Texto da apresentação do livro Poesia Simples, da autoria de
José Augusto Alves, por José Miguel Teodoro; dia 3 de agosto, na Igreja da
Misericórdia
Chega hoje ao fim a segunda de três vidas desta Poesia Simples, de José Augusto Alves, o
Zé da tia Rita.
Teve uma primeira vida - que foi o tempo em que foram
compostos estes versos.
Estimamos, um período de quase 20 anos, começado em 1969 ou
1970. Não sei se, antes disso, o José Augusto Alves já fazia poemas; sabemos,
porque ele o escreveu, que foi a partir do diagnóstico de uma doença grave que
encheu de poemas os 4 ou 5 cadernos que nos chegaram.
José Augusto Alves nasceu em S. Vicente, em 1918, e aqui
viveu até aos 70 anos. Filho da tia Rita e do tio Augusto Manha.
Falemos agora da segunda vida desta Poesia Simples.
Para contar rapidamente como é que aqui chegámos, neste
projecto realizado a três, que três são os responsáveis editoriais do livro - o
José Teodoro Prata, a Maria Libânia Ferreira e eu próprio.
Talvez, no ano passado, falou-se de autores de S. Vicente,
que pudessem dar um livro.
Inevitavelmente, falou-se de José Pires Lourenço.
E aí se falou de outros nomes, falou o ZTP, além do José
Lourenço, a Ana Vitorino Silva e o José Augusto Manha.
Fez-se depois à localização e recolha dos materiais:
- no jornal Pelourinho,
que se publicou em São Vicente, a partir de 1960, onde encontrámos o José
Lourenço, a Ana Vitorino Silva, também o José Bernardino, e outros
- contactos com particulares, e com o GEGA.
Lemos tudo isso.
O que publicar, então, que fosse mais interessante para as
pessoas de São Vicente?
Até podia ser um livro que incluísse poemas de vários
autores.
Acabámos por nos decidir pelo José Augusto Alves.
Mais de 200 poemas, de temas muito diversos, tudo em verso:
uma História de Portugal; uma reportagem, digamos, da visita do Papa a
Portugal; uma biografia de São Francisco; creio que outra de Santo António;
acontecimentos nacionais (a seca, os fogos, eleições, etc.); família; a doença,
consultas, etc.; São Vicente, locais e pessoas.
Decidimo-nos por estes.
Depois, foi passar o manuscrito em processador de texto, e
tratar de toda a parte editorial, cujo resultado aqui trazemos, na forma deste
livro.
Mantivemos o título, Poesia
Simples, atribuído pelo poeta a todo o conjunto do que escreveu.
É nosso o subtítulo, Versos
sobre a minha terra, São Vicente da Beira, que resume o conteúdo, em
concreto.
O que nos parece mais assinalável nestes versos e no livro:
- as nossas coisas - a igreja, as capelas, festas,
eventos sociais, ruas, a praça, o pelourinho, a fonte velha, a banda, o clube
de futebol, a casa do povo, o hospital, etc.
- as pessoas - pessoas que conhecemos e que ele nomeia, pelos
nomes próprios, muitas vezes pelas alcunhas: Zé Té-Té, o Pinura, o Arrebotes, o
Tó Relojoeiro, o Zé Ar, a Filha do Talanga, o João Cagarola, ele próprio, José
da Tia Rita e a mulher, Palmira Sardinheira.
- a visualidade - ele dá a ver, quando descreve uma rua, uma
capela, é quase um repórter, ou um pintor, ou desenhador (tem uma porta, 15
janelas, pilares, o telhado é assim...), e nós é como se estivéssemos a ver, a
conferir...
- a relação, o compromisso com o leitor, parece estar sempre
a dialogar connosco, ao ponto de escrever - traduzo - agora tenho de voltar
atrás, porque me esqueci de...
- o volume enorme da sua produção.
Foi assim, a segunda de três vidas desta Poesia Simples.
Neste ponto, devo registar e agradecer a colaboração e disponibilidade dos descendentes de José Augusto Alves; o apoio do GEGA no acesso aos materiais para este livro; o acolhimento pela Santa Casa, que aceitou fazer a edição; os apoios financeiros, sem os quais não seria possível vender o livro por este preço - a Câmara de Castelo Branco, a Fonte da Fraga, e a Junta de Freguesia de São Vicente; o apoio da Comissão das Festas do Verão e do José Candeias, da Antena 1, na divulgação.
Pessoalmente, agradeço aos meus companheiros desta jornada -
José Teodoro Prata e Maria Libânia Ferreira - ao Ricardo Santos e ao Artur
Santos, que produziram o livro.
Inicia-se, agora a terceira vida da Poesia Simples.
O livro passa a ser dos leitores.
Adquiram um exemplar e deliciem-se com a oportunidade de
viajarem no tempo, em locais conhecidos e com pessoas que conhecemos
pessoalmente ou de quem ouvimos falar.
Bom proveito.
Muito obrigado.
(Publicado por José Teodoro Prata)
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