segunda-feira, 27 de julho de 2020

Cresta, 2020

Tenho três colmeias. No ano passado, tinha duas e tirei 8 quadros de mel de uma delas, pois a outra nada produziu. No Outono, tirei mais três quadros.
Este ano prometia, pois o período de floração foi muito longo. Mas com dois perigos: choveu muito e nesses dias as abelhas comem mel, mas não o produzem; a abundância de pólen despoletou nas abelhas o desejo da multiplicação e enxamearam.
Desconhecia esta e por isso nada fiz quando encontrei a alça carregada de pólen e muitas realeiras (ovos/larvas de futuras rainhas). Era precisamente a colmeia em que depositava mais esperanças, pois era a mais forte. Passados uns tempos, comecei a ver poucas abelhas à entrada do ninho e fui ver: metade das obreiras tinham partido com uma das rainhas. Deveria ter feito um desdobramento, que me garantia uma nova colmeia.
Não achei piada ao que me fizeram, fiquei até magoado com elas (estavam tão bem comigo!), mas é precisamente aí que está o maravilhoso da coisa: ai de nós se conseguíssemos controlar completamente a Natureza!
Este ano colhi 11 quadros de mel e a colheita de outono promete, pois deixei muitos quadros em meio.  Não desfaço os favos de novembro, ficam para ir comendo no inverno (mastiga-se um pedacinho de favo, engole-se o mel e deita-se fora a cera).
Dizem que uma colmeia deve dar entre 10 a 16 litros de mel, mas nos apiários de transumância e de apicultores especializados chegam a dar 60 litros. Transumância é a movimentação periódica das abelhas para zonas onde a floração é mais forte, nas diferentes épocas do ano.
Estou ainda muito longe dos 10 litros mínimos, mas é uma festa!

Nota: uso sempre o termo colmeia para designar as caixas e as abelhas. É como nós dizíamos no passado, mas é incorreto agora: colmeias são as caixas onde estão as abelhas e ao conjunto das caixas e respetivas abelhas chama-se colmeia enxameada.

José Teodoro Prata

2 comentários:

M. L. Ferreira disse...

Imagino que sim, que é uma festa! Não apenas porque, apesar do investimento inicial e de todos os custos de manutenção, e cuidados permanentes, é uma atividade que compensa, mas sobretudo por toda a aprendizagem que se vai fazendo através do contacto com mundo das abelhas. Eu, que estou muito longe desse mundo, só por estes artigos que o José Teodoro aqui nos vai deixando e algumas conversas com outras pessoas que também se dedicam a esta atividade, tenho mudado os meus comportamentos para com as abelhas: há relativamente pouco tempo, se via uma abelha aproximar-se de mim, fazia tudo para conseguir matá-la; agora, se vejo alguma em perigo, não paro enquanto não a vejo a salvo.
Ainda não experimentei fazer o bolo de São Vicente, daquela receita antiga das freiras do nosso convento, mas já comprei há tempos o mel, dumas colmeias mesmo ao pé da minha casa. É muito escuro, diferente do que costumamos ver à venda, mas é tão bom que o frasco já vai quase a meio.

Anônimo disse...

Caro amigo. Os neófitos são sempre surpreendidos com factos simples mas ignorados.
E sendo neófito tem já um conhecimento sobre a matéria que aos nossos antepassados foi interdito. Ver a coisa na colmeia ou no cortiço é bem diferente de abrir a caixa e ver os quadros, o tamanho do enxame e a carga de mel...Parece-me até melhor que ver o espaço sideral, ainda que seja com um bom telescópio....
E o famoso segredo da abelha que durou milénios está hoje praticamente no domínio publico dos interessados por estas coisas, claro está.
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