quarta-feira, 15 de julho de 2015

Batismos, 1815

BATISMOS, 1815
Paróquia de Nossa Senhora da Assunção
São Vicente da Beira

- Tenho urgência na recolha das informações dos registos paroquiais, devido a novos projetos. Por esta razão, passo a não registar os nomes dos padrinhos, testemunhas e padre que realizou o batismo. Sei que fornecem dados importantes, mas tenho de fazer opções. À parte, nestas introduções, deixarei informação do que de interessante for encontrando.
- Penso que as pessoas referidas no registo n.º 34 são os antepassados da família Roque Lino, mas ainda não tenho a certeza. Os do registo n.º 24 são meus antepassados da família Jerónimo. Aliás, o Pe. José Hipólito Jerónimo contou-me que o avô dele (Jerónimo) era dono do quarteirão entre a estrada nacional, a rua que vai para a capela e a estrada para a ermida da Senhora da Orada, morando nas casas onde hoje vive o João “Ratão”.
- Batizados: 68 (em 1814, 76. Batizados expostos: 8 (11,7%).
- Sei que estas listagens "enchem" muito o blogue, mas a verdade é que há pessoas a consultá-las e sei que, no futuro, muitos poderão construir as suas genealogias através delas.

1
Nome: Luis
Pais: incógnitos
Avós paternos: incógnitos
Avós maternos: incógnitos
Data de nascimento: desconhecida
Data de batismo: 03/01/1815
Observações: exposto na Roda dos Enjeitados da Vila, a 20 de dezembro

2
Nome: Agostinho
Pais: Manoel Barata e Anna Maria, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Joaõ Barata de Gouveia, de São Vicente da Beira, e Joanna Jôrdoa, do Louriçal do Campo
Avós maternos: Francisco Fernandes, de Alcains, e Maria Duarte, de Cafede
Data de nascimento: 20/12/1814
Data de batismo: 03/01/1815

3
Nome: Geneveva
Pais: Niculao Francisco, de São Vicente da Beira, e Anna dos Prazeres, da pardoza
Avós paternos: Joaõ Franco, de Tinalhas, e Geneveva Maria, de Alcains
Avós maternos: Vitorino Antunes e Maria da Crus, da Lardoza
Data de nascimento: 07/01/1815
Data de batismo: 16/01/1815

4
Nome: Joaõ
Pais: Diogo Gomes e Anna Ritta, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Joaquim Rodrigues e Rita Maria, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Antonio Marques, de São Vicente da Beira, e Domingas Marques, do Vale da Torre, Lardoza
Data de nascimento: 14/01/1815
Data de batismo: 21/01/1815

5
Nome: Gertrudes
Pais: Manoel Francisco, do Vale de Figueiras, São Vicente da Beira, e Maria Leitoa, das Rochas de Cima, Almaceda
Avós paternos: Domingos Francisco, do Vale de Figueiras, e Antonia Rodrigues, das Rochas de Cima
Avós maternos: Antonio Leitaõ e Maria Gonsalves, das Rochas de Cima
Data de nascimento: 13/01/1815
Data de batismo: 22/01/1815

6
Nome: Anna
Pais: Francisco Rapozo e Maria das Candeias, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Joaõ Rapozo e Ignes Maria, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Manoel Marques e Anna dos santos, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 08/01/1815
Data de batismo: 22/01/1815

7
Nome: Mathias
Pais: Joaõ Duarte e Brites Maria, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Francisco Duarte e Joanna Marques, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Mathias Henriques e Maria Rofina, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 13/01/1815
Data de batismo: 22/01/1815

8
Nome: Antonio
Pais: Domingos da Silva e Maria Calmoa, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Antonio da Silva, da Orca, e Brites Leitoa, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Diogo Gomes e Joanna Maria, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 26/01/1815
Data de batismo: 02/02/1815

9
Nome: Joaõ
Pais: Francisco Rodrigues Lobo e Luiza da Silva, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Joze Rodrigues Marques e Izabel Matheus, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Antonio da Silva, da Orca, e Brites Leitoa, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 29/01/1815
Data de batismo: 06/02/1815

10
Nome: Izabel
Pais: Francisco Joze e Jozefa Leitoa, da Partida, São Vicente da Beira (2.º matrimónio do pai)
Avós paternos: Manoel Esteves, da Mouta, Guarda, e Thereza Maria, da Partida
Avós maternos: Joze Leitaõ, da Partida, e Anna Francisca, dos Boxinos, Silvares
Data de nascimento: 01/02/1815
Data de batismo: 06/02/1815

11
Nome: Antonio
Pais: Antonio Rodrigues e Izabel Rita, da Partida, São Vicente da Beira
Avós paternos: Manoel Rodrigues, da Paradanta, São Vicente da Beira, e Jozefa Martins, da Partida
Avós maternos: Antonio Rodrigues e Jozefa Martins, da Partida
Data de nascimento: 06/02/1815
Data de batismo: 15/02/1815

12
Nome: Domingos
Pais: Joaõ Joze, de São Vicente da Beira, e Maria Jozefa, da Partida, São Vicente da Beira
Avós paternos: Joaquim Joze e Maria da Conceiçaõ, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Manoel Rodrigues, da Paradanta, São Vicente da Beira, e Jozefa Freire, da Partida
Data de nascimento: 14/02/1815
Data de batismo: 22/02/1815

13
Nome: Rita
Pais: Manoel Fernandes Rato e Inocencia Maria, do Violeiro, São Vicente da Beira
Avós paternos: Joze Fernandes Rato, do Violeiro, e Maria Martins, das Rochas de Cima, Almaceda
Avós maternos: Joze Pires, do Violeiro, e Inocencia Maria, de Almaceda
Data de nascimento: 17/02/1815
Data de batismo: 24/02/1815

14
Nome: Anna
Pais: Rodrigo Leitaõ e Maria Leitoa, da Paradanta, São Vicente da Beira
Avós paternos: Joaõ Leitaõ, do Mourelo, São Vicente da Beira, e Maria Francisca, da Paradanta
Avós maternos: Joaõ Mendes, da Paradanta, e Inocencia Leitoa, do Vale de Figueiras, São Vicente da Beira
Data de nascimento: 18/02/1815
Data de batismo: 28/02/1815

15
Nome: Anna
Pais: Joze Leitaõ Canuto e Izabel Maria, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Manoel Leitaõ Canuto, de São Vicente da Beira, e Francisca Maria, do Fundão
Avós maternos: Manoel Fernandes, do Castelejo, e Izabel Maria, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 22/02/1815
Data de batismo: 05/03/1815

16
Nome: Joaquim
Pais: Estevao Fernandes e Domingas Maria, de São Vicente da Beira (2.º matrimónio do pai)
Avós paternos: Manoel Fernandes, do Freixial dos Potes, Fundão, e Maria Vas Lazara, do Sobral do Campo
Avós maternos: Joaõ Rapozo e Ines Maria, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 24/02/1815
Data de batismo: 15/03/1815

17
Nome: Antonio
Pais: Antonio Fernandes Freire, da Partida, São Vicente da Beira, e Maria Jordoa, da Torre, Louriçal do Campo
Avós paternos: Antonio Fernandes e Maria Martins, da Partida
Avós maternos: Joaõ Rodrigues Lourenço Cayo, da Torre, e Maria Pires leitoa, da Paradanta, São Vicente da Beira
Data de nascimento: 03/03/1815
Data de batismo: 10/03/1815

18
Nome: Joze
Pais: Martinho dos Santos, da Partida, e Leonor Leitoa, da Paradanta, São Vicente da Beira
Avós paternos: avô incógnito e Izabel Freire da Partida
Avós maternos: Manoel Leitaõ da Roza e Maria Rodrigues, da Paradanta
Data de nascimento: 03/03/1815
Data de batismo: 12/03/1815

19
Nome: Manoel
Pais: Manoel Martins, da Enxabarda, Castelejo, e Anna Martins, da Partida, São Vicente da Beira
Avós paternos: Antonio Marisn da Enxabarda, e Joanna Maria, de Lavacolhos
Avós maternos: Antonio Fernandes e Maria Martins, da Partida
Data de nascimento: 11/03/1815
Data de batismo: 18/03/1815

20
Nome: João
Pais: Antonio Alves e Maria Martins, do Violeiro, São Vicente da Beira
Avós paternos: Joze Alves, de Lisboa, e Izabel Gonsalves, do Engarnal, Almaceda
Avós maternos: Domingos Pires Cacao(ou Cascao) e Maria Martins, do Violeiro
Data de nascimento: 11/03/1815
Data de batismo: 25/03/1815

21
Nome: Antonio
Pais: Manoel Simaõ e Maria de Oliveira, de São Vicente da Beira (2.º matrimónio da mãe)
Avós paternos: Manoel Simaõ e Ines dos Santos, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Joze de Oliveira, de São Vicente da Beira, e Francisca Gonçalves, do Sobral do Campo
Data de nascimento: 21/03/1815
Data de batismo: 25/03/1815

22
Nome: Manoel
Pais: Vitorino Gonçalves e Christina Maria, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Avós paternos: Joze Matheus, do Maxial do Campo, Sarzedas, e Anna Gonçalves, do Tripeiro
Avós maternos: Manoel Roque, das Rochas de Cima, Almaceda, e Jozefa Francisca, do Tripeiro
Data de nascimento: 13/03/1815
Data de batismo: 02/04/1815

23
Nome: Maria
Pais: Antonio Rodrigues e Maria Cezilia, da Partida, São Vicente da Beira
Avós paternos: Jacinto Rodrigues, da Partida, e Maria Francisca, do Vale de Figueiras, São Vicente da Beira
Avós maternos: Rodrigo Duarte, do Souto da Casa, e Maria Venancia, de Penamacor
Data de nascimento: 10/04/1815
Data de batismo: 19/04/1815

24
Nome: Maria
Pais: Joaõ Duarte, do Casal da Fraga, São Vicente da Beira, e Barbara Leitoa, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Avós paternos: Jeronimo Duarte e Maria Antonia, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Antonio Leitaõ, da Paradanta, São Vicente da Beira, e Maria Martins, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data de nascimento: 15/04/1815
Data de batismo: 26/04/1815
Observações: os padrinhos foram Joze Rodrigues, do Sobral, e Luiza Leitoa, do Casal do Pisco, São Vicente da Beira

25
Nome: Joaõ
Pais: Joze Marques e Antonia Jacinta, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Manoel Marques e Anna dos Santos, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Joaõ Joze e Maria Joanna, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 09/04/1815
Data de batismo: 19/04/1815

26
Nome: Francisca
Pais: Joze Leitaõ, da Paradanta, São Vicente da Beira, e Maria Leitoa, da Partida, São Vicente da Beira
Avós paternos: Joze Leitaõ, da Paradanta, e Roza Maria, do Vale de Figueiras, São Vicente da Beira
Avós maternos: Domingos Joaõ, do Açor, Castelejo, e Maria Martins, da Partida, São Vicente da Beira
Data de nascimento: 12/04/1815
Data de batismo: 20/04/1815

27
Nome: Francisco
Pais: Manoel Bras, da Enxabarda, Castelejo, e Rita Maria, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Avós paternos: Francisco Bras e Maria Fernandes, da Enxabarda
Avós maternos: Joaõ Antunes e Maria Mendes, do Pereiros, São Vicente da Beira
Data de nascimento: 14/04/1815
Data de batismo: 23/04/1815

28
Nome: Baltazar
Pais: Domingos Joze, do Fundão, e Leonor da Costa, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Ponciano Joze, do Fundão, e Francisca Cabral, de Fornos de Algodres
Avós maternos: Antonio da Costa Cabral, de São Vicente da Beira, e Victoria Maria, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Data de nascimento: 24/04/1815
Data de batismo: 05/05/1815

29
Nome: Francisco
Pais: Manoel Ramos Couto e Joanna Cazimira, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Antonio de Couto, de Vila Meã, Povolide, Viseu, e Luiza Maria, do Sobral do Campo
Avós maternos: Caetano Duarte e Maria Bonifacio, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 28/04/1815
Data de batismo: 12/05/1815

30
Nome: Thareza
Pais: incógnitos
Avós paternos: incógnitos
Avós maternos: incógnitos
Data de nascimento: desconhecida
Data de batismo: 16/05/1815
Observações: exposta na Roda dos Enjeitados da Vila, no dia 12 de maio

31
Nome: Joze
Pais: Joze Martins, do Mourelo, São Vicente da Beira, e Anna ;Martins, da Partida, São Vicente da Beira
Avós paternos: Joze Alves e Maria Martins, do Mourelo, São Vicente da Beira
Avós maternos: Francisco Joze e Roza Martins, da Partida
Data de nascimento: 07/06/1815
Data de batismo: 17/06/1815

32
Nome: Joaquim
Pais: Gonçalo Duarte e Jozefa da Silva, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Caetano Duarte e Maria Bonifacia, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Antonio da Silva, da Orca, e Brites Leitoa, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 11/06/1815
Data de batismo: 21/06/1815

33
Nome: Maria
Pais: Joaõ Ribeiro, do Sobral do Campo, e Joaquina Maria, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Avós paternos: João Ribeiro, do Sobral do Campo, e Francisca Pires, do Casal do Monte do Surdo, São Vicente da Beira
Avós maternos: Joaõ Martins, dos Ovelheiros, Sarzedas, e Barbara Gonçalves, do tripeiro, São Vicente da Beira
Data de nascimento: 20/06/1815
Data de batismo: 02/07/1815

34
Nome: Maria
Pais: Manoel Roque, do Tripeiro, São Vicente da Beira, e Joanna Francisca(?), de São Vicente da Beira
Avós paternos: Manoel Roque e Jozefa Francisca, do Tripeiro
Avós maternos: Francisco Ferreira e Maria Mesquita, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 29/06/1815
Data de batismo: 09/07/1815

35
Nome: Joaõ
Pais: Francisco Mendes, da Paradanta, São Vicente da Beira, e Sezilia Martins, do Mourelo, São Vicente da Beira
Avós paternos: Manoel Mendes, da Paradanta, e Izabel Leitoa, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Avós maternos: Joze Alves, do Mourelo, e Maria Martins, da Foz Giraldo, Orvalho
Data de nascimento: 07/07/1815
Data de batismo: 16/07/1815

36
Nome: Manoel
Pais: Joaquim Manoel Alexandre, da Partida, São Vicente da Beira, e Maria Martins, das Rochas de Cima, Almaceda
Avós paternos: Manoel Alexandre, da Póvoa de Rio de Moinhos, e Izabel Freire, da Partida
Avós maternos: Antonio Duarte, da Coutada, Bogas de Cima, e Angelica Martins, das Rochas de Cima, Almaceda
Data de nascimento: 25/07/1815
Data de batismo: 30/07/1815

37
Nome: Maria
Pais: incógnitos
Avós paternos: incógnitos
Avós maternos: incógnitos
Data de nascimento: desconhecida
Data de batismo: 13/08/1815
Observações: exposta na Roda dos Enjeitados da Vila, a 7 de agosto

38
Nome: Joaõ
Pais: Joaõ Martins, do Vale de Figueiras, São Vicente da Beira, e Anna Martins, da Partida, São Vicente da Beira
Avós paternos: Francisco Martins, do Vale de Figueiras, e Maria Nunes, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Manoel Alexandre, da Póvoa de Rio de Moinhos, e Izabel Freire, da Partida
Data de nascimento: 06/08/1815
Data de batismo: 13/08/1815

39
Nome: Manoel
Pais: Joze Victorio e Roza Maria, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Joaõ Leitaõ e Maria Victoria, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Joaõ Vas Rapozo e Ignes Maria, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 10/08/1815
Data de batismo: 18/08/1815

40
Nome: Domingos
Pais: Joze Pereira e Anna de Saõ Bento, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Joze Pereira, de São Vicente da Beira, e Brites Maria, de Alcongosta
Avós maternos: Domingos Alvres e Anna de Saõ Bento, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 19/08/1815
Data de batismo: 26/08/1815

41
Nome: Caetano
Pais: incógnitos
Avós paternos: incógnitos
Avós maternos: incógnitos
Data de nascimento: desconhecida
Data de batismo: 13/09/1815
Observações: exposto na Roda dos Enjeitados da Vila, a 22 de agosto; já fora batizado particularmente, por estar em perigo de vida

42
Nome: Jaoquina
Pais: Manoel Matins, das Rochas de Cima, Almaceda, e Anna Leitoa, da Partida, São Vicente da Beira
Avós paternos: Domingos Martins e Innocencia Leitoa, das Rochas de Cima
Avós maternos: Joze Freire e Joanna Leitoa, da Partida
Data de nascimento: 06/09/1815
Data de batismo: 13/09/1815

43
Nome: Francisca
Pais: Joze de Mesquita, de São Vicente da Beira, e Roza Maria, da Póvoa de Rio de Moinhos
Avós paternos: Joze de Mesquita e Maria Geneveva, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Matheus Duarte e Maria Gomes, da Póvoa de Rio de Moinhos
Data de nascimento: 09/09/1815
Data de batismo: 18/09/1815

44
Nome: Rozaura
Pais: Manoel Lourenço, da Enxabarda, Castelejo, e Maria Leitoa, da Foz Giraldo, Orvalho (2.º matrimónio do pai)
Avós paternos: Manoel Lourenço, do Tripeiro, São Vicente da Beira, e Maria Gomes, da Enxabarda
Avós maternos: Joze Luis, da Foz Giraldo, e Clara Leitoa, das Rochas de Cima
Data de nascimento: 13/09/1815
Data de batismo: 21/09/1815

45
Nome: Maria
Pais: Joaõ Barata, de Janeiro de Baixo, e Anna Gonçalves, do Violeiro, São Vicente da Beira
Avós paternos: Antonio Barata e Maria Rita, de Janeiro de Baixo
Avós maternos: Joze Alvres, de Lisboa, e Maria Gonçalves, do Violeiro
Data de nascimento: 11/09/1815
Data de batismo: 21/09/1815

46
Nome: Anna
Pais: pai incógnito e Theodora, a viver no Tripeiro, São Vicente da Beira
Avós paternos: incógnitos
Avós maternos: não indicados
Data de nascimento: 16/09/1815
Data de batismo: 24/09/1815

47
Nome: Tecla(?)
Pais: incógnitos
Avós paternos: incógnitos
Avós maternos: incógnitos
Data de nascimento: desconhecida
Data de batismo: 24/09/1815
Observações: exposta na Roda dos Enjeitados da Vila, a 17 de setembro

48
Nome: Antonio
Pais: Ivo Joze e Izabel Pires, do Violeiro, São Vicente da Beira
Avós paternos: Joze Mendes, do Souto da Casa, e Joanna Martins, do Violeiro
Avós maternos: Manoel Pires e Joanna Fernandes, do Violeiro
Data de nascimento: 10/09/1815
Data de batismo: 01/10/1815

49
Nome: Antonio
Pais: Marcelino Lopes, do Souto da Casa, e Margarida Antonia, de Janeiro de Cima (2.º matrimónio da mãe)
Avós paternos: Baltazar Lopes e Catharina Lopes, do Souto da Casa
Avós maternos: Manoel Antunes e Izabel Maria, de Janeiro de Cima
Data de nascimento: 22/09/1815
Data de batismo: 06/10/1815

50
Nome: Joze
Pais: Antonio Leitaõ e Anna dos Santos, de São Vicente da Beira (2.º matrimónio do pai)
Avós paternos: Manoel Leitaõ, de São Vicente da Beira, e Roza Maria do Salgueiro do Campo
Avós maternos: Manoel do Espirito Sancto, de São Miguel d´Acha, e Barbara Maria, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 18/09/1815
Data de batismo: 10/10/1815

51
Nome: Thereza
Pais: incógnitos
Avós paternos: incógnitos
Avós maternos: incógnitos
Data de nascimento: desconhecida
Data de batismo: 15/10/1815
Observações: exposta na Roda dos Enjeitados da Vila, a 4 de outubro

52
Nome: Joaõ
Pais: Joze Francisco, do Casal da Serra, São Vicente da Beira, e Maria Gama, do Mourelo, São Vicente da Beira
Avós paternos: Manoel Francisco e Maria Antunes, do Casal da Serra
Avós maternos: Joze Luis, do Mourelo, e Maria Gama, do Engarnal, Castelejo
Data de nascimento: 09/10/1815
Data de batismo: 15/10/1815

53
Nome: Francisco
Pais: Francisco Afonso e Jozefa Maria, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Avós paternos: Manoel Afonso e Anna Martins, do Tripeiro
Avós maternos: Faustino Lourenço e Maria Luiza, do Tripeiro
Data de nascimento: 11/10/1815
Data de batismo: 18/10/1815

54
Nome: Joze
Pais: Domingos Gonçalves, de Almaceda, e Domingas Lourença, do Tripeiro, São Vicente da Beira
Avós paternos: Manoel Gonçalves Amaro, do Tripeiro, e Antonia Maria, de Almaceda
Avós maternos: Manoel Lourenço, do Tripeiro, e Escolastica Maria, do Sobral do Campo
Data de nascimento: 12/10/1815
Data de batismo: 22/10/1815

55
Nome: Joaõ
Pais: Antonio de Matos, da Soalheira, e Maria Fernandes, do Casal da Serra, São Vicente da Beira (2.º matrimónio do pai)
Avós paternos: Pedro Rodrigues e Maria de Matos, da Soalheira
Avós maternos: Manoel Francisco e Maria Antunes, do Casal da Serra
Data de nascimento: 25/10/1815
Data de batismo: 01/12/1815

56
Nome: Maria
Pais: Antonio Gonsalves, da Paradanta, São Vicente da Beira, e Maria Joanna, do Souto da Casa
Avós paternos: Domingos Gonsalves, do Souto da Casa, e Maria Rodrigues, da Paradanra
Avós maternos: Rodrigo Antonio e Joanna Maria, do Souto da Casa
Data de nascimento: 04/11/1815
Data de batismo: 12/11/1815

57
Nome: Luiza
Pais: Jose Monteiro, de Castelo Mendo, Pinhel, e Anna Leitoa, da Paradanta, São Vicente da Beira
Avós paternos: Pedro Andre e Maria Monteira, de Castelo Mendo
Avós maternos: Manoel Leitaõ e Maria Rodrigues, da Paradanta
Data de nascimento: 09/11/1815
Data de batismo: 18/11/1815

58
Nome: Rita
Pais: Joaõ Baranda, do Tripeiro, São Vicente da Beira, e Maria Martins, dos Pereiros, São Vicente da Beira (2.º matrimónio da mãe)
Avós paternos: Joaõ Baranda, do Tripeiro, e Joanna Freire, das Rochas de Cima, Almaceda
Avós maternos: Joze Martins, da Partida, São Vicente da Beira, e Maria Antunes, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Data de nascimento: 17/11/1815
Data de batismo: 27/11/1815

59
Nome: Maria
Pais: Manoel Martins e Maria Antunes, da Partida, São Vicente da Beira
Avós paternos: Joze Martins, da Partida, São Vicente da Beira, e Maria Antunes, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Avós maternos: Joaõ Antunes, da Partida, São Vicente da Beira, e Izabel Agueda, de Almaceda
Data de nascimento: 27/11/1815
Data de batismo: 03/12/1815

60
Nome: Pedro
Pais: Constantino Ramalho e Antonia Cazimira, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Manoel Luis e Maria Roza, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Caetano Duarte e Maria Bonifacia, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 26/11/1815
Data de batismo: 03/12/1815
Observações: já fora batizada particularmente, por estar em pértigo de vida

61
Nome: Bonifacio
Pais: incógnitos
Avós paternos: incógnitos
Avós maternos: incógnitos
Data de nascimento: desconhecida
Data de batismo: 03/12/1815
Observações: exposto na Roda dos Enjeitados da Vila, a 25 de novembro

62
Nome: Francisca
Pais: incógnitos
Avós paternos: incógnitos
Avós maternos: incógnitos
Data de nascimento: desconhecida
Data de batismo: 03/12/1815
Observações: exposto na Roda dos Enjeitados da Vila, a 28 de novembro

63
Nome: Joze
Pais: Joaõ Joze e Maria Clara, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Antonio Joze, de Avô, Coimbra, e Thereza Caetana, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Domingos Alvres e Theresa Clara, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 25/11/1815
Data de batismo: 06/12/1815

64
Nome: Antonio
Pais: Domingos Rodrigues, da Paradanta, São Vicente da Beira, e Custodia Maria, do Freixial do Campo (2.º matrimónio da mãe)
Avós paternos: avós incógnitos
Avós maternos: Joaõ Alves e Margarida Marques, do Freixial do Campo
Data de nascimento: 04/12/1815
Data de batismo: 12/12/1815

65
Nome: Ines
Pais: Joquim Mesquita e Roza Maria, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Francisco Joze Dias, de Valverde, Fundão, e Anna Mesquita, de São Vicente da Beira
Avós maternos: Joze Pereira, de São Vicente da Beira, e Brites Maria, de Alcongosta
Data de nascimento: 04/12/1815
Data de batismo: 14/12/1815

66
Nome: Joaõ
Pais: Manoel de Oliveira e Ignes Maria da Conseiçaõ, de São Vicente da Beira
Avós paternos: Joze de Oliveira, de São Vicente da Beira, e Francisca Gonsalves, do Sobral do Campo
Avós maternos: Francisco Ferreira e Maria Mesquita, de São Vicente da Beira
Data de nascimento: 12/12/1815
Data de batismo: 23/12/1815

67
Nome: Maria
Pais: Antonio Pires, da Enxabarda, Castelejo, e Joanna Ignes, do Casal da Serra, São Vicente da Beira
Avós paternos: Matheus Pires e Izabel Antunes, da Enxabarda
Avós maternos: Bras Marques, da Soalheira, e Ignes Cordeira, do Casal da Serra, São Vicente da Beira
Data de nascimento: 17/12/1815
Data de batismo: 27/12/1815

68
Nome: Joze
Pais: Manoel Joaõ, da Enxabarda, Castelejo, e Maria Martins, dos Pereiros, São Vicente da Beira
Avós paternos: Manoel Joaõ e Jozefa Antunes, da Enxabarda
Avós maternos: Manoel Martins, dos Pereiros, São Vicente da Beira, e Jozefa Martins, da Partida, São Vicente da Beira
Data de nascimento: 22/12/1815
Data de batismo: 29/12/1815

José Teodoro Prata

sábado, 11 de julho de 2015

Memórias da Grande Guerra - 100 anos depois

Antonio Matias dos Santos

Foram tempos do diabo, filha, que a guerra é a coisa mais feia que pode haver à face da terra! A gente ouvia dizer coisas, mas nem entendíamos muito bem o que aquilo era. Dizia-se à boca pequena que morria por lá muito homem; que quem ia, não sabia se tornava. Nós éramos rapazes novos, queríamos lá morrer na flor da idade? E ainda por cima numa terra que não era a nossa e ficava lá no quinto dos infernos.
Fiquei órfão de pai e mãe, era ainda cachopo, e sempre disse que havia de me casar cedo. A verdade é que quando assentei praça, já falava para a tua mãe. Estimava-a muito e ela também gostava de mim; até já tínhamos acordado o casamento, assim que eu acabasse a tropa. Quando fui mobilizado para a guerra ainda cheguei a pensar que o mais certo era que nunca chegaríamos a casar, mas depois jurei para mim mesmo que havia de a receber, desse o mundo as voltas desse. Falei com ela, e acordámos tratar dos papéis e casarmos antes de eu abalar para a França.
Convidámos para padrinhos uns irmãos da tua mãe que nessa altura eram sapateiros afamados em Lisboa (diz que até chegaram a fazer sapatos para a rainha D. Amélia) e acertámos o dia com o padre. Eu estava a fazer a recruta em Castelo Branco, no Regimento de Cavalaria e pedi ordem ao comandante para vir à terra. Deram-me vinte e quatro horas, e avisaram-me que se não me apresentasse a tempo era dado como desertor e ia preso. Nesse tempo não havia transportes nem dinheiro e, para virmos de Castelo Branco à terra, só a pé; de modos que na véspera do dia marcado saí do quartel já depois do sol-posto, e foi a noite toda a andar. Quando cá cheguei vinha estafado e cheio de fome, mas até parece que o coração me saltava do peito, de tanto contentamento.
Passei pelo ribeiro para me lavar, e depois passei por casa de um parente a pedir umas botas e um fato emprestados porque os padrinhos não chegaram a tempo e não tinha que vestir nem que calçar. Depois fui chamar o padre e casámos ainda de manhã, na nossa igreja. Mal tive tempo de dar um beijo de despedida à tua mãe porque foi só largar o fato e as botas, comer uma bucha e voltar logo a correr para Castelo Branco. Mas ia feliz! Por um lado, porque tinha realizado o desejo de casar com a mulher que tanto estimava, por outro, porque a deixava amparada: é que, se eu por lá morresse, ela podia herdar a sorte que me coube por morte dos meus pais, e já não tinha precisão de ficar para aí aos caídos deste e daquele.
Antes de embarcar ainda tornei à terra para ver se dormíamos ao menos uma noite juntos, mas ela não quis, e eu respeitei-a. Por causa disto, enquanto por lá andei, mangavam com ela:
- Olha lá, ó Palmira, mas tu és solteira, és casada ou és viúva?
Ela não tinha papas na língua, e respondia assim:
- Eu cá não sou solteira, que já me recebi na igreja; também não sou casada, que não conheci ainda homem nenhum, e viúva muito menos porque, que eu saiba, ele não morreu.
Cá da terra éramos uma mão cheia, os que embarcámos para a França. Fui eu, o Alberto Inês, o Luís Gonzaga e o António Batista que eram irmãos, o Aires da Ti Justa, o António Pelado, o Zé Catrino que era dos Pereiros, o Manuel da Silva, o Fernando Diogo e o Zé Cipriano. Olha, não sei se me está a faltar algum, mas creio que não.
Fizemos a viagem para a França de barco; homens e cavalos, tudo junto. A maior parte de nós nunca tinha andado de barco, nem sequer visto o mar, e íamos agoniados e cheios de medo que aquilo fosse ao fundo. Os cavalos também não iam melhor. Um deles adoeceu e deitaram-no à água; ninguém disse uma palavra, mas todos pensámos que se algum de nós calhasse a adoecer ou a morrer, era também a sorte que nos davam…
Quando chegámos ao destino, ao cabo de mais de uma semana, íamos cansados da viagem e esganados com fome. Ainda cuidámos que à chegada nos dessem alguma coisa que nos consolasse, mas estávamos bem enganados. Aquilo por lá não era melhor do que cá, e o comer era uma miséria. O mais das vezes davam-nos umas bolachas que até parecia que eram feitas de palha, e só as comíamos para não morrer de fome. Um dia fui dar com o Alberto lavado em lágrimas, quase a desfalecer. Perguntei-lhe o que é que ele tinha, e ele tornou-me:
- O que é que eu hei de ter, Antonho? Dói-me tanto o estômado, da fome que tenho, que nem vejo nada em redor!
Parti com ele metade da minha ração e lá se acalmou um bocado. 
A França é uma terra dos diabos. O céu sempre cinzento, só de raro em raro é que víamos o sol. No inverno o frio e a neve eram tantos que a gente enregelava até aos ossos. Os dedos mal os podíamos mexer, sempre engadanhados e cheios de frieiras; às vezes até o bafo parece que gelava. No sítio onde andávamos já não havia nada a que atear fogo para nos aquecermos, e ainda chegámos a roubar carvão dos vagões dos comboios, mas sempre com medo que nos apanhassem e nos dessem algum castigo. Eram o damonho, aqueles comandantes! Sempre inchados, a valerem-se dos galões, não perdoavam nada. Às vezes o desânimo era tanto que nos dava vontade de fazer uma asneira.
Um dia, estávamos a cear, e dabanão vimos o António Batista pôr-se de pé, agarrar na malga do caldo e aventar com ela para o chão. Depois pegou na arma e virou-se para nós com os olhos esbugalhados, a berrar:
- Hoje, quem manda aqui sou eu!
Dizem que estava bêbado, com alguma coisa que lhe tinham dado a beber, mas, cá para mim, foi a guerra que lhe transtornou a cabeça. A verdade é que agarraram logo nele e levaram-no preso. Encafuaram-no numa enxovia que era só lama e formigas; pior do que se fosse um bácoro. Chegavam-lhe qualquer coisa de comer e de beber por uma fisga, e nunca mais viu a luz do dia. Quando receberam a notícia, os pais dele ainda foram ter com o Major da Casa Cunha para ver se podia fazer alguma coisa, mas pelos vistos não mostrou muito empenho em ajudá-los e não mexeu uma palha. Desesperados, empenharam tudo quanto tinham e puseram-se a caminho da França para ver se ainda o encontravam com vida, mas a meio da viagem voltaram para trás, desenganados, porque lhes disseram que o filho já tinha morrido. Bom cachopo, e amigo do seu amigo…
O Zé Cipriano era um dos mais instruídos cá da terra. Os pais tinham alguma coisa de seu e, como só tinham aquele filho, mandaram-no educar pelo padre José Antunes que lhe deu a escola e o ensinou a falar línguas estrangeiras. Por causa disso andava quase sempre ao pé do comandante para servir de intérprete quando tinham que interrogar os prisioneiros. Um dia estavam todos na tenda, o comandante e mais uns oficiais, e cai lá uma granada que mata uma tormenta deles. Os que não morreram fugiram como puderam, e foi o Zé Lopes, que por Deus se salvou, que teve mão nas tropas. Aquilo foi considerado um ato de bravura e promoveram-no a 2º sargento. Quando a guerra acabou fizeram um desfile por uma grande avenida de Paris abaixo, e ele estava na primeira fila; quando cá chegou deram-lhe a medalha da Cruz de Guerra.
Mas morreu por lá muito homem. Diz que ao todo foram algumas duas ou três vezes o povo inteiro de Portugal. Aquilo às vezes até parecia o fim do mundo, com tanto fogo a cair-nos em cima que até ficávamos atordoados. Os que não morriam varados com uma bala, morriam de doenças malignas ou eram eles mesmos que punham termo à vida; e, dos que voltaram, muitos vinham entrevados, sem pernas ou sem braços; outros vinham esgazeadinhos de todo.  
O nosso maior medo era morrer e ficarmos enterrados por lá, nas valas que nós mesmos éramos obrigados a abrir. Sempre que víamos tombar alguém, pensávamos logo que a seguir podia ser um de nós, e os que éramos mandados a abrir as valas dizíamos muitas vezes que podíamos estar a cavar a nossa própria sepultura; às vezes era verdade… 
Como se não bastasse o resto, as saudades da família apertavam cada vez mais, à medida que o tempo passava. As notícias da terra eram poucas, e nos dias asselanados fartava-se a gente de chorar, especialmente no Natal e na festa do Senhor Santo Cristo. Quando o António Pelado nos via assim, voltava-se para nós e punha-se a cantar:

Soldado que vais p’ra guerra,
Vais deixar a tua terra,
O cantinho do teu lar;
Tantas mágoas te consomem,
Mas não choras porque és homem,
E é feio um homem chorar.

Mas ele também chorava, que a gente bem lhe via os olhos a arrasarem-se-lhe de água…
Uma vez, nas vésperas do Natal, o Luís Gonzaga apareceu-nos lá com uma pouca de farinha e uns ovos. Fizemos filhós. Não ficaram como as que estávamos avezados a comer na nossa terra, mas foi como se estivéssemos a comer a melhor coisa do mundo. À falta do madeiro para a fogueira apanhámos um braçado de carapeteiro bravo, que havia por lá muito, ateámos-lhe fogo e cantámos O Meu Menino Jesus. Foi só um arremedo do Natal da nossa terra, mas sentimo-nos um pouco mais aconchegados, apesar do caramelo da noite.
Um dia, já andávamos desacorçoadinhos de todo, chegou lá a notícia de que a Nossa Senhora tinha aparecido em Fátima e que tinha dito que a guerra ia acabar. Até chorámos de alegria e rezámos ao Senhor Santo Cristo a pedir que nos deixasse regressar todos, sãos e salvos, a casa. Ele ouviu-nos e, fora o infeliz do António Batista, voltámos todos ao nosso cantinho.
Como agradecimento, quando cá chegámos, juntámo-nos todos e oferecemos-lhe um pálio, todo bordado a ouro, comprado com o dinheiro dos fios e dos brincos que as mães duns e as mulheres doutros venderam. Tinha seis varas e foi o mais lindo que o Santo Cristo alguma vez teve!
Também pude, finalmente, fazer da tua mãe uma mulher casada como é dado, e tu nasceste ao cabo de um ano. A coisa mais linda que Deus pôs à face da terra!

Nota: Esta história foi escrita com base nas memórias que a Ti Lurdes Barroso guarda do que ouvia contar ao pai, o senhor António Matias dos Santos, sobre a Grande Guerra. A Ti Felicidade, o Ti Albino e a Zulmira (Fadista) também deram alguma ajuda.
A lista dos soldados mobilizados para França pode não estar completa, porque me referiram outros nomes que não pude confirmar.
Para além dos soldados que combateram em França, houve outros que foram mobilizados para África. Foi o caso de Agostinho Miguel (o Sargento) e Francisco Candeias que estiveram em Moçambique. O Ti Albino, filho do Senhor Agostinho, contou-me que o pai também tinha sido educado pelo padre José Antunes. Chegou a sargento e tinha vontade de seguir a carreira militar, mas teve que desistir porque o comandante da companhia tinha enganado a criada e queria que ele casasse com ela. Ele, que já namorava uma rapariga (a mais linda cá da terra), negou-se e, por causa disso, começou a ser perseguido pelo superior. Com medo, abandonou a tropa e, como vingança, o comandante fez com que não lhe fosse atribuída a pensão a que tinha direito. Só começou a recebê-la já quase no fim da vida.
Quanto ao pálio oferecido pelos soldados ao Senhor Santo Cristo, parece que desapareceu da Igreja da Misericórdia, passados alguns anos.
Teria sido interessante apresentar alguns documentos dessa época, mas parece que resta pouca coisa e o que existe está na posse de familiares dispersos pelo mundo. Disseram-me que o GEGA também tem algumas fotografias e outra documentação desses tempos, mas, apesar da insistência, não consegui ter acesso a eles. Valeram-me a Ti Lurdes Barroso e a Maria José Agostinho, neta do senhor Alberto Inês, que, generosamente, me cederam tudo o que tinham.

M. L. Ferreira

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Terra linda



Pus-me um dia a percorrer
Este nosso Portugal
Vi, admirei, comi, neste paraíso sem igual
Nunca vi terra mais linda, podem crer

Comecei por visitar o Minho
Sempre fresco e verdejante
Bebi binho berde, que refrescante
E os belos trajes de Biana feitos de linho

Vi Braga com suas igrejas
E o Bom Jesus lá no alto, onde fiz uma visita
Melhor é ver; contado, ninguém acredita
Um letreiro dizia. Bem-Vindo Sejas

Em Trás os Montes e Alto Douro
Encontrei muitas vinhas
Numa adega comprei umas garrafinhas
Em casa tenho guardado este tesouro

Porto bela cidade
És a capital do norte
Cidade da torre dos clérigos, que sorte
Orgulhosa, trabalhadora, terra de liberdade

Beira Alta está dividida
Pela Guarda e por Viseu
Uma tem o Dão e o Viriato que lá viveu
A Guarda com sua Sé tão bela e querida

Coimbra da universidade
Pelo rio Mondego é banhada
Terra de estudantes, cidade engraçada
Sé velha, Portugal dos pequeninos, uma novidade

Aveiro, terra dos moliceiros e da ria
Dos ovos-moles e dos canais
Vi muitos barcos nos cais
Podem crer, também lá vivia

Castelo Branco e o seu jardim
Cova da Beira e suas cerejeiras
Doces...são as primeiras
Egitânia, São Vicente, Alpedrinha, nunca vi nada assim

Leiria e o seu castelo
Fátima e o seu santuário
Batalha, Alcobaça, terras do rosário
Aqui tudo é belo

Terra de lezírias, Santarém
Dos touros e das touradas
Forcados, cavaleiros e garraiadas
E o grande rio logo além

Lisboa e o seu castelo lá no morro
Jerónimos, São Vicente e Belém
Ruas estreitinhas que cheiram bem
Onde viveu muito mouro

Setúbal com suas praias e o seu rio
Onde os golfinhos se vêm a saltar
Terra do Bocage, e do bom peixe do mar
Troia, Figueirinha, que desafio

Portalegre e as suas tapeçarias
Do Régio, de São Mamede sua serra
Branquinha, que linda terra
Também tem boas iguarias

Évora, cidade museu, cidade antiga
Diana, Giraldo, Sé e São Francisco
Torresmos, gaspacho, que bom petisco
As costas vos vou virando minha amiga

Beja, cidade da Soror Mariana
Já foste celeiro de Portugal
Plana, não conheço outra igual
Pax Júlia, a romana

Algarve, terra de praias, de areais sem fim
Do turismo internacional
Não há outra em Portugal
Nunca vi praias assim

Existe uma pérola no meio do mar
Madeira não tens rival
Tua linda cidade do Funchal
Quem me dera lá estar

As ilhas açoreanas descobertas desde Sagres
Com os seus prados verdejantes
Terra de muitos emigrantes
E do Senhor Santo Cristo dos milagres

De tudo quanto vi e observei
Cheguei à conclusão
Por mais que viva ou viverei
Não encontro assim outro Chão

Zé da Villa

segunda-feira, 6 de julho de 2015

LUGARES AONDE SE TORNA – 5



A noite em que o mundo esteve para acabar
Para a tia Maria da Luz, que não apreciou No tempo dos avós mais velhos, por não falar dos Nicolaus.

Francisco Matias só se decidiu quando viu passar à sua porta o Francisco Nicolau, com o rebanho da família à frente. Eram os últimos do Casal e da Charneca que rumavam à igreja, em horas tão impróprias. Na vila e a toda a roda, nas casas, só os animais. “Se o F’cisco Nicolau também aí vai, é mesmo o fim do mundo. Anda!”, disse o Matias para a mulher, que se tinha levantado da cama ao primeiro alarme, na rua, da proximidade do juízo final. Ela insistira, então, que fossem para a igreja, como os demais, mas ele, ainda atordoado do sono, mandou-a calar.
Na igreja, completamente à cunha quando chegaram, rezava-se o terço. Era assim há mais de uma hora, em sessão contínua, um terço a seguir ao outro. Os primeiros a chegar não faziam ideia de quantos rosários tinham rezado; nem isso os interessava! Como não sabiam, quantos rezavam, porque o faziam – reclamavam a misericórdia divina, neste mundo ou no outro, tão perto afinal um estava do outro. E rezavam, rezavam, “venha a nós o Vosso reino”, “tende piedade de nós”, “seja feita a vossa vontade”, “perdoai as nossas ofensas”; num canto, junto do altar lateral, encostado ao Cabanão, alguns crentes tinham lançado o mote, cantado, da “Mater dolorosa” em latinório beirão, mas desistiram ao verificar que ninguém os seguia; mais que um lamentou não saber os Martírios, considerando a sua utilidade prática em momento de tamanho aperto. Aqui e ali, em exercícios individuais, rezava-se ao santo da devoção de cada um. E invocava-se a Virgem – a Senhora do Carmo, da Orada, de Fátima, da Conceição, enfim, a Virgem Maria, Mãe de Deus em todas as declinações conhecidas daquela gente simples, que a angústia do fim do mundo juntara na igreja matriz de São Vicente.
Acabando o mundo naquela noite improvável de Janeiro de 1938, ao apresentar-se a julgamento no outro mundo, Francisco Nicolau prestaria contas de 60 anos vividos em São Vicente. O pai, José, deixara-lhe o sobrenome, a profissão e, muito provavelmente, a visão do mundo. Era homem dos diabos, dizem, o Francisco – num domingo de Inverno, bêbado, por algum mal-entendido, agarrou na sua Maria em braços (se ela era uma mulherona!), para a deitar à enchente da ribeira do Ramalhoso, em frente do lagar da Casa Conde, onde também era a fábrica da farinha. Estivera à morte em duas ocasiões, já a caldos de galinha e pão trigo; requisitada de urgência a extrema-unção, das duas vezes o padre Tomás foi encontrá-lo já a cavar na horta do lameiro que depois foi do Mesquita. Ninguém lhe tirava da cabeça que é mau sinal quando os padres chegam a tempo.
Na genealogia, averbam a Francisco uma ascendente, Ana Nicolau, que o tribunal da Inquisição perseguiu nos primeiros anos do século XVIII, acusada de ser bruxa – um assunto a investigar. Estando certa a genealogia, ficará mesmo assim por confirmar se foi obra da bruxa não terem dado nenhum padre as quatro vocações de elevado potencial, geradas pela família depois da II Guerra Mundial, ou se, mais plausível, foram as fracas convicções religiosas de Francisco Nicolau, reduzidas a uma prática mínima, na fronteira do censurável, que mataram no ovo as vocações dos netos. Por isso, também por isso, ainda era mais duvidoso que os sinais do fim do mundo o tivessem levado à igreja!
Nessa noite o céu fizera-se todo vermelho quando anoiteceu. E ficou assim, sem mudança, o escuro da noite de Janeiro transformado numa coisa para lá do entendimento daquela gente simples. Subitamente, tinha-se propagado uma explicação: “o céu ficou encarnado porque explodiu a fábrica do fermento!”. E, enquanto uns se davam a averiguações sobre se o fermento do pão é vermelho, outros, igualmente realistas, mantendo a tese da explosão, identificavam “uma fábrica de colorau, para os lados da fronteira”, ou algum efeito da guerra civil, em Espanha. Mas não, nenhuma destas explicações resistiu ao critério da fé, ganhando força a interpretação de se tratar do sinal do fim dos tempos, versão rapidamente adoptada por todos, que o vermelho do céu, entre outras desgraças, evocava as chamas do Inferno!
Na igreja de São Vicente, como noutras, sob o céu vermelho, rezava-se e chorava-se; decerto, já todos se tinham arrependido dos próprios pecados, e muitas mulheres, não fosse faltar-lhes o tempo, tinham-se despedido das mães e dos filhos, os homens, encolhidos no fundo da igreja, alguns, como Francisco Nicolau, ainda indecisos sobre o santo mais adequado a invocar, provavelmente rezavam. Já ninguém discutia se o fim do mundo seria por água ou pelo fogo – todos julgavam saber a resposta.
Um certo movimento, à altura do transepto, acabou por perturbar a tragédia que ali se vivia. Alguém que entrara, preparava-se para falar aos condenados ali reunidos. As vozes e os sinais pedindo silêncio avançaram, como um raio, até ao fundo da matriz. Um homem que todos conheciam falou então a todos aqueles desgraçados: “Não é nada, vão lá para casa. O professor José Miguel esteve a ler num livro, isto não é o fim do mundo – é uma aurora boreal!”

José Miguel Teodoro