Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para dosenxidrosgardunha@gmail.com
segunda-feira, 7 de janeiro de 2019
quinta-feira, 3 de janeiro de 2019
Da oliveira ao azeite
A oliveira, talvez a par da azinheira e do
sobreiro, é das árvores mais bonitas de Portugal. Será também das mais antigas,
com maior simbolismo e das que mais tem contribuído para a economia doméstica e
do País.
Mapa de implantação da
oliveira no período romano:
zonas de cultivo (a verde claro), rotas de
transporte (setas) e principais portos de tráfego (pontos pretos)
Foram os Romanos que desenvolveram o cultivo da
oliveira na bacia do mediterrâneo, mas, muito antes deles, já existiam olivais
em várias regiões, principalmente no Médio Oriente, Grécia, Itália, e Espanha,
talvez trazidas pelos Fenícios. Existiriam também em Portugal muitos anos antes
da chegada dos Romanos, uma vez que, métodos inovadores de datação das oliveiras,
permitiu identificar vários exemplares com mais de 2000 anos, a maioria no
Alentejo, mas na freguesia de Mouriscas foi identificada uma com 3350 anos.
Será a oliveira mais velha de Portugal.
Não precisamos de andar muito para percebermos
que também no território do que foi o antigo concelho de São Vicente da Beira,
os olivais existiram desde há muitos séculos. A prová-lo estão alguns
exemplares, belíssimos, que nos enchem de espanto e respeito só de olharmos
para eles e imaginarmos as muitas gerações que já alumiaram e a quem temperaram
o prato.
Algumas têm o tronco tão carcomido que parece
impossível que consigam manter-se em pé, e suportarem e alimentarem os ramos
que continuam a dar fruto (parece que uma das características das oliveiras que
explica a sua longevidade é o facto de desenvolverem raízes aéreas e camadas à
superfície do tronco, que substituem as que vão morrendo no interior).
Provam-no também os muitos lagares que existiram, até há pouco tempo, ao longo
da nossa Ribeira.
Seriam ainda uns sete ou oito em meados do
século XX. Não paravam durante todo o inverno, dia e noite a moer, enquanto
durasse a apanha da azeitona, que era transportada em carros de bois de quase
toda a freguesia.
A primeira operação no processo de transformação
da azeitona em azeite era a moagem: a azeitona era deitada no pio, um
recipiente com capacidade para cerca de 500 kg, sendo depois triturada pelas
galgas, duas mós de granito com 5 toneladas cada uma.
Depois de moída a azeitona, a pasta obtida era
colocada sobre seiras (ou ceiras?) que eram sobrepostas em camadas e depois
espremidas através da prensagem. O líquido obtido era uma mistura de azeite,
água a muitas impurezas que era transferida para a tarefa, um recipiente onde era
adicionada água muito quente. O azeite, menos denso, vinha à tona, e a água e
as impurezas, que ficavam no fundo, eram rejeitadas. Agarrado às seiras ficava
o bagaço, composto pela maior parte do caroço e pele da azeitona.
Para completar o processo, o azeite era
colocado numa máquina que, girando a alta velocidade, centrifugava o azeite, eliminando
completamente a água. O azeite ficava, finalmente, pronto a ser consumido.
VERDE FOI MEU NASCIMENTO
MAS DE LUTO ME VESTI
PARA DAR A LUZ AO MUNDO
MIL TORMENTOS PADECI
Exemplos de antigos
mecanismos de moagem da azeitona (gravura recolhida no Museu do Azeite de
Belmonte)
A produção do azeite, desde a apanha da
azeitona até ao produto final, era bastante penosa até há pouco tempo.
Atualmente, com a introdução de tecnologias mais modernas e de outras espécies
de oliveiras, todo o processo ficou mais facilitado. Dizem que o azeite não é
tão bom, mas talvez seja exagero. A verdade é que, sendo Portugal um país
pequeno, está atualmente entre os principais produtores de azeite, em
quantidade e qualidade, devido à introdução dessas tecnologias e novas
plantações. A desvantagem é que os novos olivais nunca chegarão a atingir a
beleza e a resistência dos mais antigos (parece que a sua vida útil não
ultrapassa muito as duas décadas). Mas a função das oliveiras também não é
serem bonitas. O pior é se, dentro de algum tempo, as velhinhas se tornam
apenas árvores decorativas de jardins e rotundas.
M. L. Ferreira
terça-feira, 1 de janeiro de 2019
10.º aniversário
Foi há 10 anos que esta aventura começou!
10 anos é muito tempo, muitos dias e muitas horas a blogar, como cantava Paulo de Carvalho.
E o imediatismo deste mundo online e global impõe-nos mudanças.
É preciso que algo mude para que continuemos.
Alterámos o texto do cabeçalho do blogue e iniciámos o que pretendemos seja a série II.
Os até agora colaboradores, no sentido correto e antigo do termo, passam a ser administradores, podendo publicar os seus artigos e gerir o blogue.
É o reforço do espírito de equipa que sempre esteve presente n´Os Enxidros.
Faço votos para que esta nova vida do blogue permita estreitar a relação dos sanvicentinos com a sua vida comunitária, com o seu património.
Venham mais 10!
Bom Ano Novo para todos vós.
José Teodoro Prata
10 anos é muito tempo, muitos dias e muitas horas a blogar, como cantava Paulo de Carvalho.
E o imediatismo deste mundo online e global impõe-nos mudanças.
É preciso que algo mude para que continuemos.
Alterámos o texto do cabeçalho do blogue e iniciámos o que pretendemos seja a série II.
Os até agora colaboradores, no sentido correto e antigo do termo, passam a ser administradores, podendo publicar os seus artigos e gerir o blogue.
É o reforço do espírito de equipa que sempre esteve presente n´Os Enxidros.
Faço votos para que esta nova vida do blogue permita estreitar a relação dos sanvicentinos com a sua vida comunitária, com o seu património.
Venham mais 10!
Bom Ano Novo para todos vós.
José Teodoro Prata
segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
A Torre de Centocelas
Quem
vai da Covilhã para a Guarda pela EN 18, pouco depois de passar o cruzamento de
Belmonte, encontra a indicação para este extraordinário e enigmático monumento,
rodeado por vestígios do que seriam casas de habitação.
O
mistério que envolveu esta construção deu origem a uma lenda que conta que
havia ali um rei mouro que tinha uma filha por quem se tinham apaixonado dois
bravos homens. Para testar o verdadeiro interesse e força dos pretendentes, o
rei mandou que um deles construísse uma torre com tantas janelas quantos os
dias do anos; ao outro que fizesse um encanamento com água vinda da Guarda. O primeiro
a acabar teria a bênção do rei para casar com a princesa. Dizem que foi o que
construiu o castelo que terminou a obra mais cedo; por sorte também aquele de
quem a princesa gostava mais…
Se
atualmente não haverá muitas dúvidas quanto à origem e data aproximada de
construção deste monumento, colocam-se ainda várias hipóteses quanto à sua
função inicial e à que teve depois ao longo do tempo: palácio, prisão (teria
100 celas e daí a origem do nome), estalagem (passava por ali a estrada romana
que ligava Mérida a Braga e seria habitual construir este tipo de edifícios ao
longo do caminho), fortaleza, etc.
Neste
link https://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_de_Centocelas
há mais informação sobre aquele lugar, mas o melhor é ir até lá. À volta de
Belmonte existem muitos locais de grande e variado interesse que, por mais que
os visitemos, continuam a surpreender-nos.
M.
L. Ferreira
domingo, 30 de dezembro de 2018
O regresso dos corvos
Os fogos não trouxeram só a devastação do momento e a consequente praga de eucaliptos e mimoseiras de que aqui já falámos. Não foram só coisas más.
Sempre me lembro de haver corvos no Carvalhal Redondo, na orla do pinhal do Cabeço do Pisco. Mas eles partiram pouco tempo antes do recente incêndio, quando a vegetação tapou por completo os espaços abertos. A última vez que os vira eram seis belos exemplares.
O fogo limpou tudo e ei-los de volta. Agora são só quatro, mas enriquecem igualmente a paisagem. Por quanto tempo?
José Teodoro Prata
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
Epifania
Na Índia o rei Gaspar
viu uma estrela fulgente,
esplendorosa, diferente
não parava de brilhar
Mas que astro tão brilhante!
Indagou o rei da Pérsia Melchior
luminoso, interessante
diferente dos outros, maior
Na Arábia o rei Baltazar
o mesmo fenómeno presenciou,
seu camelo montou
seguiu a estrela que parecia andar
Quando chegaram a Jerusalém
rei Herodes visitaram
no seu palácio entraram…
Quero adorar o Menino também
Na cidade de
Belém,
Deus Menino adoraram
ouro, incenso e mirra ofertaram,
entregaram os presentes à sua mãe
No regresso, ouviram uma voz que dizia
no palácio não entreis.
Obedeceram os três reis
e seguiram outra via
O tetrarca enraivecido
mandou os meninos matar,
soldados procuravam em todo lugar
na esperança de eliminarem o Ungido
Na cidade de Nazaré
um vizinho curioso.
Que Menino tão formoso;
filho de Maria e José
Zé da Villa
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