terça-feira, 25 de setembro de 2018

A nossa praça



Foi sempre bonita a nossa Praça! A da nossa infância, como nos lembra a publicação anterior, e a atual, da idade mais madura.
Era assim o aspeto dela no sábado à noite, para receber o Festival de Bombos.
À medida que os vários grupos (salvo erro eram uns nove ou dez, todos diferentes, mas todos muito bons) foram chegando, as pessoas começaram a juntar-se e a Praça quase encheu; e valeu a pena. Foi um dos momentos altos da “Agenda cultural” da nossa terra.
Parabéns aos organizadores!

M. L. Ferreira

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Poesia BIO



APRENDER A FAZER ALGO

I
Tinha linhas e agulha,
Mas faltava-me o modelo.
Saí ao meu quintal e vi
Uma aranha bem ocupada
E zás, a obra bem acabada.

II
Peguei nas linhas na agulha.
E segui o desenho.
Fiz um tal naperon, em teia bem acabado.
E em cima da mesa, muito bem representado.

III
Outro dia sentei-me, um pouco para descansar.
Então vi um formigueiro e formigas a passar.
Umas iam outras vinham, lá ao seu formigueiro.
E todo o santo dia, trabalham sem parar.

IV
Mas quem não viu já,
Um carreiro de formigas?
Mas olhem, reparem bem,
As que vão ao formigueiro.
E as que dele vêm,
Para contar com a outra.
Alguma coisa já tem.

V
Até é, como que se beijam.
Eu fiquei admirada,
Quando as olhei e vi,
Naquele banco sentada.
A natureza tanto tem para nos dar,
É um livro aberto,
Onde se estende o olhar.

Maria Ascensão Candeias dos Santos

Adelino Costa

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Mais biodiversidade


Há dez anos, após algum tempo sem gente a viver aqui, o meu quintal era um paraíso para todo o género de bicharada. Sempre que cá vinha passar uns dias era frequente cruzar-me com cobras, lagartos, ouriços, sapos, morcegos, para além de muitas espécie de pássaros e insetos.
Depois que me instalei por cá definitivamente, a maior parte das espécies foram desaparecendo. Até as andorinhas, que durante algum tempo ainda fizeram ninhos por baixo da varanda, nos dois últimos anos deixaram de aparecer.
Mas há sempre quem se aproveite, que a crise da habitação chega a todos, e um dos ninhos foi aproveitado por um casal de “Okupas” que choca pelo menos duas ninhadas por época.


Nesta nasceram três crias, mas na anterior tinha nascido cinco.


Durante o choco o pai pouco apareceu, mas depois, sempre atento e cauteloso, andou numa fona para alimentar os filhos, sempre de bico aberto à espera de comida.
 Restam ainda muitos pardais e alguns melros, que partilham comigo as cerejas e os figos e me alegram as manhãs.
Mas uma noite destas, nem queria acreditar: avistei um sapo a passear-se calmamente sobre a relva.


  
E uns dias depois avistei outro, bem mais velho, na horta. Fiquei à espreita e, ao fim dum bocado, já de papo cheio, vi-o “correr” a esconder-se no buraco de uma oliveira, ali perto.  
Estas alterações no meu quintal são uma gota de água no oceano, mas têm-me feito pensar em como a presença humana, só por si, pode causar desequilíbrios enormes na natureza e levar ao desaparecimento de muitas espécies animais. Mas as últimas aparições dão-me a esperança de ainda ver regressar alguns dos outros bichos que já por aqui andavam antes de mim, mas, inconscientemente, desalojei.
Pode ser também que ainda vejamos regressar os coelhos, os esquilos, as raposas e várias outras espécies que ainda há pouco tempo abundavam por cá, mas que estão em risco de desaparecer por efeito dos descuidos ou maldade dos humanos.

M. L. Ferreira