sábado, 22 de janeiro de 2022

O Adro da Igreja

 

Fechou-se o ciclo do reordenamento do adro da nossa Igreja Matriz. e penso que de uma forma muito digna.

Após o arranjo do espaço que ficou vazio com a demolição da casa do Coronel e dos herdeiros do Canhoto, junto ao adro da Igreja, escreveu-se aqui, pela pena do José Barroso, que era o momento de homenagear o nosso fundador, o rei D. Sancho I. Avançou-se a ideia  de uma estátua de D. Sancho e/ou da atribuição do seu nome ao novo espaço.

Havia o problema da dificuldade financeira em pagar uma estátua que dignificasse o espaço e ainda o problema de dar nome a um espaço que já o tinha: Adro da Igreja.

A pintura mural, no recanto em frente ao Zé Pasteleiro, veio resolver, e bem, estes dois problemas: homenageámos o rei que concedeu o primeiro foral a São Vicente sem grandes despesas e sem mudar o nome de um dos espaços mais nobres da nossa Vila.

Parabéns aos membros da Junta de Freguesia que recentemente cessou funções.


José Teodoro Prata

3 comentários:

José Barroso disse...

De início, fui contra a construção desta praceta, pelo seguinte: entendia que, em parte, seria descaracterizada a rua da Misericórdia que, por ser estreita, melhor identificava uma típica viela, numa estrutura que parecia ter um certo estilo medieval.
Parecia apenas, porque, como sabemos, a casa do Coronel e a casa (já antes demolida) do ti' Zé Canhoto (onde havia uma taberna), devem ter sido construídas talvez nos séc. XIX ou XX. Por sua vez, a casa que parece ser a mais velha do conjunto, está datada, salvo erro, de 1685 (onde morou a ti' Mari' Neta?). Depois, a própria Igreja da Misericórdia é de 1643. Quer dizer, nenhuma edificação era ou é da Idade Média, mas, como digo, a estreiteza dos espaços fazia lembrar esse tempo! Portanto, não eram medievais, mas, em todo o caso, não deixavam de ser antigas e em pedra!
A rua da Igreja (precisamente junto do Café do Zé Pasteleiro), seria também muito mais estreita que atualmente. E já foi depois do 25de abril que foram feitas as últimas obras de alargamento. No fundo, dá-me ideia do seguinte: temos que escolher! Ou modificamos os espaços por força apenas da modernidade, descurando a conservação do património; ou alteramos, melhoramos e preservamos.
Porém, aqui, devo dizer-vos que, pessoalmente, não gosto muito da palavra "alteramos", porque, se o património é realmente valioso, toda a alteração é prejudicial e, nesse caso, deve ser apenas preservado! É por isso que o espaço ao fundo da Igreja, no tempo da taberna, sendo embora mais exíguo, era muito mais típico e genuíno. Foi assim que eles construíam; era assim que devia continuar, preservando-se! Nós já temos tão pouco do nosso passado!
Ruas largas, espaços amplos, podiam construir-se noutro lado; na Devesa, na periferia, como, aliás, aconteceu! Temos muito muito espaço...
Mas enfim, decidiu-se assim, decidido está! Pese embora, penso que, com a construção da praceta não se perdeu tudo. E, por isso, já não estou tão pessimista. Parece que sempre se conseguiu, pelo menos, alterar, conservar e enquadrar. E tem-se do edifício da Igreja da Misericórdia uma visão diferente, mais ampla. A placa colocada pela Junta de Freguesia é que podia ser alterada. Devia ter o cognome, o ano de nascimento e o ano da morte de D. Sancho I, que não tem; e depois, sim, o ano da sua afixação. Às vezes não compreendo as pessoas que estão à frente das instituições. E por isso deviam procurar quem sabe, por exemplo, neste caso, um historiador, para os informar convenientemente. Em todo o governo da comunidade são necessários assessores! Ninguém sabe tudo!
No que toca à pintura, levada a cabo pelo casal de artistas Livingstone e Sandrine, ela filha do meu amigo António José Duarte Madeira, residente em França.
É uma obra que merece ser, ela própria, tecnicamente preservada, desde logo, elementar, seria, por exemplo, uma cobertura em acrílico. Foi isso que os artistas, há tempos, me transmitiram quando falei com eles. Devemos-lhes um agradecimento.
Abraços, hã!
JB.

M. L. Ferreira disse...

Fui acompanhando o processo, mas ainda não vi ao vivo o trabalho final. Pelas fotografias parece que ficou lindamente e cumpriu o que era pretendido.
Parabéns também aos autores pela sua arte, mas sobretudo por terem sabido ler tão bem a nossa paisagem integrando-a naturalmente na História da nossa terra.

José Teodoro Prata disse...

Obrigado ao José Barroso pela identificação dos autores, que eu nem sonhava terem ligação a São Vicente.
No outono, quando a árvore se veste de folhas amarelas e avermelhadas, aquele recanto ganha uma magia especial.