Esta imagem foi publicada no facebook, pelo José N R Silva. Um silêncio
ensurdecedor!
Vivi a tragédia à distância. Às primeiras notícias sobre a
passagem do fogo para o nosso concelho, na zona da Paradanta, avisei o meu vizinho
David, para que fugisse para a Vila. De noite, o vento mudou de direção e
mandou o fogo para a Orada e consequentemente para as Lameiras e Casal da
Serra. O Ribeiro Dom Bento ficava na rota das chamas. Nessa noite, a minha
gente afastou-o das casas na Tapada da Dona Úrsula. De manhã, o David mandou-me
mensagem dizendo que ia subir, a ver como estava o Ribeiro Dom Bento. Ao
chegar, nova mensagem, informando que não ardera, mas o fogo estava a chegar,
ia chamar os bombeiros. Ao fim da tarde, a boa nova: não ardera.
Voltei lá uma semana depois e surpreendeu-me a forma errática
como o fogo avançou, ao sabor da ventania, deixando pequenos núcleos intocados,
os que tinham menos combustível ou estavam nas margens da rota do vento. Mas
quem apagara o fogo que foi ficando para trás e depois o travou no Louriçal e
na Charneca?
Perguntei ao meu sobrinho Vicente e a resposta dele foi
exemplar: muitas pessoas é que tiveram de apagar o fogo, porque para um fogo
desta dimensão não havia bombeiros que chegassem. Um exemplo de serenidade,
vindo de alguém que terá passado dias e noites sem ir à cama. E num tempo de
emoções à flor da pele!
Tendemos a realçar o lado mau das coisas, mas a verdade é que
o fogo, que avançara livremente desde Arganil, foi travado na vertente sul da
nossa Gardunha. É verdade que os aviões já haviam sido reparados, que houve
tempo para a chegada de mais bombeiros (na primeira noite, os meios eram muito diminutos),
que eventualmente se foi aprendendo com os erros e corrigindo as ações a
desenvolver. Mas devemos estar orgulhosos pelo que fizemos (comunidade, bombeiros, autoridades..., todos os que estiveram no terreno)!
Por outro lado, olhando para o Caldeira, eucaliptos
encostados às casas, a norte, junto à estrada, e pinheiros encostados às casas,
na parte sul. À margem da lei e prontos para o próximo banquete de chamas!
José Teodoro Prata
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