quinta-feira, 9 de julho de 2015

Terra linda



Pus-me um dia a percorrer
Este nosso Portugal
Vi, admirei, comi, neste paraíso sem igual
Nunca vi terra mais linda, podem crer

Comecei por visitar o Minho
Sempre fresco e verdejante
Bebi binho berde, que refrescante
E os belos trajes de Biana feitos de linho

Vi Braga com suas igrejas
E o Bom Jesus lá no alto, onde fiz uma visita
Melhor é ver; contado, ninguém acredita
Um letreiro dizia. Bem-Vindo Sejas

Em Trás os Montes e Alto Douro
Encontrei muitas vinhas
Numa adega comprei umas garrafinhas
Em casa tenho guardado este tesouro

Porto bela cidade
És a capital do norte
Cidade da torre dos clérigos, que sorte
Orgulhosa, trabalhadora, terra de liberdade

Beira Alta está dividida
Pela Guarda e por Viseu
Uma tem o Dão e o Viriato que lá viveu
A Guarda com sua Sé tão bela e querida

Coimbra da universidade
Pelo rio Mondego é banhada
Terra de estudantes, cidade engraçada
Sé velha, Portugal dos pequeninos, uma novidade

Aveiro, terra dos moliceiros e da ria
Dos ovos-moles e dos canais
Vi muitos barcos nos cais
Podem crer, também lá vivia

Castelo Branco e o seu jardim
Cova da Beira e suas cerejeiras
Doces...são as primeiras
Egitânia, São Vicente, Alpedrinha, nunca vi nada assim

Leiria e o seu castelo
Fátima e o seu santuário
Batalha, Alcobaça, terras do rosário
Aqui tudo é belo

Terra de lezírias, Santarém
Dos touros e das touradas
Forcados, cavaleiros e garraiadas
E o grande rio logo além

Lisboa e o seu castelo lá no morro
Jerónimos, São Vicente e Belém
Ruas estreitinhas que cheiram bem
Onde viveu muito mouro

Setúbal com suas praias e o seu rio
Onde os golfinhos se vêm a saltar
Terra do Bocage, e do bom peixe do mar
Troia, Figueirinha, que desafio

Portalegre e as suas tapeçarias
Do Régio, de São Mamede sua serra
Branquinha, que linda terra
Também tem boas iguarias

Évora, cidade museu, cidade antiga
Diana, Giraldo, Sé e São Francisco
Torresmos, gaspacho, que bom petisco
As costas vos vou virando minha amiga

Beja, cidade da Soror Mariana
Já foste celeiro de Portugal
Plana, não conheço outra igual
Pax Júlia, a romana

Algarve, terra de praias, de areais sem fim
Do turismo internacional
Não há outra em Portugal
Nunca vi praias assim

Existe uma pérola no meio do mar
Madeira não tens rival
Tua linda cidade do Funchal
Quem me dera lá estar

As ilhas açoreanas descobertas desde Sagres
Com os seus prados verdejantes
Terra de muitos emigrantes
E do Senhor Santo Cristo dos milagres

De tudo quanto vi e observei
Cheguei à conclusão
Por mais que viva ou viverei
Não encontro assim outro Chão

Zé da Villa

5 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia, sou leitor assíduo do seu blog, e como sei que o senhor Teodoro Prata é professor de história gostava de lhe colocar uma questão, li num site que S. Vicente mentem ainda o estatuto de vila apesar de ter deixado de ser sede de Concelho desde 1895, a minha questão é, terão as outras localidades também mantido o estatuto de vila após deixarem de ser cabeça de conselho? ou deve-se à conjuntura económica e social atual que SVB se mantém vila?, sendo assim as Sarzedas, Atalaia do Campo, Castelo Novo, e muitas outras localidades em Idanha-a-Nova matem-se vilas? é que nos seus brasões autuais conservam as "4 torres" de vila.

Seria possível esclarecer esta minha dúvida?

José Teodoro Prata disse...

Embora correndo o riso de ofender alguns vicentinos mais bairristas, sobretudo o autor do poema acima, vou-lhe dizer o que sei:
1. Uso o termo Vila como sinónimo de São Vicente da Beira, porque era assim que a designava quando lá vivi, nos anos 60 e 70 do século passado, e é assim que a povoação é designada na documentação dos séculos XVIII e XIX que consulto.
2. Penso que a extinção dos concelhos das povoações que refere pôs fim ao título de Vila, só se mantendo no caso de Idanha, pois continua a ser sede de concelho.
3. Mas contra esta minha opinião está o facto de todos os símbolos heráldicos atualmente em rigor nestas antigas vilas terem sido aprovados por uma comissão oficial, a Comissão de Heráldica da Associação dos Arquitectos Portugueses. Sem o seu parecer positivo, nenhum destes emblemas teria sido apresentado oficialmente.
4. Acho que a Soalheira e Alcains também conseguiram o título de Vila. Desconheço o que é necessário para o ter e desconfio de algum porreirismo nas decisões, assim como nas do comissão acima referida. E Idanha-a-Velha, ainda é cidade? Foi enorme, nos períodos romano e visigótico...
5. Conclusão: não tenho certeza de nada, nem me preocupo em ter, mas gosto de chamar Vila à minha terra, porque sempre foi assim que a chamei. É uma questão afetiva...

Anônimo disse...

Obrigado pelo esclarecimento, o que mais me intriga de facto são os brasões manterem as "4 torres" mesmo após a modernização recente na heráldica, no entanto algumas das localidades foram alteradas para aldeias contendo apenas "3 torres" nos seus brasões é o caso de Póvoa de Rio de Moinhos que também foi sede de Concelho.

No diz respeito a elevação de localidades as vilas, atualmente essa elevação deve-se a vários factores, como a população (tendo de ter como um certo nº mínimo de habitantes), possuir estabelecimento de ensino, saúde, transporte e etc. sendo que algumas localidades foram elevadas a vilas tendo cumprido esses requisitos (exemplos de Alcains em 1971, Silvares em 1995 e a Soalheira em 1997), e acho que S. Vicente tem atualmente muito boas condições para a ter estatuto de vila, o que me interroga é se outras localidades mais pequenas que foram também vilas, como Castelo Novo ou Bemposta, têm ainda o estuto de vilas, porque pelo sue brasão ainda o são.

Lúcio Sousa disse...

No fundo a causa da heráldica é que confunde tudo, Póvoa de Rio de Moinhos é a única excepção de uma localidade que foi vila sede de concelho e que mudou o brasão para aldeia

Anônimo disse...

...São Vicente é uma vila que bem merece esta distinção, uma vila que cuida da sua história, que recolhe os despojos do seu passado
"A Alma e a Gente" professor José Hermano Saraiva.
-São Vicente da Beira é uma vila das mais antigas de Portugal,por razões da baixa politica (como disse Hipólito Raposo)O seu concelho que manteve durante setecentos anos; "1195/1895" foi suprimido no dia 7 de Setembro de 1895.
-Para além do concelho vicentino na nossa região extinguiram também os concelhos de Bemonte, Vila Velha de Ródão e Vila de Rei.Cerca de dois anos depois foram restaurados.
-O administrador da vila foi chamado a Castelo Branco onde o informaram que o concelho podia voltar para São Vicente. "não faz lá falta nenhuma"(confidenciou-me o senhor Joaquim Teodoro em 1993)se foi verdade...
Intereses locais e não só
A última grande reforma administrativa aconteceu precisamente em 1895
Nos nossos dias os governantes agruparam algumas freguesias
Com a desertificação de vastas zonas do território, o envelhecimento das populações,a natalidade baixa ou nula, vai haver concelhos que se extinguirão mais tarde ou mais cedo. A acontecer,essas ridentes e históricas vilas perdem o estatuto de vila!!!
J.M.S