quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Os nomes das terras

Uma vez por outra, apresento neste blogue os nomes das terras com uma escrita um pouco diferente da atual, pois é assim que os encontro escritos na documentação dos séculos XVIII e XIX. Aqui deixo uma síntese destes casos:

Louriçais - O termo surge sobretudo na documentação até meados do século XVIII e designa o Louriçal do Campo. Não sei se a palavra englobava os núcleos populacionais do Louriçal e da Torre, se do Louriçal e do Casalinho (este ligado atualmente ao Louriçal) ou se designava apenas vários núcleos de loureiros ali existentes, sendo uma outra forma de escrever o coletivo que a palavra Louriçal já faz.

Soveral - Na segunda metade do século XVIII já aparece Sobral, mas ainda predomina o Soveral ou Sovral. Depois trocou-se o v pelo b e ficou Sobral (do Campo).

Vale de Figueiras - Ou antes, Val de Figueiras, pois no passado não tinha o e no final (por isso é natural escrever Valcovo sem o e). Depois acrescentámos o e, tirámos o s e ficou Vale de Figueira.

Peradanta - Também aparece Pradanta. O nome da povoação virá de Pedra de Anta, de uma anta (cemitério neolítico ou posterior) ali existente.

Terpeiro - Às vezes também aparece Trepeiro, mas raramente Tripeiro. Esta palavra Terpeiro abre novas hipóteses sobre a origem do nome desta povoação.

Engarnal - Há uns anos, um natural do Engarnal protestou, na publicação Estrada Nova, por eu escrever Engarnal em vez de Ingarnal.  A verdade é que a documentação antiga traz sempre Engarnal e nunca Ingarnal.

Curiosidade:
Casal, monte, povoação, vila ou cidade? A documentação antiga antecedia o nome da terra com um destes termos, dependendo do seu tamanho: de casal, com 1 a 5 casas, até cidade, com muitas habitações, comércio e instituições do poder. O Casal da Serra era a exceção, pois tinha o tamanho de um monte, mas casal no nome.

Nota:
Fui a São Vicente no sábado, mas depois tive de me ausentar da região. As Festas de Verão anunciavam-se valentes, com boa organização, melhor programa e muita gente. O tempo é que terá estado demasiado agradável para a despesa de cerveja na verbena!

José Teodoro Prata

Um comentário:

Anônimo disse...

Bons exemplos do dinamismo da Língua Portuguesa e bons argumentos para a defesa do último acordo ortográfico, tão contestado por muitos.
Imaginemos que tudo continuava assim: « Os breves romances e narrativas contidos neste volume foram impressos, em epochas mais ou menos remotas, nas duas publicações periódicas o Panorama e a Ilustração, bem como o foram neste ou em outros jornaes os que têm de formar o segundo volume das Lendas e Narrativas, collecção que, se trabalhos mais arduos o consentirem, será continuada com alguns outros, apenas esboçados ou ineditos, no todo ou em parte, que ainda restam entre os manuscriptos do auctor…» (Alexandre Herculano – Lendas e Narrativas - Tomo I). A edição não tem data, mas não será tão antiga quanto isso…

Quanto às Festas de Verão, fizeram-me lembrar as de antigamente. A Praça, à noite, esteve bem composta e a verbena concorrida. Só a igreja é que não encheu e a procissão do Senhor Santo Cristo mal chegou da Praça à Fonte Velha. Faltavam lá muitos dos nossos pais, dos nossos filhos e alguns de nós…

M. L. Ferreira