M. L. Ferreira
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
O miradouro da serra
Todas as semanas lá passo a poucas centenas de metros, mas ainda não o tinha visto.
Foi uma feliz iniciativa, ainda por cima de um particular: Clemente Teodósio dos Santos.
Como se diz quando uma televisão privada faz um programa de qualidade, É SERVIÇO PÚBLICO.
Este recanto é frequentado por fotógrafos que vêm colher imagens da albufeira do Pisco e de São Vicente.
Mas tinham de furar pelo matagal, para chegar ao penhasco.
Agora é fácil de chegar. Se se pode ficar ou não, não sei.
Mas, sem ser público, acho que o Clemente não quererá esta maravilha só para si...
José Teodoro Prata
Anoitecer, no miradouro:
M. L. Ferreira
José Teodoro Prata
sábado, 17 de outubro de 2015
Em extinção?
Encontrei, na internet, os gráficos acima apresentados.
Refletem uma realidade perturbadora que já por várias vezes aqui abordámos.
É quase uma atitude masoquista mostrar isto (e não o faço de ânimo leve), mas também não vale a pena enterrarmos a cabeça na areia, como se nada se passasse.
José Teodoro Prata
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Senhora da Boa Viagem
Há
tempos, a propósito da publicação As
Alminhas, ficaram algumas dúvidas no ar. Uma delas foi se o monumento que
está na estrada junto à Paradanta, também seria uma Alminha. Passei lá há dias
e confirmei que não.
Por
aquilo que sei, que é pouco, ambos os monumentos se referem a manifestações da
cultura religiosa popular, se localizam quase sempre nos caminhos à entrada ou
à saída das povoações, mas uns apelam à oração pelos mortos, os outros pedem
proteção para os vivos. Penso que, no fundamental, ambos têm a ver com a viagem
para o desconhecido: no caso das Alminhas, da vida para a morte; nas Senhoras
da Boa Viagem (ou dos Caminhos), da segurança dos locais mais próximos para a
incerteza de caminhos mais distantes.
Lembro-me,
desde sempre, de ouvir a minha avó dizer muitas vezes que a gente sabe como sai
de casa, mas não sabe como volta. E com a minha mãe aprendi que nunca devemos
sair de casa e deixar a cama por fazer nem a louça por lavar. Ainda hoje é
frequente as pessoas benzerem-se e dizerem uma pequena oração quando entram num
carro, mesmo que a viagem seja curta. Deve estar tudo relacionado…
M.
L. Ferreira
domingo, 11 de outubro de 2015
Diabinho
O Manel Rodrigues seria
um rapaz irrequieto, travesso, amigo de pregar partidas. Como, na época, muito
da vida se resumia à dicotomia Deus-Diabo, o povo do Mourelo alcunhou este
Manel de diabinho, uma alcunha carinhosa com que o nosso povo costuma(va)
mimosear os seus membros mais irreverentes (equivalente a diabrete).
O miúdo fez-se um homem
e casou, no dia 9 de abril de 1750, com Francisca Fernandes. No assento do
casamento, o vigário acrescentou ao seu nome a alcunha que o povo lhe dera e
ficou Manoel Rodrigues diabinho, para que não houvesse dúvidas de quem se
tratava. Manoel Rodrigues havia muitos!
Os seus filhos e depois
netos adotaram a alcunha familiar, como se de apelido se tratasse. Nos registos
de 1800 a 1818, já aqui publicados, os Diabinhos eram muitos e haviam-se
espalhado pelas terras em redor, onde foram casar e fixaram residência.
Depois, alguns netos e
sobretudo bisnetos começaram a rejeitar a alcunha, ficaram só Rodrigues, e os
Diabinhos tornam-se raros até desaparecerem (acho que hoje não haverá nenhum).
Também, quem quereria carregar com tal apelido em tempos de tão grande
religiosidade, esquecida que estava a origem da alcunha e o orgulho por aquele
antepassado longínquo?
Foi assim ou parecido.
Como se pode ver no assento de casamento acima apresentado, este Manoel
Rodrigues, filho de Manoel Rodrigues e Brites Rodrigues, do Mourelo, terá sido
o primeiro Diabinho. O vigário até foi cuidadoso, pois escreveu a alcunha em
minúscula, para a distinguir do nome próprio (Manoel) e do apelido familiar
(Rodrigues ou Roiz).
José Teodoro Prata
sábado, 10 de outubro de 2015
Óbitos, 1818
ÓBITOS,
1818
Paróquia
de Nossa Senhora da Assunção
São
Vicente da Beira
-
Morreu mãe e filho (registos números 4 e 16).
-
Neste ano, o vigário foi particularmente desleixado no registo dos óbitos.
Vários foram apenas iniciados e alguns não foram concluídos.
-
A opção que fiz em transcrever os nomes próprios das pessoas tal como foram
registados está a revelar-se mais complexa do que me pareceu inicialmente: além
da relativa liberdade de escrita existente na época, que faz com que pessoas
diferentes escrevam, de modo diferente, o mesmo nome (Roiz/Rodrigues;
Sezilia/Cezilia), existem frequentes gralhas perante as quais fico sem saber o
que fazer (acabo por escrever como vem no registo, mas fico na dúvida).
-
Saldo fisiológico de 1818: +37 (batizados, 74; óbitos, 37); na realidade, é
maior, pois várias crianças faleceram sem ter sido batizadas (surgem nos
registos apenas com a indicação de um menino ou uma menina).
1
Nome: Joaquim
Família: anjo, filho de
Manoel Martins e Anna Leitoa, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 20/01/1818
2
Nome: um menino
Família: anjo, filho de
Manoel da Roza e Joanna Machada, de São Vicente da Beira
Data: 05/03/1818
Observações: acabara de
nascer e foi batizado em casa
3
Nome: Rita Antonia
Família: casada com
Joaõ Patricio, de São Vicente da Beira
Data: 14/05/1818
4
Nome: Chrestina Maria
Família: casada com
Victorino Gonçalves, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Data: 30/05/1818
5
Nome: Joze Pastana
Família: casado com
Maria Francisca, do Casal da Serra, São Vicente da Beira
Data: 05/07//1818
6
Nome: Joaquim
Família: anjo, exposto
Data: 09/07/1818
7
Nome: Anna
Família: anjo, filha de
Antonio Fernandes e Antonia Maria de Oliveira, de São Vicente da Beira
Data: 22/07/1818
8
Nome: Maria
Família: anjo, filha de
Antonio Fernandes Baranda e Jozefa Martins, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 24/07/1818
9
Nome: Joaquim
Família: solteiro,
filho de Manoel Martins e Maria Anna, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 27/07/1818
10
Nome: Maria Martins
Família: casada com
Joaquim Manoel Alexandre, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 30/07/1818
11
Nome: Joaõ
Família: anjo, filho de
Jacinto Antunes e Izabel Leitoa, da Senhora da Orada, São Vicente da Beira
Data: 04/08/1818
12
Nome: Anna
Família: anjo, filha de Joze Martins e Maria Vas, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 22/08/1818
13
Nome: Joze
Família: anjo, filho de
Antonio Rodrigues e Sezilia(?) Venancia, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 28/08/1818
14
Nome: Anna
Família: anjo, filha de
Manoel de Andrade e Maria Jozefa, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data: 29/08/1818
15
Nome: Maria Leitoa
Família: casada com
Joze Martins, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 02/09/1818
16
Nome: Joze
Família: anjo, filho de
Victorino Gonçalves e Chrestina Maria, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Data: 08/09/1818
17
Nome: Francisco
Família: anjo, filho de
Joze Bras e Maria Freira, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 08/09/1818
18
Nome: Carolina
Família: anjo, filha de
Joze Caetano e Anna Rita, de São Vicente da Beira
Data: 14/09/1818
19
Nome: uma menina
Família: anjo, filha de
Joaõ Duarte e Maria Ignes, de São Vicente da Beira
Data: 14/09/1818
Observações:
recém-nascida, batizada em casa, por necessidade
20
Nome:
Manoel
Família: anjo, filho de
Alexandre Duarte e Rita freire, da Partida, São Vicente da Beira
Data: 15/09/1818
21
Nome: Juliana
Família: anjo, filha de
Joze Leitaõ e Anna Maria, de São Vicente da Beira
Data: 15/09/1818
22
Nome: Izabel Antunes
Família: viúva de Joaõ
Fernandes, de São Vicente da Beira
Data: 23/09/1818
23
Nome: Mathias
Família: anjo, filho de
Joaõ Marques e Brites Maria, de São Vicente da Beira
Data: 24/09/1818
24
Nome: Maria
Família: anjo, filha de
Joaõ Antunes Frade e Maria Genoveva, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 24/09/1818
25
Nome: Anna
Família: anjo, filha de
Joaõ Antunes Frade e Maria Genoveva, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 25/09/1818
26
Nome: Antonio
Família: anjo, filho de
Antonio Rodrigues e Joaquina Rodrigues, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data: 09/10/1818
27
Nome: Maria
Família: anjo, filha de
Manoel Leitaõ e Innocencia Maria, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 10/11/1818
28
Nome: Rita
Família: anjo, filha de
Joaõ Baranda e maria Martins, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 12/10/1818
29
Nome: Joze Leitaõ
Família: viúvo de Maria
Pires, do Casal do Monte do Surdo, São Vicente da Beira
Data: 12/10/1818
Observações: fez
testamento, fólio 95, ficheiro 092-095
30
Nome: Maria
Família: anjo, filha de
Manoel Simaõ e Anna de Oliveira, de São Vicente da Beira
Data: 28/10/1818
31
Nome: Jozefa
Família: anjo, filha de
Antonio Alves e Maria Martins Pascoa, do Violeiro, São Vicente da Beira
Data: 06/11/1818
32
Nome: Maria da
Conceiçaõ
Família: mulher de
Joaquim Joze da Ponte, de São Vicente da Beira
Data: 09/11/1818
33
Nome: Anna Rodrigues
Família: filha de
Joaquim Rodrigues Diabinho e Brites Leitoa, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 27/11/1818
34
Nome: Joaquina
Família: anjo, filha de
Joze Matheos e Maria Francisca, do Mourelo, São Vicente da Beira
Data: 01/12/1818
35
Nome: Joaõ
Família: anjo, filho de
Joze Pires e Maria Fernandes, do Violeiro, São Vicente da Beira
Data: 05/12/1818
36
Nome: Manoel
Família: anjo, filho de
Joaõ Lourenço e Izabel Maria, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Data: 16/12/1818
37
Nome: Maria
Família: anjo, filha de
Manoel Antunes e Joanna Maria, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data: 21/12/1818
José Teodoro Prata
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