quinta-feira, 23 de maio de 2013

A fonte da Senhora da Orada 12

Um mulher do Souto da Casa, de nome Maria de Jesus, tinha um cancro no peito. Foi ao hospital de Palhavã e mandaram-na para casa, sem cura.
Maria de Jesus tinha uma comadre, a "comadre das castanhas", porque arrendavam juntas um souto para apanharem as castanhas, que lhe disse que havia uma mulher em Chaves que curava as doenças ruins. Foi com a comadre a Chaves, levando uma "chapa" (radiografia) tirada no Fundão.
A mulher curandeira retalhou-lhe o peito em quatro, fez os curativos e disse que voltassem lá.
Maria de Jesus pegou-se com a Senhora da Orada. Rezou, pedindo que a curasse, que lhe daria o cordão de ouro e que todos os anos lhe iria agradecer.
Depois de quinze dias de tratamento apenas com as "águas santas" da fonte da Senhora, o peito apareceu curado.
Maria de Jesus foi oferecer o cordão à Nossa Senhora da Orada, devendo pertencer-lhe perpetuamente, não podendo ser vendido.

Informador: Etelvina Teodoro (Casal da Fraga)
Estudo: Águas e Curas Milagrosas na Serra da Gardunha - A Fonte da Senhora da Orada
Autor: Albano Mendes de Matos (natural do Casal da Serra)
Publicação: Medicina da Beira Interior da Pré-História ao Século XX - Cadernos de Cultura, N.º 13, Novembro de 1999

José Teodoro Prata

quarta-feira, 22 de maio de 2013

A fonte da Senhora da Orada 11

Nos meados do século [XX], Francisco Moreira, de São Vicente da Beira, trabalhava numa serralharia da Covilhã. Um dia, saltou-lhe líquido da soldadura para a vista, deixando de ver. Foi a médicos, mas continuava sem melhoras.
A mãe, ao saber, foi vê-lo e levou uma garrafa com água da fonte da Senhora da Orada. A mãe começou a chorar, junto do filho. Este disse à mãe que não chorasse, mas que pedisse à Senhora da Orada. A mãe rezou e banhou os olhos do filho com "água santa" da Senhora da Orada, que logo começou a ver.
Este milagre foi publicado no Jornal "O Pelourinho", de São Vicente da Beira.

Informador: Etelvina Teodoro (Casal da Fraga)
Estudo: Águas e Curas Milagrosas na Serra da Gardunha - A Fonte da Senhora da Orada
Autor: Albano Mendes de Matos (natural do Casal da Serra)
Publicação: Medicina da Beira Interior da Pré-História ao Século XX - Cadernos de Cultura, N.º 13, Novembro de 1999

José Teodoro Prata

terça-feira, 21 de maio de 2013

A fonte da Senhora da Orada 10

Nos anos quarenta, uma mulher de nome Júlia, dos Escalos de Cima, tinha o corpo morto. Espetavam-lhe alfinetes e não sentia. Foi para a Senhora da Orada, para tomar banhos, na fonte, ficando alojada na casa do ermitão. Depois de uma semana de banhos, começou a sentir as picadas dos alfinetes por todo o corpo. Pedia às pessoas para a picarem. Considerou milagre a sua cura.
Até poder, todos os anos ia à festa da Senhora, a pé, descalça, em romagem de agradecimento. Pelo caminho, vendia pinhões.

Em rapaz de São Vicente, criado do senhor Paulino, nos anos quarenta, dormia numa casa da serra. Um dia tolheu-se de todo. Foi preciso levá-lo num padiola, para a casa do ermitão da Senhora da Orada, por uma vereda, onde passou o Natal. Depois de quinze dias de banhos, com a água da fonte da Senhora da Orada, começou a andar.


Informador: Etelvina Teodoro (Casal da Fraga)
Estudo: Águas e Curas Milagrosas na Serra da Gardunha - A Fonte da Senhora da Orada
Autor: Albano Mendes de Matos (natural do Casal da Serra)
Publicação: Medicina da Beira Interior da Pré-História ao Século XX - Cadernos de Cultura, N.º 13, Novembro de 1999

José Teodoro Prata

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A fonte da Senhora da Orada 9

José Barroso, do Casal da Serra, nos anos trinta, deixou de ver e foi ao médico a São Vicente da Beira, dizendo-lhe este que nada podia fazer mais do que pôr-lhe umas gotas nos olhos. Com as gotas na vista, regressou a casa, continuando na mesma.
Lembrou-se das "águas santas" da Senhora da Orada, que curavam muitas doenças. Foi com a mulher junto da fonte, lavou a cara e deixou cair água da bica sobre os olhos. Foram rezar à porta da capela e logo se sentiu curado, começando a ver.

Informador: José de Matos (Casal da Serra)
Estudo: Águas e Curas Milagrosas na Serra da Gardunha - A Fonte da Senhora da Orada
Autor: Albano Mendes de Matos (natural do Casal da Serra)
Publicação: Medicina da Beira Interior da Pré-História ao Século XX - Cadernos de Cultura, N.º 13, Novembro de 1999

José Teodoro Prata



Fotos de M. L. Ferreira

domingo, 19 de maio de 2013

A fonte da Senhora da Orada 8

Estes relatos de milagres relacionados com a água da Senhora da Orada, recolhidos por Albano de Matos e aqui divulgados pelo José Teodoro, aconteceram num tempo em que a medicina não tinha atingido o estado de desenvolvimento que hoje conhecemos e, principalmente, não estava acessível à maioria da população. Não admira, por isso, que as pessoas se agarrassem tanto à religião e encontrassem explicações sobrenaturais para muitos acontecimentos das suas vidas. Embora de forma intuitiva, acho que já se pode falar da crença defendida atualmente por muita gente, de que a fé, aliada à ciência, faz milagres. E não é apenas no campo da saúde…
Para além das situações descritas, quase todos conhecemos histórias parecidas que reforçam a ideia da importância da fé e confirmam os poderes milagrosos da água da Senhora da Orada. Aqui fica a minha:

Durante muitos anos os meus avós maternos trouxeram o Mato Branco à renda. No tempo frio viviam na Vila, mas na Primavera, numa espécie de transumância humana, rumavam à fazenda de onde só regressavam no final do Verão. Acho que era uma prática comum nessa altura.
Era durante esse tempo quente que a minha avó aproveitava para cumprir todas as promessas que fazia à Senhora da Orada durante o ano. E não deviam faltar-lhe motivos para promessas porque os filhos eram muitos, as dificuldades enormes e a fé na Senhora ainda maior.
Aproveitava a hora em que todos os outros dormiam a sesta e lá ia ela, descalça (fazia parte da promessa, mas se calhar porque também poupava as alpargatas), caminho acima até ao santuário onde rezava pela intenção devida. Depois dirigia-se à fonte e bebia a água que, acreditava, curava todas as moléstias do corpo. E era assim durante nove dias seguidos.
Normalmente as promessas eram por problemas com algum dos filhos, pela saúde do seu Guilhermino, pelo sucesso das colheitas ou malinas nos animais. Mas houve um ano em que foi por intenção da minha própria avó: já há algum tempo que andava a perder o ouvido e estava a ficar completamente mouca.
Durante oito dias lá foi ela, pela torreira do Sol, até à capela onde rezava as orações devidas. Depois, na fonte, lavava a cara com muita fé nos poderes milagrosos daquela água. Ao nono dia, último da novena, ao chegar ao fundo do terreiro, deu-lhe uma coisa e caiu redonda no chão. Não sabe quanto tempo esteve desmaiada, mas quando veio a si ouvia lindamente todos os sons que havia à volta.
Foi à capela agradecer a graça recebida e voltou para o Mato Branco em pranto e a gritar: Milagre! Milagre! A Nossa Senhora curou-me!

M. L. Ferreira

Nota: Não sei se já era nascida quando estes factos aconteceram, mas, em criança, lembro-me de ouvir a minha avó contar algumas vezes esta história. Agora foi-me recordada por uma tia que a contou mais ou menos pelas palavras com que a escrevi.

sábado, 18 de maio de 2013

A fonte da Senhora da Orada 7

Nos anos trinta deste século, Joaquina Mendes, do Casal da Serra, andava com muitas dores no peito, não podia trabalhar e mal podia respirar.
Foi à Senhora da Orada buscar "água santa", para beber e para se molhar, para se curar , prometendo à Senhora uma novena.
Começou a novena, bebeu água da bica e banhou-se até ao quarto dia. No dia seguinte, sentiu-se mal das pernas, não podendo andar atá à capela da Senhora. Falou com o Vigário de São Vicente da Beira e este mudou-lhe a promessa, o cumprimento do resto da novena, da porta da capela da Senhora da Orada para a porta da capela do Casal da Serra, continuando a beber e a banhar-se da água que trouxera da fonte da Senhora, numa lata. Dias depois da novena e dos banhos, sentiu-se curada o que diz ser milagre.


Informador: Joaquina Mendes (Casal da Serra)
Estudo: Águas e Curas Milagrosas na Serra da Gardunha - A Fonte da Senhora da Orada
Autor: Albano Mendes de Matos (natural do Casal da Serra)
Publicação: Medicina da Beira Interior da Pré-História ao Século XX - Cadernos de Cultura, N.º 13, Novembro de 1999

José Teodoro Prata

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A fonte da Senhora da Orada 6

Joaquina Mendes, do Casal da Serra, teve, nos anos trinta, um eczema, numa mão, sempre em ferida, por alguns meses. Os médicos não a curaram. Pegou-se com a Senhora da Orada. Foi à porta da capela, ajoelhou-se e pediu à Senhora que lhe curasse a mão. Fez uma novena de graças à Senhora. Durante nove dias, à porta da capela, rezou nove Glórias, nove Padre-nossos, nove Ave-marias e nove Santa-Marias, lavando a mão nas "águas santas" da fonte, indo a pé do Casal da Serra.
Ao fim de nove dias o eczema estava sarado. Esperou mais meia-dúzia de dias e, como o eczema não "rebentasse", fez outra novena, de agradecimento à Senhora, indo, a pé, rezar à porta da capela, de joelhos. Em casa tem sempre água da fonte da Senhora da Orada para qualquer necessidade que surja.


Informador: Joaquina Mendes (Casal da Serra)
Estudo: Águas e Curas Milagrosas na Serra da Gardunha - A Fonte da Senhora da Orada
Autor: Albano Mendes de Matos (natural do Casal da Serra)
Publicação: Medicina da Beira Interior da Pré-História ao Século XX - Cadernos de Cultura, N.º 13, Novembro de 1999

José Teodoro Prata