quinta-feira, 8 de julho de 2021

Fado na Praça

 A notícia é fresquinha, de hoje, no Reconquista.

José Teodoro Prata

4 comentários:

José Barroso disse...

Já aqui o disse. As pessoas em S. Vicente da Beira sempre gostaram muito de espetáculos de teatro e (noutros tempos) também de cinema. Eu explico: No tempo das comédias via-se uma grande assistência. Sendo em recinto aberto, na praça, claro que não havia bilhete. No fim do espetáculo, lá ia o palhaço (ou outro membro da trupe), com um chapéu na mão, pedir uns tostões. Quando era no Barracão do Sr. António Dias, a cobrança dos tostões era feita à entrada, presumo.
Havia também, com muita assistência, a projeção de imagens em filme, a cores e a preto e branco (mas não obras de arte), na parede da Sacristia, de forma gratuita (ainda há dias alguém aqui escreveu sobre isto). Lembro-me ainda de ser projetado o filme "Marcelino, Pão e Vinho" na antiga escola (hoje integrada no Edifício do Lar), a pagar, igualmente com muita assistência. Na época destas projeções não havia eletricidade, portanto devia ser com uma bateria ou duas. Pouco mais tarde, veio a televisão, mas era a motor. A minha vizinha, a ti' Tonina, chamava-lhe "Prevesêum" !
Depois houve o "Zip-Zip" no mesmo espaço, a abarrotar de gente, não sei se a pagar, se gratuitamente. E ainda houve mais teatro dos "laicos" ou dos "seminaristas", quer nesse espaço, quer no Barracão do Padre Branco (estava-se a pensar fazer a Casa do Povo, com o espaço que hoje se conhece).
No entanto, no anos '70 o clube (estava lá eu e o Ernesto Candeias) projetava na dita escola velha um filme aos fins de semana com a máquina do Padre Branco, mas pouco gente lá ia, porque havia eletricidade e a televisão estava a vulgarizar-se nas casas.
Mas acho que, já com outra habilidade e maturidade, se tivéssemos feito alguns teatros, as pessoas iam aderir em grande quantidade. No tempo do "Zip-Zip", éramos muito verdes; não tínhamos textos, nem sketchs, nada a apoiar o agente em palco. Os improvisos só resultam com que tem muito recursos.
Acontece, porém, que os teatros requeriam muito tempo por causa do ensaios. E isso foi na altura em que ainda havia por cá alguns, mas cada um tinha que começar a tratar de vida... Fomo-nos embora! E depois, claro, lá vêm outra vez as lamentações porque tudo ia (e vai) estando cada vez mais deserto.
Como dizia o nosso homem da ONU: "É a vida".
Agora este espetáculo de fado deve ser coisa interessante e boa. Será obra da Autarquia, talvez. Bem vindo.
Abraços, hã.
JB

José Teodoro Prata disse...

Extraordinário historial dos nossos espetáculos!
Já aqui o escrevei: por morar na Tapada e ter vivido no Seminário, perdi tanto da nossa vida comunitária!

M. L. Ferreira disse...

Podiam não ser grandes obras de arte, mas estávamos lá todos porque o que queríamos era estar juntos e um pouco se diversão. Hoje, se nos perguntarem sobre o que marcou as nossas infâncias e juventudes, estes espetáculos, quer sejam os teatros de saltimbancos ou com atores da terra, ou as sessões de cinema ao domingo, são das primeiras coisas que nos lembramos. Sempre que vejo o "Cinema Paraíso", e já o vi muitas vezes, sinto que também faço parte da assistência, talvez porque me lembro desses tempos em que os filmes ainda eram a preto e branco, rodados à manivela, e nos ríamos ou chorávamos por tudo e por nada.
Mas esta ausência de público nas salas de espetáculo é, salvo poucas exceções, comum a todo o país, pelas razões que já foram ditas. Mesmo nas grandes cidades o que mais se vê são salas de cinema e teatro que há relativamente pouco tempo estavam cheias, e agora estão às moscas; muitas até já deram lugar a lojas de chineses ou igrejas de credos duvidosos. Sinais dos tempos...

M. L. Ferreira disse...

Esqueci-me... No dia 20 de junho, às 19 h, está prevista uma sessão de cinema também na Praça. Já foi adiada duas vezes, vamos ver se é desta.