domingo, 13 de setembro de 2015

Estrada Castelejo-São Vicente


Este trecho do mapa dos caminhos de ferro, em Portugal, no ano de 1895, foi publicado na revista VISÃO HISTÓRIA, deste agosto.
As estradas estão apresentadas a preto, sendo as de traço contínuo reais e as de tracejado distritais.
O que me interessa aqui realçar é a estrada já existente, em 1895, do Fundão para São Vicente da Beira. A estrada desce um pouco abaixo da Vila, pelo que o troço da Oriana terá sido construído ainda um pouco antes da data que referi na publicação anterior (cerca de 1900).
Sei, por notícia de um jornal regional, que, na década de 90 desde final do século XIX, estava em construção a estrada junto à ponte do Ramalhoso, sobre a Ribeirinha.
A grande novidade para mim é que a construção fez-se de norte para sul e não de sul para norte, como eu julgava.
É natural, pois a sul da Vila a estrada/caminho era razoável e há muito que a circulação se fazia por lá, sem grandes problemas. No Ramalhoso, já existia uma ponte de pau sobre a Ribeirinha, um pouco abaixo do local da atual. A norte é que era difícil, com a subida até ao Alto da Portela e a descida do Arrebentão, para o Vale d´Urso. Assim, cerca de 1890, uma nova estrada foi rasgada do Vale d´Urso para São Vicente, pela Paradanta. Até esta localidade já existiria um bom caminho, de ligação da Partida, pela Paradanta, ao vale da ribeira das Ximassas (Vale d´Urso e Castelejo). A grande novidade foi mesmo o troço Paradanta-São Vicente.
Por outro lado, todas as informações parecem confluir para uma terceira conclusão: a estrada Alcains-Castelejo foi construída nos dois sentidos, confluindo em São Vicente: primeiro do Castelejo para São Vicente (como indica o mapa) e logo a seguir, quase ao mesmo tempo, de Alcains para São Vicente (segundo notícias da década de 90, na imprensa de Castelo Branco).

José Teodoro Prata

Publicação acrescentada a 14 de setembro:

No início dos anos sessenta do século passado, a estrada que nos liga a Castelo Branco por mais cuidado que os zelosos cantoneiros tivessem na sua conservação: "senhores: António Jerónimo (Tonho da Marta); João Candeias (passaião); João Inês; José Jerónimo (Zé da Marta) " era um tormento "principalmente no inverno." O senhor Lourenço (motorista da Auto Transportes do Fundão) "a pedido do meu pai" nas férias esperava pela carreira de Évora "onde eu vinha" por vezes atrasava-se muito, não podia esperar; recorria aos carros de aluguer; "não gostavam de ir à vila,  estrada lamacenta, cheia de buracos... A vila durante muitas décadas esteve votada ao mais completo abandono, só nos finais dos anos sessenta "com a construção da barragem do Pisco" começou a ter algum progresso. Com a variante "estrada nova" o trânsito deixou de passar dentro de São Vicente. (arquivo J.A.E 
O Novo Dicionário Chorographico de Portugal Continental e Insular "Francisco Cardoso de Azevedo" nos rios da nossa região (Tejo; Zêzere; Ponsul; Aravil; Ocreza) inclui a "nossa ribeira:" Ramalhoso; ribeiro que nasce a sudoeste da Serra da Gardunha, a norte de São Vicente da Beira, próximo de Nossa Senhora da Orada e entra  na Ocreza com cerca de 25 km.
Com a requalificação da estrada e o alargamento das pontes o (nosso rio) ficou com três nomes: Senhora da Orada; Ramalhoso e Ribeirinha. Deve ser caso único: tantos nomes...
E esta, hem?!


J.M.S

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sei se ajuda a clarificar alguma coisa, mas na ponte da nossa Ribeira (Ribeira da Senhora da Orada), junto ao Casal dos Ramos, existe uma inscrição com a data de 1888. Não sei se se refere à data de construção da ponte antiga ou à construção daquele troço da estrada. Confirma, pelo menos, que ela terá vindo de norte para sul…
Também ouvi dizer que a estrada foi feita à custa de muito trabalho “voluntário” porque todos os homens eram obrigados a dar um determinado número de dias de trabalho, não remunerados, na construção da estrada.

M. L. Ferreira

José Teodoro Prata disse...

A nossa ribeira ainda também se chamava Ribeirinha da Vila. É assim que é chamada, nas Memórias Paroquiais de 1758. De todos, eu "adotei" o nome Ribeirinha, pois serve para todo o seu percurso. Os outros são muito locais.