segunda-feira, 1 de abril de 2019

Poemas d`O pequeno Lugar - Apresentação





«Gosto muito destes lugares. Do “Pequeno Lugar” e da “Ribeirinha”. Um podia existir sem o outro. Mas, os dois acrescentam-se e acrescentam. São mais do que dois mundos que falam um com o outro. Um, na encosta onde a aldeia se aconchegou; o outro, um filão de água a escorrer entre escarpas. Ambos existem, como escreveu AS, “onde a raiz do sangue a circular” alcança “a cor do xisto e do granito”.

Manuel Costa Alves (prefácio do livro “Poemas d’O Pequeno Lugar”)

Também gosto muito destes lugares; principalmente da “Ribeirinha”, porque sempre aberta, sempre nova e renovada.
No “Pequeno Lugar”, o António Fernandes, e toda a família, têm-nos proporcionado momentos que raramente acontecem em localidades como a Partida, e nos fazem ainda acreditar no futuro das nossas terras.
O livro é muito bonito; pelas fotografias, desenhos e poemas. Deixo um que, penso, fala de esperança:


Para a estória de O Pequeno Lugar

Que o lugar se transforme em longo tempo,
que o longo tempo alargue esse lugar
e assim jogando num devir imenso
a um porvir d’espaço hão – de chegar.

D’ínfimas pedras se constrói uma torre,
um débil ramo num arbusto cria,
e o que existiu em trivial arroio
é hoje um são ribeiro quase um rio.

E as árvores crescentes entre xistos
com folhagens vernais de multicores
sombreiam também elas os granitos
e humanas vozes entre mais verdor.

E a vida a palpitar feita saudade
não d’o que foi mas sim d’o que será:
perenidade fértil de um lugar
que acasalou sereno um tempo ilimitado.


M. L. Ferreira

2 comentários:

José Barroso disse...

O António Fernandes está com sorte porque o tempo (pelo que vejo na fotografia), parece que não passa por ele! E digo isto, porque estive na Partida, há muitos anos, talvez com o Ernesto Martins ou com o Francisco Candeias (já não me lembro bem) e, obviamente, com o próprio António. Nessa altura, ele já lá tinha um espaço, onde estivemos, em que expunha os trabalhos que fazia, a partir de formas zoo ou antropomórficas naturais; ou, enfim, outras coisas mais abstratas, que ele trabalhava, avivava, compunha e pintava. Em casa do Candeias, em Coimbra, estão expostos, pelo menos, dois desses trabalhos que comprou ao Fernandes, não necessariamente quando lá fomos, mas, eventualmente, noutra ocasião. Adiante.
Não sei se o "Pequeno Lugar" atual é o mesmo espaço ou se foi melhorado e ampliado. Mas, uma coisa é certa, o António está, não só com sorte, mas também está de parabéns, por ter levado a cabo um empreendimento cultural que, mesmo sendo pequeno (como se autodenomina), parece ser interessante e tem muito significado para a Partida e para a freguesia. Nunca desistiu de, à sua medida, fazer alguma coisa pela cultura. E hoje é o que se vê: consegue congregar poetas, autarcas e, sobretudo, o povo!
A talho de foice, acho que não há muito tempo se falou aqui na hipótese de preservação de um lagar de varas em S. Vicente da Beira. Como hoje se faz em todas as terras! E penso que se falou no Lagar das Passadouras. Um dia, ia para o Casal da Fraga, onde tenho uma costela, a porta estava entreaberta. Entrei. Foi há muitos anos! Para esse efeito, penso que seria o melhor. Mas hoje deve estar muito deteriorado. Será que, quanto a esta matéria, as nossas autarquias poderão tirar algum dia um coelho da cartola?
Abraços, hã!
JB.

José Teodoro Prata disse...

É, parece uma montagem: gente de 2019 com um António dos anos 90! Cuidou-se!