segunda-feira, 23 de julho de 2012

Sei um ninho



Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
a voar .

Miguel Torga


Achei um ninho com três ovos verdes pintalgados de preto.
Uma semana depois já tinha três passarinhos cobertos de penugem.
Voltei lá ontem, armado em fotógrafo, mas eles tinham partido. É esse o encanto da natureza: funciona à margem da vontade dos homens. (Espero que não tenham sido comidos pela cobra que há tempos deixei seguir em paz, na esperança de que comesse os ratos que, no verão, roem a casca das raízes das árvores, secando-as)
No mesmo dia em que achei o ninho, a natureza brindou-me ainda com um outro encontro maravilhoso. Ao passar de carro no entroncamento da estrada de alcatrão com a estrada romana, junto à Fábrica, avistei ao longe uma fila estranha e abrandei até quase parar. Era uma perdiz com a sua ninhada de 8 perdigotos, um ao lado da mãe e os restantes em fila indiana atrás dela. Atravessaram a estrada em paz e depois subiram para o pinhal.
Há dias assim, plenos de vida harmoniosa!



Um comentário:

Margarida Gramunha disse...

Quando vamos para S. Vicente à noite vamos empre de olhos bem abertos e já vimos coelhos e raposas e da ultima vez já no caldeira vimos um texugo bem grande.