Mãe
Há tantos anos,
Mãe!
Por que nunca te cansaste de mim,
Apesar das imensas inquietações que te causei?
Por que me foste sempre tão fiel,
Com todos os desassossegos que te infligi?
Às vezes repreendias-me e gritavas comigo,
Porque eu não sabia usar, convenientemente, a razão.
Crianças!
Obrigado, pelas tuas correções.
Tu só me querias bem,
Mãe!
Sei o quanto me agasalhavas, se estava frio,
E me apertavas contra ti para me aquecer!
Se eu caía e me feria nas pedras da calçada,
Logo te afligias, assustada,
E corrias a buscar a tintura ou o mercurocromo,
Para me curar o axe,
Enquanto eu me debatia, para me libertar de ti!
‘Está quieto’, dizias!
Vês? Era a minha inconsciência,
Contra a qual tu procuravas proteger-me,
Mãe!
Fazias-me as papas de carolo,
Batias-me as gemadas de ovo com açúcar,
E adormecias-me, como só tu sabias, com um pequeno conto.
Olho a tua pele enrugada dos anos passados,
As mãos encarquilhadas e consumidas pelos trabalhos que te dei.
Fizeste tudo por amor!
Por isso eu te amo,
Mãe!
A. dos Santos