domingo, 21 de novembro de 2021

Extração da resina

Ainda há resina, mas talvez sem resineiros.

Voltei a passar pela Lameirinha e deparei-me com um pinhal onde ainda se faz a extração da resina. Escrevo voltei, pois penso que há anos fiz uma postagem sobre o mesmo assunto.

O museu do resineiro localiza-se ali ao lado, nas Rochas de Baixo, mas ignoro se ambos fazem parte do mesmo projeto.

Oleiros e Proença tiveram projetos de reintroduzir a exploração da resina, mas penso que pelo menos o de Proença terá ficado pelo caminho, devido à destruição dos incêndios dos últimos anos.

Nota: esta semana surgiu um sinal de esperança para o nosso museu de arte sacra: o ex-vereador Fernando Raposo, pai do projeto do nosso museu, foi esta semana nomeado administrador da Albigec (empresa municipal que gere os espaços culturais e recreativos do concelho) e também assessor do Presidente da Câmara para a áreas da educação e da cultura. Pode ser que seja agora que alguém desate o nó...



José Teodoro Prata

2 comentários:

Anônimo disse...

Oxalá (refiro-me ao nosso museu, claro)! Este adiar da sua abertura, para além duma frustração para a nossa terra, é revelador da forma como são geridos os dinheiros públicos.

A extração e transformação da resina foi uma atividade que deu trabalho a muitos homens, e depois também a algumas mulheres, da nossa freguesia e de muitas outras aqui à roda. Era um trabalho duro, pelo que diz quem por lá andou, mas naquele tempo o trabalho era quase todo igual, quer fosse a resinar, a cavar, a ceifar, dentro de uma mina ou a cortar rocha para abrir estradas.
O meu pai trabalhou na fábrica de resina, em Castelo Branco. Até mais ou menos aos meus cinco ou seis anos morámos numa casa dentro do complexo da fábrica e ainda me lembro bem do cheiro da resina que nos envolvia permanentemente. Mas o que nunca mais esqueci foi o misto de fascínio e pavor que a resina cor de fogo a borbulhar na caldeira, me provocava. Era assim que imaginava o inferno quando, nas missas, o padre amedrontava os pecadores, mesmo que ainda na idade da inocência.
MLFerreira

José Barroso disse...

Duas notas antes:
Também faço votos para que o museu vá para a frente. O Fernando Raposo é bem capaz de fazer alguma coisa. Mas ainda ontem me disseram que tem que ser feito novo projeto porque o que foi feito parece que não está bem. Tem a ver com as humidades. Têm que ser acauteladas as condições de conservação das peças. A coisa em S. Vicente da Beira é mesmo difícil...
A outra nota é para os cogumelos. Hoje encontrei um grande rodelo dos tais "carcomêlos" (corruptela de cogumelos). Em sabor não são inferiores aos míscaros, mas são muito maiores, de cor clara com laivos castanhos e muito saborosos com arroz. Estavam por baixo de uns sobreiros no Souto do Padre Teodoro. Estive tentado a arrancá-los porque se distinguem por terem uma "calcinha" (uma cinta à volta do caule). Mas acho que há outros com a cinta. E sem certezas não vale a pena arriscar! Mas estou quase certo que se fosse alguma das nossas mães, na Vila, há uns anos, apanhava-os logo!
Relativamente à resina, segundo um dos últimos números do Reconquista, ela é tema para um concurso de elaboração de textos com prémios para os melhores.
A exploração deste produto chegou a ter muita importância nas nossas aldeias e vilas porque dava trabalho a muita gente. Na altura, dizia-se que a resina servia para fazer pez e água-rás e teria, eventualmente, outras aplicações na indústria que justificavam a sua colheita. A verdade é que a maioria das explorações, pelo menos na nossa zona, tinha acabado mesmo antes dos incêndios. A resina deve ter sido substituída, em muitos casos, por produtos sintéticos, como tem acontecido em muitas situações. Por exemplo, o óleo mineral para os motores de combustão e de explosão (de origem orgânica), foi substituído quase integralmente por óleo sintético ou semi-sintético (com inclusão de aditivos) e dura o dobro ou o triplo!
Temos madeira, água, azeite, pedra de granito... Mas, salvo a água, nada! Os grandes rebanhos também desapareceram porque no minifúndio não são viáveis. E os artistas das profissões manuais (sapateiros, latoeiros, alfaiates, cesteiros, albardeiros, ferradores, carpinteiros, pedreiros, ferreiros, etc) também não vingaram. É uma pena!
Abraços, hã!
JB