domingo, 28 de junho de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


Domingos Esteves (do Mourelo)


Domingos Esteves nasceu no Mourelo, a 26 de Abril de 1894. Era filho de Manuel Esteves e Josefa Maria. 

Ficou órfão de pai e mãe muito cedo e, juntamente com os outros quatro irmãos, foi criado por uma tia. Terá aprendido cedo a arte de sapateiro, profissão que tinha quando assentou praça e fez a instrução da recruta, no regimento de Infantaria 21, em Castelo Branco.
Mobilizado para a guerra, embarcou para França no dia 21 de Janeiro de 1917, integrando a 7.ª Companhia do 2.º Regimento de Infantaria 21, como soldado com o n.º 610 e a placa de identidade n.º 9518-A. 
Grupo de combatentes do Sobral do Campo

No seu boletim individual constam as seguintes informações:
a)    Colocado na 1.ª Bateria de Infantaria, em 13 de Setembro de 1917;
b)    Aumentado ao efetivo do seu batalhão, por ter deixado de fazer parte da 1.ª Bateria de Infantaria, em 27 de Setembro;
c)    Punido com 6 dias de detenção, em Outubro de 1917, por ter faltado à instrução que teve lugar no Campo de Marthes, alegando estar doente, situação que não se provou ser verdadeira;
d)    Colocado no D.M.B. (Depósito de Material de Bagagens?), em 7 de Novembro;
e)    Punido com 8 dias de detenção, em Fevereiro de 1918, por falta de comparência na oficina de sapateiro onde trabalhava;
f)      Baixa ao Hospital Inglês n.º 35, em 28 de Julho de 1918, e evacuado para o Hospital de Base, em 11 de setembro;
g)    Julgado incapaz para todo o serviço, em 23 de Setembro de 1918, e evacuado em 4 de Outubro, a fim de ser repatriado.



Regressou a Portugal, no dia 29 de Janeiro de 1919, e domiciliou-se no Sobral do Campo, localidade onde, segundo o seu boletim individual, residia uma irmã, o seu parente mais próximo. Esta informação não foi confirmada pela filha Josefa Lourenço, que diz nunca ter ouviu qualquer referência a esta tia.

Em junho de 1919, Domingos Esteves casou com Severina da Conceição e tiveram sete filhos:
1.    Rosa Henriqueta, que casou com José Amoroso Dias e tiveram 5 filhos;
2.    Maria Nazaré Esteves Marques, que casou com Francisco Paulo Marques e tiveram 1 filha;
3.    José Domingos da Conceição, que casou com Rosa dos Santos e tiveram 2 filhos;
4.    Armandina Alice Esteves dos Santos, que casou com Francisco Luis dos Santos e tiveram 7 filhos;
5.    Francisco Pires Esteves, que casou com Rosa de Jesus Martins e tiveram 3 filhas;
6.    Josefa Esteves Lourenço, que casou com José Augusto Lourenço e tiveram 2 filhos;..
7.    Maria da Conceição Esteves Duarte, que casou com José Marques Duarte e tiveram 2 filhos.


O casal viveu sempre no Sobral do Campo, onde Domingos Esteves continuou a trabalhar como sapateiro, apesar dos problemas de saúde que trouxe da guerra, principalmente dificuldades respiratórias que lhe provocavam dores e cansaço permanente. Por vezes, como era habitual naquele tempo, andava de terra em terra e permanecia vários dias nas casas das famílias que o contratavam. Também trabalhou na agricultura, cultivando alguns pedaços de terra que herdou ou foi comprando. Conseguiu que lhe fosse atribuída uma pensão pela incapacidade adquirida na guerra, o que contribuiu para lhe proporcionar uma vida um pouco melhor.
Domingos Esteves faleceu no dia 26 de dezembro de 1968, na sequência de um traumatismo grave provocado por uma queda na noite de Natal. Tinha 74 anos de idade.

(Pesquisa feita com a colaboração da filha Josefa Esteves Duarte e da neta Maria Isabel Lourenço)

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Festival

Seria neste fim de semana, mas o covid não deixa. Ficam algumas imagens dos dois anos anteriores, para matar as saudades da felicidade...

 O nosso grupo de cantares

 Contador de histórias, numa sombra fresquinha

 Os bombos "Vicentinos"

 O Chapitô em espetáculo de luz e movimento

 As "Sopa de Pedra"
 A nossa filarmónica

 Almoço tradicional nos "Manguitas"

Ambiente geral

José Teodoro Prata

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


Domingos Esteves (da Partida)
 

Domingos Esteves nasceu na Partida, a 17 de fevereiro de 1895. Era filho de António Esteves, cultivador, e Maria Joaquina.
Embarcou para França, no dia 21 de Fevereiro de 1917, integrando a 1.ª Brigada de Infantaria o 2.º Batalhão, 1ª Bateria, de Infantaria 21, como soldado com o n.º 535 e a placa de identidade n.º 8952.
O seu Boletim Individual refere apenas o seguinte:
a)    Baixa ao Hospital, em 16 de março de 1917; alta, a 26 do mesmo mês;
b)    Baixa ao Hospital, em 19 de maio de 1917; alta, a 8 de junho;
c)    Em 1 de janeiro de 1918, passou a fazer parte da formação do seu batalhão;
d)    Faleceu na 1.ª linha, por ter sido ferido em combate, no dia 10 de março de 1918 (provavelmente vítima dos ataques violentos que ao alemães fizeram às tropas portuguesas após o raide de 9 de março). 

Na Partida já não há familiares próximos que possam contar alguma coisa sobre Domingos Esteves, mas ainda há quem se lembre de ouvir dizer que «estava escondido num abrigo debaixo da terra por causa dos tiros e, quando foi espreitar, foi levantado no ar pelo fogo do inimigo». 

Ficou sepultado no Cemitério de Richebourg L’Avoué, talhão C, fila 12, coval 21.
Os pais tiveram direito a uma pensão de sangue, no valor de 72$00 anuais, o valor mais baixo pago às famílias de militares falecidos em combate, mas que devia corresponder ao pré pago aos soldados enviados para França.

Arquivo Histórico do Exército, Memorial Virtual
Fonte: http.//www.memorialvirtual.defesa.pt/sepulturas/c.12.21.jpg

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A pneumónica no concelho de Castelo Branco

Apresentei esta semana, na Rádio Castelo Branco (RACAB), o texto que se segue, na rubrica História ao Minuto. Deixo-o aqui, pois nos trabalhos de edição foi cortada a palavra escudos, tornando ininteligível parte da referência a São Vicente da Beira.

A pneumónica
A humanidade sempre sofreu o flagelo das epidemias, que alastravam por todo o lado e matavam milhares e milhões, sem que as pessoas entendessem porquê. A última grande pandemia que ficou bem vincada na memória das nossas comunidades foi a pneumónica, provocada pelo virus H1N1, em 1918 e 1919, isto é, no final da I Guerra Mundial.
Em Portugal, houve um primeiro surto em maio e junho de 1918 e depois extinguiu-se. Mas voltou em força entre agosto e novembro, um surto altamente mortal, devido às complicações pulmonares a ele associadas e que lhe deram o nome de gripe pneumónica. Em 1919, ocorreu um terceiro surto.
Morreram mais de 100 mil pessoas, em Portugal.
No dia 1 de outubro de 1918, a Direção Geral de Saúde proibiu  as feiras e romarias em todo o país.
No concelho de Castelo Branco, nos inícios de outubro, foi criado um hospital provisório na Lousa, para instalar os doentes epidémicos, e na cidade, a Escola Normal do Castelo foi adaptada a hospital provisório.
O Governo Civil distribuiu algum dinheiro pelas instituições de saúde, tendo o hospital a Misericórdia de São Vicente da Beira recebido 200 escudos, o valor de 250 salários diários de trabalhadores braçais, que correspondem hoje a 10 mil euros.
Nem o factor psicológico foi descurado, pois a 18 de outubro o Governador Civil proibiu o toque de finados em todas as terras do concelho, a fim de evitar que a população ficasse deprimida.

Nota:
Calculei o valor atual dos 200 escudos recebidos pelo nosso hospital da Misericórdia, com base em salários de trabalhadores braçais:
- Em 1918, um homem andou a rachar lenha para o hospital e ganhou $80 por dia. Os 200$00 escudos dariam para pagar 250 ordenados diários.
- Atualmente, um homem ganha 40 euros por dia;  250 ordenados diários de 40 euros totalizam os 10 000 euros referidos.

José Teodoro Prata

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


Domingos Canuto


Domingos Canuto nasceu em São Vicente da Beira, no dia 9 de setembro de 1893. Era filho de Elisa da Conceição Canuto, jornaleira, residente na Vila.
Foi mobilizado para Angola, em 1914, como soldado de Artilharia, com o n.º 1289. Terá pertencido à mesma Companhia e feito o mesmo percurso inicial dos restantes militares, naturais de São Vicente, que fizeram parte da 1.ª Expedição enviada para aquela colónia ultramarina, logo no início da Grande Guerra. Faleceu pouco tempo após ter chegado a África.
José Silvestre, natural da Paradanta e seu companheiro em Angola, contava que, de todas as dificuldades que por lá passou, aquilo que mais lhe tinha custado foi ver morrer o amigo ao pé dele e não ter podido socorrê-lo, deixando-o para trás. «Guardou essa mágoa por toda a vida», como conta a filha Maria José.
Segundo a relação nominal dos mortos da Grande Guerra e respetivas pensões de sangue atribuídas aos familiares, Domingos terá falecido no dia 18 de Novembro de 1914. Já era casado e tinha um filho, quando partiu para Moçambique, porque, de acordo com a mesma lista, foi atribuída à viúva, então com 22 anos de idade, e à criança, na altura com um ano, a pensão de 72$00 anuais. Este era o valor mais baixo pago aos familiares das vítimas da guerra, manifestamente insuficiente se tivermos em conta a carestia de vida que se vivia por aqueles tempos, mas que correspondia ao pré dos soldados enviados para África.
A mãe de Domingos, Elisa da Conceição, nunca se terá casado e viveu sempre com muitas dificuldades. Contam que andava de terra em terra a pedir esmola e, sempre que passava pela Paradanta, ia bater à porta de José Silvestre, a perguntar porque é que não lhe tinham trazido o filho da guerra. Nunca se conformou que lho tivessem deixado ficar por lá.
Elisa faleceu em fevereiro de 1946, na condição de indigente, e dizem que ainda a chorar pelo filho. Não foi encontrado qualquer registo sobre a esposa e o filho de Domingos Canuto. É possível que não tivessem nascido em São Vicente da Beira.

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Trovoadas


«Por todo o Doiro a trovoada passara como um furacão. A bradar por montes e vales, fulminou, primeiro, e alagou e arrasou depois. À voz dos trovões, desciam dos altos torrentes tumultuosas, que escavavam socalcos, aluíam paredes, arrancavam cepas e deixavam atrás, escancaradas, as entranhas da terra. O vento colaborava activamente na destruição, e as rajadas de saraiva, que puseram fim ao arraial, completaram a obra sinistra. Os cachos eram esbagoados ou feitos em papa, as folhas rasgadas ou ripadas dos ramos, as árvores abanadas até à raiz. Nenhuma vida enfrentava inviolada a tormenta, a que nem os próprios trabalhadores podiam fugir, atingidos também nas cardenas, pelas telhas quebradas que caíam e pelo granizo que, sem anteparo, descia directo do céu sobre eles. Um clamor de desespero impotente misturava-se ao rugido feroz dos elementos.
Durou meia hora apenas este desfecho trágico da ameaça que pesava há dias sobre a região. Foi como o êxtase satânico de um deus irado, cuja paciência chegasse ao fim. E, quando a onda passou e o mundo parecia novamente ter encontrado o pé, o que sobreviveu lembrava o salvado exangue dum naufrágio cósmico

Este texto, retirado do livro “VINDIMA” de Miguel Torga, fala duma trovoada na região do Douro, no tempo das vindimas; com ligeiras diferenças, podia também referir-se ao que aconteceu no último domingo de maio, em grande parte da Beira Baixa.
Já andava há dias a armar-se por cima da Gardunha e do Açor, mas nesse domingo o dia tinha amanhecido claro e ameno. De repente, logo ao princípio da tarde, o céu escureceu, como se fosse quase noite, e desabou com chuva, vento, trovões e granizo, arrastando o que podia. Foram quase duas horas de pavor, que levaram por água abaixo o trabalho e a esperança de muita gente. Depois o sol voltou a aparecer, brilhante, como se não fosse nada com ele. Em São Vicente houve alguns estragos, principalmente nas hortas, mas foi pior noutras localidades aqui à roda, onde o pedrisco destruiu pomares de fruta pronta a apanhar, e ameaçou outros de colheita mais tardia. 
Dizem que o tempo já não é o que era, mas, quanto a trovoadas, não terá havido grandes mudanças. São famosas as de maio, e outras que se armavam várias vezes ao longo do ano, medonhas, que chegavam quando menos se esperava, e não havia nada a fazer para fugir delas. E não afetavam apenas as culturas ou as casas: homem ou bicho apanhado a jeito por uma faísca, raramente escapava sem alguma moléstia para o resto da vida, quando não era morte certa.
Foi o caso de Domingos Pires, de 25 anos de idade, já casado, e de José Fernandes Rato, de 23, ainda solteiro, ambos naturais do Tripeiro. Eram lavradores, e no dia quatro de julho do ano de 1860 andavam juntos no Vale da Miguelha a acarear o pão, depois da ceifa. Foram surpreendidos por uma trovoada e, para se proteger, meteram-se debaixo do carro de bois. Tiveram pouca sorte: diz o registo de óbito que foram encontrados mortos, debaixo do carro carregado de centeio, atingidos por um raio.
Foi também o caso de José Caetano, de 17 anos de idade, natural do Casal da Serra. No dia 24 de maio de 1909, no sítio da Malhada da Cova, no alto da Gardunha, foi apanhado por uma grande tempestade e, embora andasse atrás das cabras desde os dez, não sabia ainda que o pior sítio para se acoitar era debaixo dum castanheiro. Foi encontrado morto, fulminado por um raio.
Melhor sorte teve o Ti António Inverno, também pastor de muitos patrões ao longo da vida, mas, por aquela altura, por conta do senhor António Neto. Naquele dia de abril (final dos anos sessenta do século passado) resolveu levar o rebanho para o cimo da Serra, farto de mato tenro para os cabritos; de repente armou-se uma trovoada tão grande que não teve tempo de acautelar o gado e perdeu muitas cabeças, atingidas por um raio. Por milagre, ele não sofreu nada, para além de um susto de morrer. Por esses dias, mesmo nas casas mais pobres da Vila, não faltou carne à mesa de ninguém, porque andaram de porta em porta a dá-la a toda a gente que a quis.
Uma das memórias mais fortes que guardo da infância é o pavor da minha mãe em dias de trovoada. Era uma mulher afoita, a quem poucas coisas metiam medo, mas que mal começava a trovejar tapava o espelho dependurado por cima do lavatório, o único que havia em casa, cobria a máquina de costura e tudo o que pudesse atrair os raios, acendia uma vela e punha a arder um pouco de loureiro, oliveira e alecrim benzidos na missa do Dia de Ramos e que se mantinha o ano inteiro pendurado atrás da porta para o que desse e viesse; depois arrebanhava os filhos todos, como fazem as galinhas com os pitos em perigo, e rezava connosco:

Santa Bárbara Bendita
Que no céu está escrita
Com raminhos de água benta
Livrai-nos desta tormenta
Espalhe-a lá para bem longe
Onde não haja eira nem beira
Nem raminho de oliveira
Nem raminho de figueira
Nem mulheres com meninos
Nem ovelhas com borreguinhos
Nem vacas com bezerrinhos
Nem pedrinhas de sal nem nada
A que faça mal.
Amém.

Mal a trovoada se espalhava, abalava também o medo, e saiamos todos de casa a correr para, rua abaixo rua acima, chapinharmos na água que corria pelas valetas, vinda do Cimo de Vila.

M . L. Ferreira

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


Casimiro Venâncio

Casimiro Venâncio nasceu no Tripeiro, a 21 de Junho de 1895. Era filho de Abel Venâncio e Maria Piedade.
Assentou praça no dia 19 de junho de 1915, e foi incorporado no dia 13 de maio de 1916, na 8.ª Companhia do 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, como soldado com o n.º 530. Na altura era analfabeto e tinha a profissão de jornaleiro. Foi vacinado.
Pronto da instrução da recruta, em 29 de agosto de 1916, passou ao 1.º Batalhão, em 11 de Outubro. Foi mobilizado para a guerra e embarcou para França, no dia 20 de Janeiro de 1917, fazendo parte do CEP (após o embarque, deve ter ficado alguns dias a aguardar a partida do navio).
Não foi possível localizar o seu boletim individual do CEP, mas a folha de matrícula militar refere vários castigos, sendo o mais grave a condenação, pelo Tribunal de Guerra, a sete anos de presídio militar por, no dia 23 de Setembro de 1918, «… encontrando-se de prevenção de marcha para um novo aquartelamento mais avançado em relação à frente inimiga, se recusou a desarmar as barracas e entrar na formatura ameaçando matar com granadas de mão e atirar com metralhadora quem tal fizesse, e também se recusou a entrar na ordem às intimações que lhe foram feitas pelos seus superiores, empregou violência contra o alferes quando este o tentava impedir que desengatasse os cavalos de um carro da companhia, o que levou a efeito e tentando impedir que outras praças cumprissem o seu dever.»
Por esse castigo, deu entrada no forte de São Julião da Barra, no dia nove de Julho de 1919, logo após o seu regresso a Portugal.
Foi libertado por ordem da Secretaria da Guerra, na sequência da Lei 1198, de 2 de setembro de 1921, que amnistiava os crimes de guerra, e passou ao Regimento de Infantaria 21, em Setembro de 1921. Licenciado em 7 de Janeiro de 1922, veio domiciliar-se na freguesia de São Vicente da Beira. Passou à reserva ativa, a 11 de Abril de 1928, e à reserva territorial, em 31 dezembro de 1936.
Condecoração:
Medalha Militar de cobre com a inscrição: França 1917-1918.




Família:
Casimiro Venâncio casou com Hermínia Maria, no Posto de Registo Civil de São Vicente da Beira, no dia 24 de Dezembro de 1922, e tiveram 4 filhos:
1.    José Venâncio, que casou com Joaquina Antunes e tiveram 5 filhos;
2.    Carmina Maria, que casou com António Martins Caetano e tiveram 4 filhos;
3.    António Venâncio (não teve descendência);
4.    Maria de Jesus Venâncio, que casou com Joaquim Micael e tiveram um filho.
Contam que era uma pessoa muito trabalhadora, mas bastante reservada. Trabalhou sempre na agricultura, quer como jornaleiro, quer a tratar da sua própria horta. Também foi pastor durante alguns anos.  
Ficou viúvo ainda novo, porque a esposa faleceu em 27 de Março de 1950. Não voltou a casar.
Casimiro Venâncio faleceu no dia 11 de Novembro de 1980. Tinha 85 anos de idade.

(Pesquisa feita com a colaboração da neta Maria de Lurdes Afonso Venâncio)


Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Bio

No passado, mostrei-vos uns pesticidas biológicos que começara a usar. Desisti deles, pois não resultavam (devem resultar, mas eu terei exigido demasiado deles).

Este ano, a chuva tem-me feito a cabeça em água com as doenças que provoca. Além dos pessegueiros e da produção de cerejas, que foram à vida, tinha tomateiros grandes que ficaram doentes. Investiguei na net e achei um remédio: regar a rama com água e leite (1 litro de leite para 4/5 litros de água). A rama absorve o potássio do leite, tornando-a mais forte contra as doenças.Tem é de ser aplicado de manhã, talvez para, com o calor, não criar uma película seca sobre as folhas, impedindo-as de respirar. Resultou, pois consegui salvar metade dos tomateiros e todos estavam muito mal!

Na mesma altura, encontrei um modo de fertilizar as hortícolas com um adubo natural: meter as urtigas dentro de água durante uma semana e depois regar a rama das plantas com essa água, muito rica em azoto, pois as folhas absorvem o azoto presente na água. A rega das folhas é asneira, pois queima-as parcialmente, tal a quantidade de azoto. Queimei parte das folhas, mas sem consequências de maior e o azoto fertilizou-as. Mas passei a usar a água para regar junto aos pés das plantas e não sobre a rama. Também comecei a mergulhar na água não só as urtigas, mas todo o género de ervas que arranco do meio das hortícolas. Esta vale a pena, o problema, não pequeno, é o pivete. Se tocarmos com as mãos nessa solução, andamos todo o dia a lavá-las.

Logo no início do ano, tentara um pesticida natural para queimar  a grama, no Ribeiro Dom Bento. Li uma coisas e vi que a água da cozedura das couves era boa. Não fez nada. Penso que é a mesma coisa das urtigas/ervas mergulhadas em água durante 8 dias. Tentei com vinagre e resultou. Mas depois veio o covid e o vinagre esgotou logo. Interrompi. Ainda bem, pois a grama queimou-se superficialmente, mas passado um mês rebentou por baixo e tudo voltou ao mesmo.

Agora, com as cerejas, faço como me disse um dia o Zé Manel: como as boas e deixou as dos carneiros (ou deito-os fora e como-as na mesma).

Estas são as vicissitudes de um agricultor à procura dos melhores caminhos para a produção biológica.

José Teodoro Prata