sábado, 27 de março de 2010

Domingo de Ramos



...e chegando o tempo da Páscoa, Jesus dirigiu-se a Jerusalém com os seus discípulos. As muitas pessoas que já ali se encontrava receberam-no em festa, com cânticos e ramos de oliveira e palmeira. Mal sabiam todos, Ele já saberia, que dias depois o iriam sacrificar, como mais um cordeiro, no holocausto da festa pascal.
Anos mais tarde, os seus seguidores, chamados cristãos, começaram a celebrar os acontecimentos que tiveram lugar em Jerusalém, por aqueles dias.
E assim nasceram as festividades pascais, do Domingo de Ramos às Boas Festas da Aleluia.
Em S. Vicente da Beira, nos anos 60 do século passado, recordava-se a chegada de Jesus à cidada santa, com ramos de loureiro, enfeitados de flores. Será dos encantos de criança, mas tenho na lembrança alguns ramos que eram verdadeiras obras de arte.
Pegava-se num simples ramos de loureiro, grande ou pequeno, e enchiam-se os espaços vazios com toda a espécie de flores que já tivessem desabrochado.
Recordo-me de um Domingo de Ramos com o Padre Branco, recém-chegado a S. Vicente. Vindo de Lisboa, impregnado pelo espírito renovador do Concílio Vaticano II, ele introduzira a moda de as crianças ficarem todas à frente, entre o altar e os primeiros bancos.
Havia muitas crianças e as pessoas mal viam o altar, tantos eram os ramos de loureiro erguidos ao alto. Mas, dos lados, a situação era preocupante, pois alguns ramos ameaçavam a integridade dos altares laterais.
O P.e Branco, preocupado com o excessivo entusiasmo do seu rebanho, interrompeu a missa e chamou ao altar um miúdo com um ramo mais pequeno. Pegou no ramo e mostrou-o a todos. Era aquele o tamanho ideal, nem muito grande, nem excessivamente pequeno.
Era o meu, decorado com as mais lindas flores que havia na Tapada ou que a minha mãe pedira a outra mulheres.
Não fora a estética que ditara o tamanho do meu ramo. Ele era do tamanho possível, considerando os ramos que a Senhora Maria José Afonsa dera à minha mãe e depois a divisão que deles se fez pelos seus filhos.
Quanto às flores, que me perdoem os rapazes da minha geração, mas a minha avó Doroteia obteve do Padre Tomás, em Confissão, o perdão antecipado dos pecados, por todas as flores que roubasse.
Mas não nos desviemos dos ramos de loureiro, em Domingo de Ramos. Finda a missa, família que tinha muitos ramos dividia por quem não tivesse nenhum. E todos eram levados para casa e colocados na cantareira, para abençoar o lar e temperar os manjares do ano inteiro.


Andámos nós a maldizer do tempo frio e chuvoso, excessivamente frio e chuvoso, e a natureza deu-nos mais uma lição: chegámos ao Domingo de Ramos e o loureiro floriu, nem antes, nem depois. Afinal, a Primavera chegou na data certa!

2 comentários:

Anônimo disse...

Seu vaidoso!
Nos Casais da Fraga queimavam-se nas trovoadas de Maio (duvido que tivessem a mesma eficácia nas outras) rezando-se o "Santa Bárbara bendita / que nos céus estás escrita / com raminhos de água benta / livrai-nos desta tormenta". Remédio santo!
jmt

Anônimo disse...

Fica a saber amigo jmt que na serra, ainda maais longe que na tapada, tinham a mesma eficácia. A jurisdição é a mesma, como é a fé e a agua benta.
Zé, o artigo está delicioso. As coontingencias do tamanho do ramo, uma pequena maravilha.
francisco barroso c/um abraço