quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Refugiados

 O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados colocou, em São Vicente da Beira, três famílias vindas do Sudão. Duas chegaram esta semana e a terceira virá depois. Há crianças e jovens, que tanta falta fazem ao nosso interior. Ficarão até maio do próximo ano. Nessa altura termina o apoio financeiro da ONU e eles serão livres de ficar ou de tentar a sorte noutras paragens, por sua conta e risco.

Na parte Sul, formou-se recentemente um novo país, o Sudão do Sul, na tentativa de trazer alguma paz àquela região, dilacerada por muitos anos de guerra. É uma terra árida, pois integra o deserto do Saara, apenas com terras férteis nas margens dos cursos de água da bacia hidrográfica do Nilo. Foi nesta região da África Oriental que uma espécie animal evoluiu ao longo de milhões de anos e deu origem à espécie humana. Por isso somos primos dos recém-chegados!

Na nossa terra, o seu anfitrião é a Misericórdia. Estão alojados nas casas do bairro Dr. Lemos, desta irmandade.

O meu sentimento é o mesmo do José Mário Branco, quando, nos anos 80 ou 90, para impulsionar a música portuguesa, afirmou: Que floresçam 100 Marcos Paulos!. 

Sejam bem-vindos e oxalá que alguns por cá fiquem.

Oxalá é uma palavra árabe que significa Deus queira. Refere-se ao deus dos muçulmanos, que é o mesmo dos cristãos e dos judeus, só que adorado com igrejas e rituais diferentes. Estes refugiados poderão ser muçulmanos (muçulmano significa crente) ou cristãos, pois no Sudão existe uma minoria de cristãos, os coptas, descendentes dos primitivos cristãos, mas que não estão integrados na estrutura da Igreja Católica. Estes cristãos coptas são a maioria no novo país do Sudão do Sul.

José Teodoro Prata

Nota: há comentários novos na publicação No tempo da outra senhora.

4 comentários:

M. L. Ferreira disse...

Se não fosse sabermos o que estas pessoas andaram para aqui chegar e o que terão sofrido para decidirem deixar o país delas, seria motivo de grande alegria podermos recebê-los na nossa terra.
Não terão vindo para São Vicente por escolha própria, mas cabe-nos a todos, Misericórdia, Junta de Freguesia, Paróquia, Escola, e sobretudo a comunidade, acolhê-las bem e fazer tudo para que decidam ficar aqui enquanto não puderem regressar ao Sudão, um dos países mais pobres e inseguros de África, mas provavelmente aquele de que mais gostam. Oxalá consigam! Era bom para elas e para o mundo.

Maria Luz Teodoro disse...

Os refugiados são cristãos, um casal fala inglês e árabe o outro só árabe e já falam ambos algumas palavras de português.
São muito simpáticos e estão com muita vontade de se fixar e arranjar trabalho em S. Vicente da Beira. As crianças são 6 dis 4 meses aos 7 anos e está previsto um novo nascimento para setembro.
Também para setembro está prevista a chegada de uma nova família composta por uma mãe viúva e 5 filhos dos 14 aos 23 anos.
Ainda hoje lá fui levar algumas cisas de que precisam, são muito afáveis, recetivos e ficam muito agradecidos. Disseram que estão a gostar muito da terra e querem aprender português. Sempre foi vontade deles virem para o campo ( viveram desde novembro em Loures num centro de acolhimento.
Oxalá consigam arranjar emprego e se fixem por cá!

José Barroso disse...

Só vi este post hoje. Sim, Deus queira que arranjem emprego e fiquem pela Vila. Concordo com os comentários anteriores.
Abraços, hã!
JB.

Anônimo disse...

E parabéns à direção da Misericórdia!!!
José Teodoro Prata