segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Tradições de Carnaval

O Carnaval de antigamente na Partida

Alguns anos atrás, o Carnaval da Partida era muito divertido!
Eu fiz muitas perguntas à minha avó e ela contou-me muitas coisas engraçadas!
Contou-me que, antigamente, os rapazes andavam quinze dias antes do Carnaval, a roubar os vasos das flores às mulheres. Estes vasos eram metidos, na noite de Carnaval, nas escadas da capela de São Sebastião. Também iam aos palheiros de algumas pessoas, tirar a palha com que faziam os entrudos. Os entrudos eram uns bonecos, que enchiam de palha e depois vestiam com roupas de pessoas. Logo a seguir dependuravam-nos no cimo de um pau comprido.
Uma tradição muito gira que a minha avó contou, era que, os rapazes durante o ano todo, escreviam num caderno as coisas engraçadas que aconteciam. Na noite de Carnaval iam para o telhado da capela gritá-las, com um funil, para se ouvir e toda a aldeia. No final acabavam sempre da mesma forma:    
- É verdade ou não é, camaradas?
E os outros rapazes respondiam:
- É verdade, é verdade, mais do que verdade!                                                             
Esta tradição chamava-se "chorar o entrudo".
Durante a noite, os rapazes faziam asneiras, tais como: metiam farinha nas motas, trancavam as portas das casas com arames…
Os mais pequenos vestiam-se com roupas engraçadas e iam de casa em casa, para lhes darem uma moeda ou uma guloseima.
Durante a manhã de Carnaval, as mulheres lá iam buscar os seus vasos e olhavam para o entrudo. À tarde, os rapazes levavam o entrudo numa carroça pelas ruas, e todos gritavam:
- Ai, amigo entrudo, que já morreste! 
A seguir, faziam uma fogueira e queimavam-no. E as pessoas da Partida fingiam que choravam.
Filipa Nunes António  

Caqueiradas...

O texto do Ernesto já tinha sido publicado (Caqueiras), mas é sempre bom recordar.
Em conversa com algumas pessoas do Lar da Misericórdia sobre o Carnaval de outros tempos, a maior parte lembra-se bem do jogo da caqueira e da “brincadeira” de atirar com coisas para dentro das casas dos vizinhos e desatar a fugir.
Mas lembram-se também de como gostavam de enfarruscar e enfarinhar os mais desprevenidos ou assustar a cachopada com grandes dentes de cebola e uma chiba nas costas.
Alguns falam ainda dos bailes e das rodas onde, coisa rara, podiam misturar-se e dar a mão, cachopas e cachopos.
Mesmo os que não eram muito de Entrudos dizem que iam ao Desagravo e depois espreitavam só um poucochinho os tocadores de concertina ou harmónica que andavam pelas ruas seguidos pelo povo.
Há ainda quem fale da barrigada de cozido de espigos com batatas, toucinho, chouriça, farinheira e morcela, para tirar a barriga de misérias antes do jejum, ainda mais severo, da Quaresma.
Outros tempos!                                                         

...e folias

Deixo-vos uma lista de partidas e brincadeiras de carnaval de que os mais velhos ainda se lembram:

 - Mascarava-me, dançava e andava atrás das cachopas a deitar-lhes papelinhos ou farinha;
 - Vestia-me de homem, fazia uma chiba nas costas e enfarruscava a cara para meter medo aos cachopitos;
 - Enchia uma lata com laranjas e deitava-a para dentro da taberna, e depois fugia;
 -Vestia-me de entrudo e fazíamos comédias. Também gostava de contradanças e rodas com rapazes e raparigas;
 - Gostava de jogar à caqueira;
 - Na minha terra, juntavam-se dois ou tês tocadores de concertina e andávamos pelas ruas a cantar e a dançar;
 - No Sobral, lembro-me que arranjavam uma padiola com tábuas, metiam lá em cima um homem com dentes de cebola a tocar harmónica, e conforme tocava mostrava os dentes. Toda a gente se ria, mas os cachopitos fugiam com medo;
 - A minha mãe não nos deixava brincar ao carnaval, mas nós vínhamos à Vila ao Desagravo e sempre espreitávamos os entrudos;
 - Na minha casa cozíamos uma panela de espigos com batatas, chouriça, morcela e farinheira. Às vezes até fazia uma panela de arroz doce.
 - Vinha gente de todo o lado e era uma alegria!  

M. L. Ferreira

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O Carnaval na Escola


No dia 12 de Fevereiro festejou-se o Carnaval da minha escola. Foi uma manhã muito animada! Dois alunos do quarto ano e um do oitavo trouxeram um bombo e duas concertinas.
Este ano letivo, o tema do desfile era "A brincar e a Aprender, todos vamos Crescer".
Os meninos e as meninas do primeiro ciclo iam vestidos à antiga. Os meninos levavam cavalos de pau e cartão e nós, as meninas, levávamos uns grandes laçarotes coloridos na cabeça e bonecas antigas.
Os alunos do segundo ciclo iam vestidos de pintores e levavam um cartaz com um papagaio de papel. Os meninos do Jardim de Infância iam de piões, estavam muito engraçados!
O desfile começou na escola e, em seguida, passámos pelas ruas de São Vicente da Beira, ao toque das concertinas e do bombo.
Foi uma manhã muito divertida e VIVA O CARNAVAL!!!
Filipa Nunes António, 3.º ano

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Encontrado




Há dias ouvia pela enésima vez aquele tema que o Zé Teodoro publicou há tempos do Chico Buarque com o titulo “Minha História”. É uma canção que me acompanha desde a minha juventude e tem para mim grande significado.
Comecei então a divagar devagar, porque isto não está para pressas, e recordei os primeiros tempos da minha vida, através do que me foi contado e por alguns episódios que me foram acontecendo.
Desde já quero avisar que o interesse deste texto não é grande, porque se baseia em fatos sem importância, mas, como tudo tem altos e baixos, também “Dos Enxidros” os tem.


Na madrugada do dia 11 de Novembro de 1953, duas carvoeiras do Casal da Serra bateram à porta dos meus pais para se abrigarem de uma tempestade. Traziam no cesto de verga remendado com arames um menino muito enfarruscado, mas muito gordinho, (5,250 Kg) que tinham encontrado na serra. Os meus pais, que só tinham meninas, resolveram ficar comigo, porque era eu o do cesto!
Foi esta a versão oficial do meu nascimento até ir para a escola primária e abrir um pouco os olhitos.
Por esta lógica, eu não nasci, fui encontrado. Faz-me lembrar aquela rapariga separada do marido, dos lados da Idanha, que vai à Segurança Social e, quando a minha mulher lhe perguntou qual era o seu estado civil, ela respondeu: - Deixada!
Teve sorte o do cesto do carvão de já não  existir a roda…
À medida que fui crescendo, foram-se inventando histórias para que eu não me afastasse muito de casa:
A minha avó Maria do Carmo, em conluio com a minha prima Jú, irmã  mais nova do Padre Jerónimo e muito mais esperta que eu, apesar de termos a mesma idade, inventaram “Os Estrangeiros”. Segundo elas, os estrangeiros eram uns homens muito maus que passavam na estrada nova, davam rebuçados aos meninos, os quais ficavam a dormir. Então eles metiam os meninos num carro e levavam-nos para o estrangeiro, claro.
Nunca soube o que era o “estrangeiro”, só que era uma coisa muito má e isso fazia com que eu mal me afastasse de casa.
Outra coisa de que eu tinha muito medo era do “Bicho da Quinta”:
Desde sempre, o meu pai e o meu sogro João Dias foram amigos. O meu sogro tinha uma espécie de tabernita na quinta do conde que também tinha uma entrada quase em frente da porta travessa da igreja. Era raro o dia em que o meu então futuro sogro não passasse à nossa porta e não convidasse o meu pai para ir “matar o bicho”. Ouvindo aquilo, eu imaginava coisas horríveis, mas ninguém me explicava nada, pela conveniência de me trazerem com rédea curta.
Visto à distância, até pode parecer que tem uma certa graça, mas que passei as do Algarve passei e só comecei a ver alguma coisa quando de facto fui para a escola. Eram outros tempos.
Que inveja tenho das crianças de agora, espertas como um alho!

E.H.