domingo, 29 de junho de 2014

PORTUGAL

Reconquista

José Teodoro Prata

Camões

Maior que a terra onde nasceste
Camões de vistas largas
Choraste lágrimas amargas
Incompreendido enquanto viveste
Os invejosos não descansaram
Enquanto não te desterraram
Foste um lutador incompreendido
Andaste por muitos locais, lados
Teus lusíadas ainda foram publicados
Contigo vivo, ainda foste reconhecido
Nasceste em Portugal
Onde? Não sei
Como já afirmei
Não sabemos o local
Tem sido feita de imaginação
A tua obra tem sido revestida
De encontros, desencontros, é a vida
Viveste a vida com muita paixão
Foste um homem extraordinário
Tua fama só depois da morte chegou
Foste um poeta que muito amou
Mas tiveste um mau fadário
Nunca foste rico, nobre
Eras um homem letrado
Apesar de não seres formado,

Foste sempre um cidadão pobre

Vê lá tu como são os poderosos
Sempre a vida te tramaram
Mas depois teus escritos usaram
Para se tornarem famosos
Foste um pobre soldado
Pela tua Pátria lutaste
Pela África e Ásia andaste
Sempre, sempre endividado
Foste um grande conquistador
De corações das damas nobres
Apesar de teres poucos cobres
Eras invejado, seu galanteador
Por isso foste desterrado
Primeiro para a vila de Belver
Depois Ceuta onde foste combater
Já eras então um homem marcado
Foste um poeta experimentado
Não foste um poeta qualquer
Dinamene era uma bela mulher
No teu tempo foste um poeta odiado
Alma minha que me deixaste
No meio do mar naufragada
Meu amor, minha amada
Porque me abandonaste
A obra que te deu a imortalidade
Conseguiste mesmo molhada salvar
Ao rei a pudeste declamar
É sempre nova, não tem idade
Príncipe dos poetas degredado
Morreste na mais vil e triste pobreza
Deixaste-nos os lusíadas, uma beleza
Numa vala comum foste enterrado
Ao longo dos séculos tens influenciado
Com a tua prosa, teu estilo prosador
Muitos poetas, grande senhor
És o nosso poeta mais amado
Pelos Lusíadas Camões, OBRIGADO
São uma mensagem de esperança
Ao povo Luso transmitem confiança
Por todos os povos lusófonos és exaltado

Zé da Villa

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Javali

José Teodoro Prata

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A nossa Feira no imprensa.


Ver vídeo em reconquista.pt

José Teodoro Prata

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Jogos tradicionais na Feira

O JOGO DOS PREGOS


Material: Um cepo de madeira
                Pregos
                Martelo

Objectivo: Não ser o último a espetar completamente o prego
Penalização: Pagar uma rodada (vinho, cerveja…) a todos os jogadores

Espetam-se os pregos (um por cada jogador) superficialmente no cepo. Cada jogador, na sua vez, dá uma martelada no respetivo prego. Quem for o último a conseguir espetar completamente o prego, perde e paga a rodada.

M. L. Ferreira

Nota: Este jogo teve muitos participantes e despertou a curiosidade até das crianças. Talvez fosse interessante que, em próximas edições desta feira, se organizasse um espaço para a divulgação dos jogos que aprendemos com os nossos pais e avós…

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O passeio da Feira




José Teodoro Prata

Comentário:

Foi a terceira vez que participei nestes passeios (tenho pena de não ter participado nos outros, principalmente naquele em que subiram ao cimo da serra, mas espero que um ano destes se repita…). Para além das muitas coisas que fiquei a saber sobre a história da nossa terra, cada um deles tem sido uma viagem no tempo e um reavivar de memórias da infância e juventude.
Do primeiro lembro sobretudo a passagem pelo Pelome. Trouxeram-me à memória as aflições da minha mãe quando dava conta da bolsa dos livros do meu irmão ao fundo da escada e percebia que, em vez de ter ido para a escola, teria ido nadar para a Ribeira. Lá ia ela, quelha abaixo, à procura dele! Uma vez, já desesperada, ainda lhe trouxe a roupa e ele teve que voltar encarrapato para casa…
Do segundo, à passagem pelas vinhas do poço, lembrei-me do meu primeiro trabalho remunerado. Foi durante umas férias, a vindimar. A injustiça que senti quando, na hora de recebermos, me pagaram metade do que deram às outras mulheres. Achei que não era justo porque, apesar de inexperiente, nunca tinha ficado para trás das outras.
No domingo, seguindo o curso das águas, passámos por sítios lindíssimos! Alguns, qual Gerês, qual Buçaco!... Mas foi ao passar pelo tanque da regadia, no Cimo de Vila, que me senti a recuar no tempo. Acho que era de lá que saía a água que vinha pela valeta da rua do Convento abaixo, seguia depois pela rua da Igreja e se sumia num boeiro na rua Velha, ao fundo da Nicolau Veloso. Era uma alegria quando, nas tardes de verão, víamos a água começar a correr lá de cima! De saias e calças aforradas e pés descalços, andávamos rua acima, rua abaixo, a chapinhar na água. De que é que nos importava que nos dissessem que as mulheres do Cimo de Vila despejavam lá os penicos?!
Trabalho notável, o do José Teodoro que nos proporciona estas viagens no tempo!

M. L. Ferreira

domingo, 22 de junho de 2014

quarta-feira, 18 de junho de 2014

As nossas feiras

Há dias nem sequer me dei ao trabalho de responder a um comentário da  Libânia em que  (mostrando a sua grande ignorância), afirmava que o Borda d´Água  não fazia alusão às nossas festas e feiras. Fiquei então a saber que ela nunca o deve ter lido, porque nas páginas 20 e 22 dessa folhinha,  na secção festas e feiras, lá está escrito 3.º Domingo de Janeiro e 3. º Domingo de Setembro,   S. VICENTE DA BEIRA.
Esta deve ser daquelas que  transplanta as cenouras enterrando-lhe a rama, ficando a cenoura de fora!
Mas não era disto que eu queria falar;  foi só um desabafo de uma pessoa ofendida.

Nos anos cinquenta, além dos mercados mensais que ainda hoje se fazem, havia também duas grandes feiras em S. Vicente da Beira. Eram a feira de Janeiro como era conhecida, pendente da Festa de São Vicente (22 de Janeiro), e a feira de Setembro que coincidia com as Festas de Verão no terceiro Domingo desse mês.
Eram feiras de grande nomeada que atraíam muita gente das redondezas e em  que além dos tendeiros normais  também havia gente do povo a vender. Eram os agricultores que vinham vender ou comprar gado; esses agricultores vendiam também os produtos das suas colheitas tais com o feijão pequeno, o feijão grande, o grão, os alhos, as cebolas etc.
Vinha o cesteiro que enquanto vendia uns cestos ia fazendo outros. Os oleiros vinham com as suas carroças carregadas de talhas, alguidares, cântaros e cântaras, caçarolas, tachos etc.
Havia também os quinteiros que vinham vender os leitões galinhas e pitos que lhe sobravam e que muitas vezes trocavam por produtos que faziam falta.
Para a cachopada era dia de festa. Lembro-me que numa feira de Setembro o meu pai me comprou uns sapatos muito bonitos que iriam servir para aquelas festas e por aí adiante. Com o entusiasmo do dia achei que devia estrear logo os sapatos e fui jogar à bola. À noite o meu pai deu-me um jeito na roupa. Bem o merecia. Hoje seria violência doméstica!
Noutra vez, deu-me vinte e cinco tostões (uma fortuna), para gastar na feira e nas festas. Com a moeda na mão, fui direitinho  à taberna da Viúva e gastei tudo em amendoins. Fiz a festa toda logo nesse sábado.
Numa dessas feiras, uma velhota foi vender um leitãozito muito enfezadito  que andava a criar.
Sentou-se na primeira escada do balcão da cadeia com o animal ao lado, na esperança de o conseguir impingir. Era no tempo da miséria e muita gente não tinha dinheiro para comprar ou mandar fazer roupa interior e por isso simplesmente não usava.
A  velhinha era pobre e, ao sentar-se, ficou descomposta. Passaram então dois rapazes já espigadotes e um deles, vendo a velha naquele preparo, vira-se para ela e pergunta:
- Oh Tiazinha, quanto é que vale o seu arrepiado?
A velha,  muito desempenada, olha para o rapaz com  má cara e responde-lhe:
- Arrepiédo não,  que já hoje mamou duas caldeiradas!


E.H.