domingo, 28 de abril de 2013

Boletim agrícola


O frio da Semana Santa queimou as frutícolas mediterrânicas: laranjeiras, pessegueiros, ameixoeiras e amendoeiras. De colheita, estamos conversados (se o Ernesto Hipólito vier aqui escrever que não é bem assim, eu explico: a zona da horta dele, entre o Caldeira e a Oles, é protegida dos ventos frios, pela serra; já a canada do vale da Senhora da Orada...). Em alguns locais, as batatas temporãs também ficaram totalmente cozidas com o frio e a humidade.
As cerejeiras adoraram. Na foto, em primeiro plano, à direita, uma cerejeira que já limpou da flor; à esquerda, uma amendoeira parcialmente sem rama, queimada pelo frio. A cerejeira é a árvore ideal para a nossa região: gosta do frio e não sofre pragas nas folhas; um único senão - imediatamente após a floração, não gosta de frio (faz abortar a formação do fruto, acabado de conceber). Algumas das minhas atrasaram-se e estão precisamente nesse ponto. O frio deste fim de semana poderá fazer alguns estragos. Vamos aguardar!
Aconteça o que acontecer, reafirmo que a cerejeira é a produção ideal para a nossa região serrana. Espanta-me que, ao contrário de outras terras, ninguém aposte nela como fonte de rendimento. Depois do Sr.º José Matias, há já uns bons anos, ninguém mais quis ganhar dinheiro com a produção de cereja para o mercado.
Outro fenómeno que me causa estranheza é o desprezo com que se encara a produção de gado caprino. Nos dois maiores rebanhos que conheço nem sequer se aproveita o leite! Embora serranos, vivemos sempre demasiado virados para o campo, território de ovinos. Mas a carne de cabra/cabrito e o queijo de cabra são muito mais saudáveis do que os seus congéneres de ovelha. E têm mais procura!
Duma coisa podemos estar certos: esta crise económica veio para ficar e muitos não encontrarão saídas profissionais nas áreas que até agora eram habituais. Mas existe uma alternativa na terra: produção de cereja e de caprinos, para o mercado!

José Teodoro Prata


3 comentários:

Carmo Barreto disse...

Alegra-me saber que há quem continue a insistir nessas culturas, especialmente na cereja! A minha mãe, que é de S. Vicente da Beira, continua a dizer que a cereja da região é melhor que existe! Muitos parabéns. Carmo Barreto.

Vitor B. disse...

Delicioso... não esperava!
Abraço

Margarida Gramunha disse...

Ora as cerejeiras já lá estão a crescer, em caso de necessidade falta apenas comprar as cabras e aprender com a avó como se faz o queijo.