quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Luzita, 1968-2019




Vou com o fim de tarde que me acompanha…
Envolve-me a vida e as cores do mundo.
Tocam em mim as asas do sonho.
Solto-me por aí, nas veredas do silêncio que grita.
Procuro as palavras nas estrelas que brilham.
Protege-me a lua e a certeza do sol a cada dia.
Bate em meu peito o coração a cada instante.
Sinto em mim serenidade e a magia de existir.
Soa aos meus ouvidos a valsa que os meus inquietos pés teimam em dançar.
Danço…
Perco-me por aí…
Luzita
11/01/2007

4 comentários:

Margarida Gramunha disse...

Quando as pessoas nos motram que somos muito mais do que o corpo que habitamos. Quando nos mostram que são o Tao, sendo sonho, sendo dança sossegada. Quando nos revelam a magia de existir, num corpo parado, na consciência de que tudo está bem e perfeito,a cada momento, independentemente das circunstâncias...
Sabes Margarida, dizem que as pessoas que têm esta doença são Anjos. - Disse-me, ela, um dia.
Sabem que acredito verdadeiramente nesta afirmação?
É talvez por isso que nenhum de nós encontrou ainda as palavras certas para escrever uma despedida para Luzita.
E será que encontrariamos melhores palavras do que estas escritas por ela?
Eu não sou capaz de me despedir da nossa Luzita. Acredito que estará sempre comigo.
Deixo um abraço apertadinho,à familia, e aos membros desta nossa comunidade.

José Teodoro Prata disse...

A Luzita dizia que o seu prazo de validade já tinha passado e por isso demos como adquirido que ela ficaria connosco.
O Pe. José Augusto veio ao velório e falou sobre a pessoa ser tanto mais do que o seu corpo. É verdade para toda a gente, mas foi-o especialmente para a Luzita.
Presa a um corpo estático e frágil, nunca parou de sonhar e de escrever, bricolar e partilhar com os outros as suas ideias.
O poema que a Sara Varanda leu na missa retrata-a na perfeição.
No meio de tanta lamúria que vai por aí, foi um exemplo de vida.
Obrigado ao casal José Bernardino e Manuela, que a adotaram como filha logo na doença da tia Eulália. Não por eu ter sido um primo desleixado e eles tios dedicados, mas porque o seu zelo tornou o mundo melhor.

M. L. Ferreira disse...

Anjo ou não, o que tantos de nós não daríamos para saber dançar a valsa como a Luzita a dançou!...

Unknown disse...

A Luzita já não está entre nós.
Menina paciente, amorosa, conversadeira, amiga; apesar das limitações, o seu espírito era livre.
Amava os livros, a cultura, a natureza, a nossa vila onde gostava de passear percorrendo no seu carrinho as ruas observando, tomando notas...
Nunca se sentiu discriminada pela sua família
A Luzita já não está connosco, partiu para o Pai que a recebeu de braços abertos.
"Senhor; coloca mais um prato na tua mesa porque hoje recebeste a Luzita"...
Presto a minha homenagem a esta estrela fulgente; deixa-nos as suas recordações, os seus pensamentos, a sua alegria de viver
Uns dias antes de falecer, falou-me entre outras coisas de um livro que uma irmã lhe ofereceu quando fez anos; mostrou-mo toda contente, foi a melhor prenda...
Era assim a Luzita; partiu, mas estará sempre presente.
J.M.S