Os humanos já vivem há milhares de anos, nesta encosta da
Gardunha, os poderosos é que foram mudando, mas trazendo sempre consigo novas
gentes.
Na época romana, a estrada vinda do Ribatejo passava por
Castelo Branco, Alcains e logo a seguir atravessava a ribeira da Ocreza (a
ponte está submersa pela água da barragem de Santa Águeda).
Depois dividia-se em duas. Uma voltava a atravessar a Ocreza
abaixo do Louriçal e seguia pela Soalheira, Castelo Novo e serra acima até ao
Fundão. A outra, a nossa, seguia na direção das Vinhas, fonte da Portela,
Marzelo, Corredoura, Pinheiro, Ribeiro Dom Bento, Quintas, Orada e aqui subia
até à Portela de São Vicente, agora Alto da Portela, e continuava pela outra
vertente da serra.
Neste agosto, o meu sobrinho António Craveiro avisou-me de
que as obras de captação de água pela Fonte da Fraga estavam a degradar a
estrada. Contactei a Junta, a Câmara e um amigo arqueólogo, que me informou
estar a estrada registada na plataforma de registo do património arqueológico,
graças a uma iniciativa do GEGA, há uns bons anos!
De regresso, fui ver e tirei as minhas conclusões, que enviei
às entidades acima referidas e à Fonte da Fraga. Resumidamente, o que observei,
no troço entre a Senhora da Orada e a casa do Rabaçal foi: degradação pelo uso
de tantos séculos; degradação pelas obras de captação e canalização da água
oferecida à povoação pela família Matias; degradação pela água que corre
continuamente nas margens da estrada, vinda de uma das captações/canalizações;
degradação pela movimentação das máquinas para realizar as atuais captações da
Fonte da Fraga.
A Fonte da Fraga disponibilizou-se a colaborar num projeto
da restauração da estada (o presidente da Junta já a contactara, sobre o
assunto) e o presidente da Câmara comprometeu-se a tratar do problema no próximo
mandato.
No domingo, realizam-se as eleições autárquicas e, sejam
quais forem os resultados locais e concelhios, faço votos para que possamos
congregar vontades para preservarmos esta estrada milenar, que tantos trabalhos
terá custado aos nossos antepassados de então.
Atenção: os turistas querem é conhecer coisas genuínas,
aquilo que temos de peculiar, que nos carateriza; não o que nos torna iguais a
todos os outros!
José Teodoro Prata
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