sábado, 22 de julho de 2023

Lugares onde se para

 

Quase no limite entre a Beira Baixa e o Alto Alentejo, a passagem por este lugar é de paragem obrigatória: pelo rio; pela vegetação, tão característica daquele local, que trepa pelas margens; pelas muitas espécies animais, principalmente aves, que frequentemente se avistam; sobretudo pela grandiosidade das Portas do Ródão, aquele monumento natural a que Hipólito Raposo chamou «As ombreiras mutiladas de um arco do triunfo que um capricho plutónico quisesse ter deixado em honra do grande rio nas primeiras auroras do mundo.» (citação que se encontra num cartaz explicativo do local)

Da última vez que por lá passei, há uma semana, o motivo da paragem não foi nenhum dos habituais, mas a cor verde das águas. A má qualidade da fotografia não diz muito da situação, mas a vista no local deixa-nos apreensivos. Como se não bastasse já a poluição de Almaraz, as algas estão a alterar o maior rio que atravessa o país, e a afetar a biodiversidade a toda a roda.     

Não sei se foi coincidência, mas nem uma avezinha se avistou no céu; muito menos um peixinho a saltitar na água…

M. L. Ferreira

3 comentários:

José Teodoro Prata disse...

Passei por lá há tês semanas e ainda não havia algas. Mas anualmente isto repete-se várias vezes, sinal da má qualidade da água.
O rio já vem morto de Espanha (durante todo o ano, as suas águas castanhas parecem as águas ruças que os lagares antigamente lançavam nas ribeiras).
Fui de comboio e regressei de autocarro e à chegada este subiu de V. V. Ródão para Alvaidade, a fim de entrar na A23. À saída daquela pequena baixa deparei-me com o que já sabia existir, mas chocou-me a dimensão: a RENOVA e a NAVIGATOR, duas papeleiras, transferiram-se em força para aqui (onde a poluição é permitida), anulando, de certa forma, a vantagem do fecho da unidade industrial que extraía óleo do bagaço de azeitona e que poluía o ar e o rio de forma descontrolada. Depois há as ETARs, as suiniculturas ribatejanas...
Tudo isto dá emprego, tudo isto dá dinheiro, mas o PÚblico de hoje traz um artigo sobre a temperatura recorde no planeta, neste mês de julho, que cientistas reunidos pela NASA acreditam ser o mês mais quente, globalmente, há centenas de milhares de anos.

Anônimo disse...

Já não fui a tempo de falar, no post anterior, do seguinte ponto: levantamento arqueológico do Convento de Franciscanas de S. Vicente da Beira, com pesquisa de eventuais artefactos e tentativa de definição da estrutura do resto do edifício, do qual resta apenas o portal.
Isto voltou-me à cabeça, mais uma vez, depois de a Libânia ter falado na hipótese do transporte dos caixões das freiras na carreta...
Acontece que nós em S. Vicente da Beira temos sempre um azar dos diabos. Este tipo de locais, com interesse histórico, que deviam ser públicos, vão sempre parar, legal ou ilegalmente, a certas mãos de gente absentista ou que, mesmo estando a residir na Vila, nada quer saber da sua história. Gente que, como tenho referido, construía, ofensivamente, muros com 4 metros de altura para vedar as suas propriedades e guardar os seus bazerros de ouro!
E, assim, dormirem descansados, com a certeza de que o pobre não podia colher uma laranja para matar a fome.
Primeiro, foi o José Lourenço que, poetas à parte, nunca foi dado ou, sequer, interpelado, a coisas históricas; agora, creio que é a irmã do Tó Mané (médico), sua herdeira e senhora e dona do espaço, que penso que é advogada em Santarém e que nem os pés põe na Vila...
Foi, era e é assim nesta terra que se diz nobre, mas que muita gente desta tem parido. Hoje, cada vez é mais difícil um estudo do local porque os nobres e ricos, em decadência, foram vendendo alguns bocados aos pobres para, ó ironia (!), poderem ter a sopa na mesa!
Sobre o ambiente e as alterações climáticas (assunto do post de hoje), é uma calamidade!
Li uma pequena frase do físico inglês Stephen Hawking (o da cadeira de rodas) que disse que a humanidade, se desaparecer, isso, provavelmente, ficar-se-á a dever à sua ganância!
Abraços, hã!
J. Barroso

José Teodoro Prata disse...

Uma excelente notíca/decisão: a Câmara de Castelo Branco deixou de usar herbicidas para matar as ervitas que crescem no passeios; não sabia se fora ocasinonal no meu bairro, mas andam cá de novo com motorroçadoiras e nos Cebolais também se está a usar o mesmo método.
É inacreditável que tenham sido necessários tantos anos para deixar de inundar as ruas com produtos cancerígenos!
Vale a pena ter no poder pessoas que se preocupam com as pessoas. E já são repetentes, pois logo após as leições suspenderam o projeto de regadio com a água da barragem de Santa Águeda.
Declaração de interesse: tenho um relacionamento próximo com o presidente e o vice-presidente da Câmara, mas procuro manter um certo distanciamento, para me permitir um olhar crítico sobre a sua política autárquica.