importo muito se os pardais, os melros ou os pintassilgos do meu quintal andam por lá livremente e me comem as primeiras cerejas ou as alfaces acabadas de plantar. Quanto às andorinhas, é uma canseira andar sempre de vassoura e esfregona na mão para limpar tudo o que sujam; mas nada se compara à emoção de assistir a todas as fases e rituais por que passam, desde o refazer do ninho do ano anterior, até ao primeiro voo. Fazem ver a muitas famílias de humanos!
Na fotografia que a Luzita publicou, se não soubéssemos que os andoriscos estavam à espera de comida, mais parecia que estavam a posar para a máquina… Lindos!

M. L. Ferreira


O PÁSSARO CATIVO

Armas, num galho de árvore, o alçapão.
E, em breve, uma avezinha descuidada, batendo as asas cai na escravidão.

Dás-lhe então, por esplêndida morada, a gaiola dourada.
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo.

Por que é que, tendo tudo, há de ficar o passarinho 
mudo, arrepiado e triste, sem cantar?

É que, criança, os pássaros não falam.
Só gorgeando a sua dor exalam, sem que os homens os possam entender.
Se os pássaros falassem, 
talvez os teus ouvidos escutassem este cativo pássaro dizer:

"Não quero o teu alpiste!

Gosto mais do alimento que procuro na mata livre em que a voar me viste.
Tenho água fresca num recanto escuro.

Da selva em que nasci; da mata entre os verdores,
tenho frutos e flores, sem precisar de ti!

Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola de haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde, construído de folhas secas, plácido, e escondido.

Entre os galhos das árvores amigas...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?

Quero saudar as pombas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde, entoar minhas tristíssimas cantigas!

Por que me prendes? Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade!
Não me roubes a minha liberdade...

QUERO VOAR! VOAR!..."

Estas coisas o pássaro diria, se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria, vendo tanta aflição.
E a tua mão, tremendo, lhe abriria a porta da prisão...


Olavo Bilac

terça-feira, 16 de julho de 2013

Andorinhas


Ao cantinho da varanda, eu vi-as espreitar.
Esperavam a mãe e o pai, que estavam a chegar.

De olhinhos atentos e corações a palpitar.
Andorinhas pequeninas à espera do jantar.

Biquinhos bem abertos e manos a reclamar:
- Agora sou eu e tu estás no meu lugar.

A mãe vem aí e o pai vem a voar.
- Cresçam pequeninas, que também vos vou ensinar.

E em cada Primavera, vamos sempre regressar,
ao cantinho da varanda com os Amigos* a mimar.

*Amigos: Libânia e Luís
Luzita
05/07/2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Ainda os gafanhotos!

Depois de ter visto o teu artigo do blog sobre os gafanhotos, não poderia deixar passar sem te enviar um comentário sobre o assunto.
De facto a praga já não é tão intensa e já não se avistam tantos na S.ra da Orada mas na Serra ainda há muitos. Vou lá quase todos os dias aos nascentes [da Fonte da Fraga] e é impressionante a quantidade por tudo quanto é sítio, nos caminhos, nas giestas... Até faz impressão!


Dário Inês

sábado, 13 de julho de 2013

Cerejas


Ó cerejas.
Cerejas da minha terra.

Brilhando pelo sol,
Coradas pela serra.

Ó cerejas,
Cerejas…

Encantado mundo vosso.
Ávida boca minha,
olhar que não posso.

Luzita
09/08/2010

sexta-feira, 12 de julho de 2013

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A dança das bruxas

Das muitas tabernas que existiram na nossa terra, já só resta a do Marcelino, no Casal da Fraga (hoje é da Amália, que a herdou do pai). Gosto de lá ir à tardinha ou à noite, principalmente agora no verão, porque é a hora em que param por lá bons contadores de histórias.
Quem contou esta foi a ti Trindade Marcelino que, diz, ainda se lembra do homem a quem aconteceu o seguinte:
Há muitos anos, se calhar mais de cem, havia um rapaz nos Pereiros que namorava uma rapariga das Rochas. Sempre que podia lá ia ele a pé, por montes e vales, até chegar à terra da namorada que ainda ficava a umas boas horas de caminho.
Uma vez, já a lua ia alta, ao chegar ao cimo da serra do Açor vê aproximarem-se uns pássaros pretos que traziam uma luz no bico. Poisaram todos num cruzamento que por ali havia e, ao tocarem no chão, transformaram-se em belas raparigas. A seguir chegou um pássaro ainda maior que se transformou num homem. As raparigas juntaram-se todas à volta dele, fizeram uma roda e puseram-se a dançar e, de vez em quando, chegavam-se ao meio e beijavam-no.
Ao fim dum bom bocado chega mais um pássaro que também se transformou em mulher e se juntou à roda, mas o homem, zangado, perguntou-lhe porque é que estava a chegar tão atrasada. Ela respondeu-lhe o seguinte:
“Quem tem filhos para dormir e homem para acalentar, da Sertã aqui não tem que tardar?”
E lá continuaram a dança até que, de repente, se transformaram de novo em pássaros e voaram cada um para seu lado.
O rapaz, que se tinha escondido atrás dumas giestas que por ali havia, assistiu a tudo com muito medo e bastante zangado, porque tinha reconhecido a namorada numa das raparigas. Apesar disso, resolveu continuar o caminho até às Rochas e tirar tudo a limpo. Quando lá chegou, a namorada já estava em casa. Ele contou-lhe o que tinha visto e quis que ela explicasse o significado daquela cena. A rapariga confessou que era bruxa e disse-lhe o seguinte:
“Agora que sabes a verdade, não és obrigado a casar comigo, mas ai de ti que, enquanto eu for viva, contes a alguém o que viste hoje! Se alguém souber, mato-te! Em paga do teu silêncio, vais receber todos os anos uma camisa e umas ceroulas de linho.”
O rapaz voltou para os Pereiros, arranjou nova namorada e passado pouco tempo estava casado. Todos os anos lhe aparecia em casa uma camisa e umas ceroulas e a mulher, desconfiada, fazia sempre a mesma pergunta:
“Ó homem, mas que diabo é que te manda todos os anos esta roupa tão fina?”
Ele respondia sempre o mesmo:
“Come e cala-te, mulher de Deus. Tu nem queiras saber…”
Foi assim durante muitos anos. Quando a encomenda deixou de chegar, o homem contou finalmente à mulher o que tinha visto naquela noite a caminho das Rochas e a história espalhou-se por toda a aldeia e arredores. Ainda hoje a contam…
O homem morreu de velho, cego, a caminhar com uma bengala pelas ruas.


M.L.Ferreira



José Teodoro Prata

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Ainda a biodiversidade da Gardunha






Libelilhas da Senhora da Orada e da Barragem do Pisco




Mosca(?) equilibrista

João Candeias

sábado, 6 de julho de 2013

Mais biodiversidade da Gardunha


Lembram-se da praga de gafanhotos não autótenes que tivemos na Gardunha, há uns tempos?
Há dois anos apareciam às centenas e estavam a tornar-se um problema sério para a agricultura.
Entretanto, no ano passado só vi um e este é também o único deste ano.
O inverno de 2012 (assim como a primavera) foi extremamente seco e isso deve ter levado à sua extinção.
Desapareceram como apareceram: de repente e de forma misteriosa!



Os melros já enchem o ninho.
Qualquer dia já ouço os seus pios rápidos nos arbustos do ribeiro.

José Teodoro Prata

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Biodiversidade da Gardunha


Sei um ninho de melros
Mas não o vou ensinar
Quero ter muitos amigos
Para o pomar partilhar



A menina rã camuflada num charco do ribeiro



Castanheiro em flor

O senhor javali é um brutamontes
Cheirou-lhe a castanhas antes do tempo 
e desnocou uma grande pernada

José Teodoro Prata

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Festas de Verão



Circular
    PRENDA PARA A QUERMESSE

Decerto que Você, Vicentino, já saberá que, neste ano de 2013, se vão realizar, na Vila, as nossas Festas de Verão, nos dias 2 a 6 de Agosto próximo.

São Festas de tradição muito antiga que não queremos deixar acabar, porque fazem parte da nossa história comum e dos nossos antepassados.

Apesar de ser um ano de dificuldades económicas, por todos sentidas, é convicção da Comissão de Festas, 2013, que os nossos conterrâneos a residir cá ou fora, em Portugal, ou no estrangeiro, vão participar com grande vontade e entusiasmo. 

Esta Circular tem por finalidade sensibilizá-lo a si, Vicentino, e a si, que tem laços de família nesta Terra ou a si, Amigo de S. Vicente da Beira, para a importância de oferecer uma PRENDA PARA A QUERMESSE.

Uma simples lembrança que poderá ter pouco significado para quem dá, mas que, para nós, representa muito e cujo valor a Comissão de Festas procurará potenciar com a sua venda na QUERMESSE.

Por isso, é tão importante para nós a sua oferta! 

Não deixe de dar o seu contributo, fazendo o seu donativo e ajude um evento único na Nossa Terra!

Adira à oferta para a QUERMESSE e torne possível o nosso e o seu sonho de ver realizadas as Festas de Verão.

Pelo Senhor Santo Cristo!
Por S. Vicente da Beira!       
                                                                  A Comissão de Festas,


zb

terça-feira, 2 de julho de 2013

Embruxada

Ainda a propósito da Má Hora, contaram-me há muito tempo a seguinte história, passada na minha família:

Uma das minhas tias foi sempre enfezada e, como ela própria ainda diz, fraca da cabeça. Uma altura, já mulherzinha, andava mesmo muito doente: amarelenta, com fastio, sem vontade de trabalhar… Um tormento para ela e transtorno grande para a família!
Um dia passou por um homem que havia cá na terra e sabia muito destas coisas de Deus e do demónio e até tinha um livro sobre o diabo (seria o Livro de São Cipriano?). Só de olhar para ela, o dito homem fez logo o diagnóstico “Tu andas é embruxada, cachopa!”. E recomendou: “Olha, logo à meia-noite, pões uma panela ao lume, metes lá dentro uma peça de roupa tua e, quando começar a ferver, picas a roupa com um espeto com toda a força. Fazes isto até à uma. Vais ver que quem quer que seja que te anda a fazer mal vai entrar pela fechadura da porta toda encarrapata e, com a vergonha, vai deixar de te apoquentar”.
A minha tia que para além de enfezada e “fraca da cabeça” era muito medrosa, foi ter com a minha mãe e contou-lhe o que o tal homem lhe tinha dito. A minha mãe, mais velha e afoita, mas também muito crente nestas coisas do outro mundo, prontificou-se logo para ajudar.
Então, ainda nessa noite, quando todos já tinham ido para a cama, puseram a panela a ferver ao lume, meteram lá dentro uma combinação e, com toda a força que tinham, espicaçaram-na com o espeto de virar as filhoses durante bastante tempo. Já era quase uma da manhã quando, cansadas e desiludidas, mas se calhar também com medo, desistiram…
No dia seguinte, a minha tia voltou a encontrar o tal homem que lhe perguntou como é que as coisas tinham corrido. Quando ela lhe disse que não tinha aparecido ninguém, ele ficou admirado, mas disse que se calhar elas não tinham feito tudo como devia ser. E se calhar não…

M. L. Ferreira

Nota: Acho muito interessantes estas histórias da Boa e Má Hora, até porque foram delas que se alimentou o imaginário de muitos de nós durante a infância. Ainda hoje gosto de as ouvir… Mas, como sugeriu o Ernesto há dias, acho que prefiro a Hora das Loiras ou doutra coisa qualquer, principalmente se for em boa companhia!