quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Toques de sinos

O Pedro Inácio Gama teve o sonho de restaurar os toques dos sinos da nossa igreja, como antigamente, e está a conseguir.
Confessou-me esse seu projeto faz agora um ano, aquando da realização do I Congresso Nacional sobre Turismo e Património Imaterial, promovido pelas Aldeias Históricas de Portugal, em Castelo Branco, Alcains e São Vicente da Beira.
Na altura, uma docente universitária participante no Congresso apresentou um estudo de âmbito nacional, sobre o simbolismo dos diferentes toques dos sinos das igrejas. E foi nesse âmbito que surgiu a minha conversa com o Pedro sobre os nossos toques de sino, que ele sonhava fazer ecoar por ruas, campos e montes de São Vicente.
Já este ano, um jovem investigador universitário apresentou um estudo sobre os nossos sinos, o qual aguarda publicação. Isto aconteceu também numa ação levada a cabo pelas Aldeias Históricas de Portugal, no mês de julho, na nossa terra. Nessa altura, o Pedro reproduziu o toque de festa.
Esta semana, entrou-nos pela casa adentro, através do programa da RTP Portugal em Direto. Desde o iníco do ano que trabalha com o apoio do GEGA e até mandam os toques dos nossos sinos para todo o mundo, a fim de servirem de toques nos telemóveis.
Aqui o vemos, com a sua boina basca a ajudar a compor o cenário da nossa terra, há anos atrás.
É muito bom que a comunicação social faça propaganda positiva das nossas coisas!
E as boas notícias não se ficam por aqui: um inglês, a viver em Castelo Branco, está a preparar um livro, promovido pela ADRACES, sobre os toques dos sinos nesta região. E o Pedro e a nossa terra vão ser novamente personagens principais.

José Teodoro Prata


4 comentários:

Ernesto Hipólito disse...

De facto Zé é muito bom que a comunicação social faça propaganda positiva das nossas coisas.
Teria sido melhor, que o Sr. Albino tivesse dito na reportagem, que os toques eram iguais aos de antigamente mas. Além de ele não alcançar o significado de falar para a televisão, temos que admitir que ele tem um bocadinho de razão.
Já não se admite que se diga na televisão pública, que a Ladainha de Todos os Santos, que se faz nos Domingos da Quaresma, é conhecida por "ladainha dos bêbados".
Pela minha parte, à conta desta asneira, fui enxovalhado por todos os colegas e delegados de informação médica que me apareceram nos dias seguintes, e a minha mulher foi alvo de troça de todos os colegas da segurança social de Castelo Branco.
Lá diz o ditado:- Nem todas as verdades se dizem.
Quando toca à nossa terra há que ter os olhos bem abertos e a língua curta!

E.H

José Teodoro Prata disse...

Não me apercebi do conteúdo da parte final da intervenção dele.
De facto, é verdade: as pessoas não têm consciência da força, positiva ou negativa, da comunicação social.

José Teodoro Prata disse...

Só pessoas como o Pedro e mais uns quantos sonhadores conseguem dar vida a projetos como este!
Foi linda aquela noite de Agosto, a Praça ainda bem composta de gente, em que voltámos a ouvir os sinos a dar os toques que tanto marcaram a infância e juventude de muitos de nós! A prova disso é que quase toda a gente tinha uma história ou um comentário a propósito de cada um deles.
Dos vários que ouvi, lembro o facto de o toque das Ave Marias (Ad’ Marias, como dizia a minha avó) que eram tocadas três vezes ao dia, marcarem o ritmo da vida das pessoas, principalmente o dos trabalhadores que andavam à jorna. Diz que os patrões e os feitores das várias casas agrícolas tentavam subornar o sacristão para que adiantasse o toque da manhã e adiasse o toque da noite, de forma a prolongar o dia dos desgraçados que trabalhavam de sol a sol por mais uns minutos.
A propósito do toque a batizado, diz que era de acordo com a generosidade do padrinho: se dava uma gorjeta mais avantajada, o toque era mais prolongado, se era mais somítico, o toque era a condizer…

M. L. Ferreira

José Teodoro Prata disse...

Infelizmente, se ficarmos apenas pelo folclore, nada disto terá valido a pena. Terá sido uma ilusão, embora a vida seja, em grande parte, isso mesmo.
Explico-me melhor: Se, nas cerimónias religiosas, o Pedro não começar a ser substituído por outra pessoa (ele integra a comissão paroquial), para estar disponível para tocar ao sino, como antigamente, então tudo isto tem pouco valor.
Só é de verdade se, a partir de agora, pelo menos a maioria dos toques forem feitos desta forma. E tem de ensinar a outros, ter uma equipa, para se ajudarem e poder ir um quando o outro está indisponível.
Essa é a diferença entre o património e o faz de conta (que, como escrevi atrás, não deixa de ter algumas qualidades).