quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Óbitos, 1801

ÓBITOS
Registos Paroquiais de São Vicente da Beira
1801

  • No mês de março, não foi registado nenhum óbito.
  • Faleceram duas pessoas de AVC (apoplexia); o n.º 6 e a n.º 15.
  • O casal Manoel Lopes e Cecilia Maria, de São Vicente, perdeu dois filhos menores neste ano de 1801: a Flora (n.º 14) e o Manoel (20).
  • O Joze apareceu morto em casa da pessoa mais importante da Paradanta: Manoel Leitaõ. Rico, só de trabalho, mas livre da miséria em que vivia a maioria das pessoas da época. Joze seria seu criado, talvez pastor ou ganhão. Como era de fora (Barroca) e não contribuía para a Igreja, ficou sepultado no adro.
  • Este ano de 1801 foi um autêntico holocausto para as crianças (como eram muitos outros anos): dos 46 óbitos, 30 foram de menores (de 14 anos ou menos) – 65%.
  • Saldo fisiológico: nasceram 42, morreram 46 = -4 (no ano de 1800, o saldo fora de -2). A população oscilava entre saldos positivos nuns anos e negativos noutros, por isso o crescimento demográfico era muito ténue. Por volta de 1800, nalgumas regiões da Europa, já a população começara a crescer de forma contínua. Em Portugal, a evolução era mais lenta, devido à miséria em que se vivia, mas estes saldos negativos dois anos seguidos nem na região de Castelo Branco eram já normais. Assim, pelo Censo de 1801, sabemos que o saldo fisiológico do Sobral do Campo foi de +2; Louriçal do Campo: +9; Ninho do Açor: -3; Freixial do Campo: 0; Tinalhas: +12; Póvoa de Rio de Moinhos: 0; Almaceda: +14; Sarzedas: +40. O Censo de 1801, relativo a São Vicente, está rasurado e tem 44 nascimentos. A pergunta era sobre os que nasceram e não sobre os que foram batizados. O cura vigário terá escrito 41 (os que indiquei na publicação de há semanas), mas depois acrescentou mais 3, que talvez tivessem morrido à nascença sem terem sido batizados. Assim pelo Censo de 1801, o saldo fisiológico de São Vicente foi de -2 e não de -5, em todo o caso negativo. Parece que a existência de uma elite de lavradores abastados, em São Vicente, que detinham a maioria da terra, tornava mais precária a vida das pessoas.


1
Joaquim (menor)
Naturalidade: Mourelo
Família: filho de Faustino Rodrigues e Joana Leitoa
Data: 23/01/1801

2
Antonio (menor de 4 anos)
Naturalidade: Mourelo
Família: filho de Joze Francisco e Jozefa Leitoa
Data: 23/01/1801

3
Mathias Marcos
Naturalidade: São Vicente
Família: casado com Maria Faustina
Data: 31/01/1801

4
Antonia Maria
Naturalidade: São Vicente
Família: mulher de Joaõ da Costa
Data: 31/01/1801

5
Joaõ Vas Ramos
Naturalidade: São Vicente
Família: casado com Joana Duarte
Data: 01/02/1801

6
Doutor Antonio Mesquita de Carvalho
Naturalidade: São Vicente
Família: viúvo de Maria Antonia
Data: 03/02/1801
Nota: faleceu de uma apoplexia (AVC)

7
Joze (menor, de 6 meses)
Naturalidade: Vale de Figueiras
Família: filho de Manoel Francisco e Maria Leitoa
Data: 19/02/1801

8
Anna (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Antonio Nunes e Maria Joana
Data: 24/02/1801

9
Joana Duarte
Naturalidade: São Vicente
Família: viúva de João Vas
Data: 28/02/1801

10
Ignes (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Manoel do Espirito Santo e de Barbara Leitoa
Data: 08/04/1801

11
Domingos (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filho de João Leitão Canuto e Izabel Maria
Data: 19/04/1801
Nota: já fora batizado em perigo de vida

12
Maria (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Jeronimo Duarte e Maria Antonia
Data: 22/04/1801

13
Maria (menor)
Naturalidade: Vale de Figueiras
Família: filha de Joze Antonio e de Pulqueria Antunes
Data: 26/04/1801

14
Flora (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Manoel Lopes e Cecilia Maria
Data: 27/04/1801

15
Maria Leitoa
Naturalidade: Pereiros
Família: mulher de Joam Nunes
Data: 10/05/1801
Nota: faleceu de uma apoplexia (AVC)

16
Maria Rodrigues
Naturalidade: Tripeiro
Família: viúva de Joaõ Fernandes Baranda
Data: 20/05/1801

17
Antonia (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Joze Pereira e Brites Maria
Data: 25/05/1801

18
Manoel Fernandes
Naturalidade: São Vicente
Família: casado com Izabel Maria
Data: 02/06/1801
Nota: caçador, pobre

19
Domingos (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filho de Martinho Rodrigues e Margarida Antonia
Data: 13/06/1801
Nota: já fora batizado em perigo de vida

20
Manoel (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filho de Manoel Lopes e Secilia Maria
Data: 27/07/1801

21
Antonio (menor)
Naturalidade: Tripeiro
Família: filho de Joze Matheus e Maria Francisca
Data: 28/07/1801

22
Anna (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: Joaõ Bernardo e Francisca Maria
Data: 03/07/1801

23
Francisco (menor)
Naturalidade: Casal da Serra
Família: filho de Francisco Rolão e Maria Duarte
Data: 04/07/1801
Nota: já nascera em perigo de vida e foi batizado particularmente pelo Capitão João Duarte

24
Anna (menor)
Naturalidade: Partida
Família: filha de Silvestre Francisco e Roza Maria
Data: 07/07/1801

25
Francisco (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filho de Mathias Marcos e Maria Faustina
Data: 13/07/1801

26
Joaquim (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filho de Manoel Duarte e Francisca Maria
Data: 15/07/1801

27
Francisco (menor)
Naturalidade: Casal da Serra
Família: filho de Joze Pestana e Maria Francisca
Data: 26/07/1801

28
Joze (menor)
Naturalidade: Partida
Família: filho de Joze Antunes, viúvo
Data: 31/07/1801

29
Padre Joze Antonio Fernandes Freire
Naturalidade: Partida
Família: não indicada
Data: 07/08/1801

30
Mathias (menor)
Naturalidade: Casal da Serra
Família: filho Manoel Martins e Izabel Duarte
Data: 19/08/1801

31
Joaquim (menor)
Naturalidade: desconhecida
Família: exposto na porta dos enjeitados da Vila e dado a criar a Anna Izabel, solteira, filha de Maria Duarte, de São Vicente
Data: 01/09/1801

32
Domingos Lourenço
Naturalidade: São Vicente
Família: viúvo de Joana Baptista
Data: 02/09/1801
Nota: Pobre

33
Joaquim (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filho de Domingos Lourenço e Tereza de Oliveira
Data: 08/09/1801

34
Maria Lourença
Naturalidade: São Vicente
Família: viúva de Joaõ Joze
Data: 11/09/1801

35
Anna (menor)
Naturalidade: Mourelo
Família: filha de Joze Luis e Maria
Data: 20/09/1801

36
Joze (menor)
Naturalidade: Partida
Família: filho de Manoel Joze e Antonia Maria
Data: 22/09/1801

37
Feleciana da Costa
Naturalidade: São Vicente
Família: não indicada, pelo que se conclui que seria adulta
Data: 08/10/1801
Nota: solteira e pobre

38
Joze (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filho de Antonio da Silva e Brites Leitoa
Data: 08/10/1801

39
Maria (menor)
Naturalidade: desconhecida
Família: exposta na roda da Vila, no dia 17 de setembro de 1801
Data: 19/10/1801

40
Micaella Rodrigues
Naturalidade: Partida
Família: viúva de Manoel Fernandes, soldado
Data: 28/10/1801

41
Joze
Naturalidade: Barroca, freguesia do Castelejo
Família: foi achado morto em casa de Manoel Leitão, da Paradanta (seria seu criado)
Data: 09/11/1801
Nota: foi feito exame pela justiça (autopsiado) e sepultado no adro da Igreja

42
Anna Francisca
Naturalidade: Partida
Família: mulher de Joze Leitaõ
Data: 10/11/1801

43
Manoel Joze
Naturalidade: Partida
Família: casado com Antonia Maria
Data: 16/11/1801

44
Maria (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Joze Leitaõ Canesto(?) e Izabel Maria
Data: 07/12/1801

45
Anna Pires
Naturalidade: Salgueiro, mas a viver em São Vicente
Família: mulher de Francisco Jorge Barrozo
Data: 14/12/1801

46
Joze (menor)
Naturalidade: Casal da Serra
Família: filho de Antonio de Matos e Maria Joana
Data: 19/12/1801

José Teodoro Prata

domingo, 3 de novembro de 2013

IN ILLO TEMPORE

No tempo em que o Agostinho (Sargento) era garoto, vivia no Cimo de Vila, na casa que pertence agora à Cila, a funcionária da Junta de Freguesia.
O Agostinho (Sargento) sempre foi uma pessoa rude, mesmo em criança.
Numa célebre Quinta Feira Santa realizou-se à noite a procissão do Ecce-Homo, na qual uma das imagens, penso que o Senhor do Bom Fim, tinha e ainda tem uma corda a envolver-lhe as mãos e o pescoço.
O Agostinho que estava à janela a ver passar a procissão, quando enxerga a imagem,  vira-se para dentro de casa e diz muito alto:
- Ó  madrinha, venha cá depressa que vem aqui  um santo com uma corda atada ao focinho!

SI NON EST VERO!

Foi também numa Semana Santa que a imagem do Senhor na cruz teve que viajar para Norte, a fim de ser submetida  a um processo de restauração.
Por isso tiveram que arranjar um rapaz que substituísse a imagem do Cristo, para se realizarem as cerimónias.
Naquele ano, a Maria Madalena era uma moça de seu nome Henriqueta, cujo papel se resumia a estar agarrada aos pés do Cristo durante toda a cerimónia.
Procuraram a faixa de pano  para por à cintura do rapaz, para depois  o  atarem à cruz, mas não a encontraram e por isso tiveram que lhe enrolar um papel com uns alfinetes a segurar, o que o deixou numa situação precária.
Rasgam-se os véus do Tempo e que quadro mais bonito!
A Henriqueta tinha o cabelo comprido e, com o vento que fazia, esse mesmo cabelo voava e batia  nas pernas do rapaz. Além disso, na posição incómoda em que ela se encontrava, estava sempre a mexer-se,  de tal forma que o papel da cintura do rapaz começou a levantar-se.
O rapaz aflito baixa a cabeça para a Maria Madalena e diz-lhe:
- Stá quieta Henriqueta que se rasga a papeleta!
O Pregador que se encontrava no púlpito, mesmo em frente ao Calvário, a comentar aquela cena tão triste, apercebeu-se  do que se estava a passar. Salta do púlpito e a correr vem com a sobrepeliz para tapar aquela desgraça.
O pobre do rapaz ainda mais aflito vira-se para o Pregador e diz-lhe lá de cima, como se o estivessem a crucificar a sério:
-Não lhe mexa que é pior!!!

P.S.  Desculpem qualquer coisinha!

Ernesto Hipólito

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Quem aprende...

Como eu salvei hoje um rebanho de cabras

Acordei de manhã com a boa disposição de quem regressará à noite a São Vicente. Preparei os filhos e as malas e rumámos às escolas. Por ser ainda cedo, alterei a ordem natural das entregas e fui deixar o Tiago primeiro.
Ao chegar à rua da escola, deparámo-nos com um rebanho de cabras à solta, trazendo duas delas as cordas a arrastar no chão. As pessoas que por ali estavam exibiam no rosto a sua máscara de espanto e as crianças olhavam os animais como quem vê os ETS da Gardunha e algumas choravam com medo.
Estavam todos tomados pela apatia que se apossou de quase toda a Humanidade. Como aquela senhora, já de idade, que há tempos ficou muito surpreendida com o meu cumprimento, quando se sentou ao meu lado num banco de jardim. A mesma apatia que impede quase toda a gente de repreender os filhos dos outros quando estes disparatam na ausência dos pais.
Mas, regressando às cabras... Disse ao meu Diogo que agarrasse uma corda e eu agarraria a outra. Ele ainda tentou recusar, mas eu incitei-o a ser valente, posto que os animais são mansinhos e até dão leite. Lá fomos devagarinho, para não as assustar, e depois de estarem em nossa posse era ainda preciso descobrir quem era o dono.
Houve palpites para todos os gostos, que eram do Manel ou do Carlos ou de mais não sei quem...Uma senhora cheia de pressa garantiu-me que pertenciam à Lurdes, que fosse por aquele caminho agrícola e virasse à direita, depois de um bocado encontraria a casa das cabras, onde as poderia fechar.
Fiz-me ao caminho, agarrei nas duas cordas e com o Diogo atrás delas com um pau para as convencer a avançar.  
Chegados ao sítio indicado, numa área de mata deserta de pessoas, deparámo-nos com um palheiro cheio de ovelhas.
- Rais parta o damonho, nesta terra nem sabem distinguir cabras de ovelhas!
Resolvi amarrar as cabras a duas árvores e voltar aos meus afazeres. Ficaram todas contentes a comer folhas dos arbustos.
No caminho de regresso, encontrámos o pastor com o seu cajado. Trazia um sorriso enigmático no rosto. Indiquei-lhe a localização dos animais e segui o meu caminho sem ouvir um bem-haja…
E foi assim que salvei um rebanho de cabras ou atrapalhei a vida de um pastor.

Ana Gramunha

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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Óbitos, 1800

ÓBITOS
Registos Paroquiais de São Vicente da Beira
1800

 - Aconteceu uma desgraça na Senhora da Orada, em 1800: um filho do ermitão perdeu-se e foi encontrado já morto (ver n.º 7).
 - Neste ano, faleceram 34 pessoas, duas delas meninos gémeos (n.º 33), provavelmente acabados de nascer.
 - Os menores falecidos são 14, que representam 41% do total dos óbitos.
Nota: a maioridade alcançava-se aos 15 anos.
 - Dos 18 adultos falecidos, 11 foram considerados pobres (61%), pois não teriam nada para pagar a cova e o serviço fúnebre à Igreja. Conclusão: mais de metade da população vivia em total pobreza. Aliás, morreu-se mais na primavera, quando os cereais do verão passado já se tinham acabado e por isso os corpos, mal alimentados, não resistiram às maleitas primaveris.
 - Quando morria um homem, registava-se que estava casado com…
Quando morria uma mulher, era a mulher de fulano de tal.
 - Ainda se faziam enterramentos na Igreja da Misericórdia ou no adro entre a Igreja Matriz e a Misericórdia, mas em que a irmandade tinha sepulturas (n.º 14).
 - Todos os enterramentos registados foram realizados em São Vicente.
 - No ano de 1800, nasceram 32 crianças e faleceram 34 pessoas. Saldo fisiológico: -2.

1
Izabel Rodrigues
Naturalidade: Partida
Família: mulher de Joaõ Antunes
Data: 09/01/1800
Nota: pobre

2
João
Naturalidade: São Vicente
Família: filho de Romualdo de Proença e Maria Duarte
Data: 26/01/1800
Nota: solteiro

3
Uma menina
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Domingos Alvez e Tereza de Jesus
Data: 12/03/1800
Nota: batizada pela parteira, por vir em perigo de vida

4
Luis Roque
Naturalidade: Mourelo
Família: casado com Antonia Leitoa
Data: 26/03/1800
Nota: pobre

5
Jozefa (menor)
Naturalidade: Violeiro
Família: filha de Antonio Roiz(Rodrigues) e Inocencia Martins
Data: 27/03/1800

6
Paula Roque
Naturalidade: Violeiro
Família: mulher de Domingos Gonçalves
Data: 31/03/1800

7
Jacinto (menor)
Naturalidade: São Vicente (Senhora da Orada)
Família: filho de Ricardo Joze e Gertrudes Maria
Data: 01/04/1800
Nota: tinha-se perdido e foi encontrado morto

8
Francisca Maria
Naturalidade: São Vicente
Família: mulher de Joze Mendes Carepa
Data: 03/04/1800
Nota: pobre

9
Tereza Jozefa (solteira)
Naturalidade: São Vicente
Família: não indicada (seria adulta)
Data: 05/04/1800
Nota: pobre

10
Maria Roza
Naturalidade: São Vicente
Família: mulher de Joze Vas
Data: 11/04/1800
Nota: pobre

11
Maria da Costa
Naturalidade: São Vicente
Família: mulher de Luis Mendes
Data: 18/04/1800
Notas: pobre; sepultada em cova da Misericórdia, por esmola do provedor

12
Manoel (menor)
Naturalidade: Violeiro
Família: filho de Ivo Joze e Izabel Fernandes
Data: 28/04/1800

13
Joze Roiz
Naturalidade: Paradanta
Família: casado com Maria Nunes
Data: 30/04/1800

14
Maria (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Caetano Duarte e Maria da Ressurreiçaõ
Data: 30/04/1800

15
Leonor (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Domingos Pedro e Francisca Maria
Data: 26/05/1800

16
Maria (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Manoel Lopes e Cicilia Maria
Data: 10/06/1800

17
Maria (menor)
Naturalidade: Vale de Figueiras
Família: filha de Manoel Rodrigues e Maria Nunes
Data: 26/06/1800

18
Ignes Gonçalves
Naturalidade: Partida
Família: Viúva de Antonio Rodrigues
Data: 24/07/1800
Nota: pobre

19
Francisco (menor)
Naturalidade: naturalidade desconhecida, a viver em São Vicente
Família: enjeitado, dado a criar a Anna Luiza, mulher de Joze Barrozo
Data: 05/08/1800

20
Ignes (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: Bernardo Joze Leal e Maria de Saõ Joze
Data: 14/08/1800

21
Joaõ Joze
Naturalidade: São Vicente
Família: casado com Maria Lourença
Data: 15/09/1800

22
Manoel de Almeida
Naturalidade: São Vicente
Família: casado com Tereza de Jesus
Data: 05/10/1800
Nota: pobre

23
Domingos Joze Dias
Naturalidade: São Vicente
Família: viúvo de Maria dos Santos
Data: 12/10/1800

25
Domingos Ferreira
Naturalidade: São Vicente
Família: casado com Maria Jorge
Data: 15/10/1800
Nota: pobre

26
Antonio Roiz(Rodrigues)
Naturalidade: natural das Sarzedas, mas a viver em São Vicente
Família: casado com Maria do Carmo
Data: 03/11/1800
Nota: pobre

27
Joze Caetano de Abrunhoza
Naturalidade: a viver em São Vicente
Família: casado com Caetana Maria
Data: 08/11/1800
Nota: pobre

28
Manoel Roiz(Rodrigues) Francês
Naturalidade: Mourelo
Família: viúvo de Custodia Gonçalves
Data: 10/11/1800

29
Domingos Vas Rapozo
Naturalidade: São Vicente
Família: casado com Ignes Maria
Data: 17/11/1800

30
Anna (menor)
Naturalidade: São Vicente
Família: filha de Joze Caetano e Anna Rita
Data: 28/11/1800

31
Manoel (menor)
Naturalidade: Partida
Família: filho de Joaõ Antunes e Izabel Rodrigues (já defunda)
Data: 13/12/1800
Nota: tinha 12 anos

32
Bonifacio Leitaõ
Naturalidade: Mourelo
Família: casado com Maria Rodrigues
Data: 20/12/1800

33
Domingos e Francisco (menores gémeos)
Naturalidade: São Vicente
Família: Joaõ Bernardo e Francisca Maria
Data: 26/12/1800

José Teodoro Prata

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

IN ILLO TEMPORE

Pela segunda vez e passados trinta e tal anos, estou a roubar o nome ao livro de Trindade Coelho que ele escreveu a contar as suas aventuras quando era estudante em Coimbra.
A primeira vez que usei este título foi quando foi criado o jornal "O Vicentino" em que eu estava mais ou menos encarregue da parte humorística, vá-se lá saber porquê!
Não vou contar porque tendo nós Vicentinos um jornal, "O Pelourinho", nos fomos meter na aventura de publicar um outro jornal. Só essa história, a sua envolvência, dava um livro bem bonito que DEVIA SER ESCRITO.
Vamos então ao "IN ILLO TEMPORE":
No tempo em que o Chico Manha saiu do Seminário sem ter provado as honras cardinalícias, já outros o tinham feito ou estavam para o fazer. Cada um desabelhou para seu lado à procura de vida mas, quando chegavam as férias, aí os tínhamos a todos a matar saudades da família e amigos.
Numa célebre Quaresma húmida e fria, decidimos por bem ir cantar os Martírios. Que bem que nós cantávamos, ou não fossemos nós ex seminaristas.
Lá ensaiamos e, numa noite em que carujava, saímos para a rua a cantar. 
No Fundo de Vila a coisa correu otimamente mas, já no Cimo de Vila,  quando nos deslocávamos silenciosamente para o próximo local onde iriamos cantar, sai-se de lá o Chico com esta:
- Quadragésima nona estação: Nosso Senhor cai num lapacheiro!!!
Claro que nessa noite não se cantou mais nada de jeito, porque era uma risada pegada.
No dia seguinte, a menina Nelita, que morava no Fundo de Vila, diz-me assim:
- Ai Ernesto, vocês ontem cantaram tão bem!
Entretanto, chega a menina Maria de Jesus (Cimo de Vila) que tanta vez me puxou as orelhas, mesmo muito depois de eu casar, e essa foi logo dizendo:
- O que é que aconteceu ontem que cantastes tão mal?

E queria ele ser cardeal, o sacanita!!!


Ernesto  Hipólito

domingo, 20 de outubro de 2013

Gafanhotos ou grilos?

O admirável mundo novo chegou, não em todas as áreas, claro está, mas no que respeita à informação e comunicação é mais que verdade.
Esta história dos gafanhotos, não me passou ao lado. Tive dela conhecimento na nossa Praça virtual que é o blogue dos enxidros e há dois ou três anos fui à Senhora da Orada numa altura que estava deles super povoada. Mesmo a escolher onde por os pés era impossível não pisar uns quantos. E é claro que um gajo criado na serra, não fica insensível ao ver uns bicharocos tão estranhos, que nunca vira ao longo de todos estes anos.




Este ano, o meu sobrinho Bernardo tirou umas fotos magníficas para a minha investigação e que aqui partilho convosco (a do azevinho está já publicada nos enxidros, mas usei-a para mostrar a dimensão do problema) e vai daí, quem não sabe pergunta, se quiser ficar a saber mais do que sabe.
Através dum compadre meu que é investigador no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, a questão foi colocada a um seu colega Professor nos seguintes termos:

As fotos anexas são de uma espécie desconhecida na região, que começou a surgir há meia dúzia de anos e que agora surge ao milhares (milhões) no final da primavera, princípio do verão, na vertente sul da serra da Gardunha, mais concretamente em S. Vicente da Beira, concelho de Castelo Branco.
Há um grande dilema sobre se serão gafanhotos ou grilos, mas são realmente bizarros e não muito parecidos com qualquer das espécies referidas, daí o pedido de ajuda…”

A resposta do especialista veio rápida:

“Trata-se de um tetigonídeo do género Ephippiger. As duas primeiras fotos são de uma fêmea; terceira, de machos. São insectos mais próximos dos grilos (pertencem à mesma subordem, Ensifera) do que dos verdadeiros gafanhotos (pertencem à subordem Caelifera). Em algumas regiões da Beira-alta, chamam-lhes cigarras, mas obviamente estão muito distantes das verdadeiras cigarras que pertencem uma ordem diferente (Hemiptera).
 Já tinha tido notícia em anos anteriores de situações semelhantes, no Norte, não sei se da mesma espécie, uma vez que nunca recebemos exemplares para identificar.”

É obvio que uma resposta destas é só a indicação de uma janela para quem a quiser abrir. E no admirável mundo novo em que vivemos fiz umas perguntas ao dr. Google, que me mandou falar com a dra. Wikipédia (um casal fascinante), e qual não é o meu espanto quando lhes pergunto se já tinham visto algum desses bicharocos que dão pelo nome de Ephippiger e eles me mostraram logo um, que parece que tinham ido buscar à Vila.
Depois veio-me à lembrança o apelo da FAO, Agência das Nações Unidas responsável pela agricultura, a encorajar o consumo de insetos em larga escala para combater o problema da escassez de alimentos, até porque cerca de dois biliões de pessoas no planeta, já têm nos insetos uma base importante da sua alimentação.
Então, surgiu-me a ideia de que talvez seja possível criar uma fileira de negócio do gafanhoto da Gardunha, tipo pastel de Belém, como sugeriu o anterior Ministro da Economia e ganharmos a nossa independência económica. Para isso, na próxima primavera, temos que apanhar uns quantos para eu pedir ao dr. Francisco George, diretor-geral da Saúde, que os mande analisar para apurar se são comestíveis.
Entretanto, estou já a organizar um livro de receitas chinesas, tailandesas e vietnamitas, das mais saborosas que há (segundo eles), para podermos expandir o negócio, para a Europa, África e Ásia.
É um negócio que não precisa de investimentos vultuosos ao princípio. Matéria-prima há com fartura. Umas frigideiras bem grandes, (como as das filhós). Azeite do Sobral, virgem extra. Alecrim, orégãos, malaguetas e outras especiarias… Já me estou a lamber.
Vou falar com o meu querido amigo João Passarasso, que é um rapaz com dinheiro, com muito espaço no quintal da sua nova casa e sobretudo com uma bela visão de futuro.
Estou certo que poderá tornar-se um grande investidor, grande consumidor e um grande divulgador por terras de França.

Não se riam. Isto é paródia, mas não é inverosímil. O futuro o dirá…

Bom apetite a todos. Por enquanto, claro, só para as vossas investigações…

outubro de 2013.

Francisco Barroso