Isto hoje mete drama!, aviso já.
Aqui, a dois passos de Almada (quinze minutos a pé, de minha
casa) há um parque. Daqueles verdes, muitas árvores, alguns caminhos que se
bifurcam e se cruzam, para se andar, de terra batida, outros já com piso de
alcatrão, bastantes empedrados. Parque da Paz, o nome de baptismo. A toda a
volta, autoestrada, estradas várias, principais, muito trânsito.
Sou dos assíduos, ao cantar dos galos. Conheço praticamente
todas as pessoas que lá vão, a maioria caminhando apenas, uns poucos a correr.
Conheço-os pelo andar, a andarem para mim, um bom-dia quando nos cruzamos;
outros, à minha frente como a desafiar-me a apanhá-los, outros ainda, mais
rápidos, vindos de trás, a ultrapassar-me - é pelo andar, sim, que os
identifico.
Nas mesmas horas, quase sempre os mesmos; dá-se por quem
falta, e, se aparece alguém novo, dá-se por isso.
Não conhecia aquele andar! Lá mais à frente, onde a vereda
dos carvalhos cruza com o caminho principal, vinda daí, uma senhora. Até me
pareceu alguém de São Vicente! Acompanhei-a como pude, a uns 80 metros de
distância, depois 100 e por aí adiante, até a perder de vista. À altura do
nariz, seguro na mão direita da senhora, um telemóvel - por onde ela lia,
concentrada, sim, em andamento. Opinioso, como toda a gente, quando a vi
encaminhar-se para fora do parque, do lado que tem mais trânsito, pensei para
mim: "Oxalá, não tenhas algum azar!"
Curioso q.b., sou assim, mas não ao ponto de me deslocar dez
metros para dar fé de um acidente automóvel; nem de perguntar a quem passa, com
ar de saber, "o que é que se passou ali?". Só vos posso dizer que
ouvi a sirene de uma ambulância, para aqueles lados, parou, depois arrancou,
ainda com maior ruído. Nem sei se foi a senhora do telemóvel, atropelada, sei
lá!, nem se ela sempre é de São Vicente...
Quando, e se, souber alguma coisa, volto à antena.
S. Baldaque, um vosso criado.
Um comentário:
O privilégio que é ter um parque desses (via as fotografias...) quase á porta! É pena que nem toda a gente consiga utilizá-lo para se libertar de todos os ruídos que nos envolvem ao longo do dia.
Já agora, se a ambulância foi para a mulher do telemóvel, que ela não fosse de São Vicente...
MLFerreira
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